quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

No Museu Oscar Niemeyer, fotografias de Haruo Ohara

Como homem da terra, Haruo Ohara (1909-1999) cultivou o campo e com sensibilidade utilizou a fotografia para registrar a luz para construir formas abstratas a partir de volumes e texturas de objetos e da natureza presentes em seu dia-a-dia. Produziu também marcantes imagens documentais e humanistas da família, da região e de seu trabalho associado à abertura da nova fronteira agrícola no Norte do Paraná.
Com o apoio do Governo do Paraná e da CEF, a mostra reúne no MON 150 fotografias em preto e branco produzidas por Haruo Ohara entre os anos de 1940 e 1970. Apontado entre um dos mais importantes nomes da fotografia brasileira, da segunda metade do século 20, esta seleção integra o acervo com mais de 18 mil negativos do Instituto Moreira Salles.
Da mesma maneira que os frutos da terra, as fotografias produzidas por Haruo e reunidas nesta exposição também exigiram seu próprio tempo de processamento e maturação. A emoção do fotógrafo em ver sua intuição de uma determinada cena lentamente materializando-se no papel fotográfico, processado na penumbra do laboratório, certamente foi semelhante à emoção do lavrador Haruo, que, na luz atenuada do amanhecer ou do entardecer, contemplava o esforço de seu trabalho desabrochando em flor e fruto em seus campos cultivados.
O trabalho de Haruo aponta para o fato de que, mesmo em um momento de forte transformação e aceleração tecnológica – a urbanização crescente do Brasil na época –, talvez apenas o tempo real de maturação das flores, frutos e filhos, fortemente representados em sua obra fotográfica, seja também o tempo real e necessário para a criação artística. Essa insistente sinalização para o verdadeiro ciclo da vida e da terra, com seus ritmos ancestrais, é o seu principal legado.

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