sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

No cinema: Um Lugar Qualquer

A primeira cena de Um Lugar Qualquer é de uma simplicidade tão grande quanto a complexidade que ela representa. Um homem, numa Ferrari preta, dá diversas voltas numa pista circular. A câmera está parada e meio deslocada para o canto. Depois de um tempo, ele para, desce do veículo, lança um olhar inquisidor ao seu redor, como que perguntando: 'Onde estou?'. A resposta vem com o título do filme, que aparece em seguida.
O homem é o astro de cinema Johnny Marco (Stephen Dorff, de 'Inimigos públicos'), e esse arco de transformação pelo qual ele passa é catalisado em sua filha de 11 anos, Cleo (Elle Fanning, de 'O curioso caso de Benjamin Button'). O pai mora no Chateau Marmont - um dos hoteis mais famosos de Hollywood, que serve de abrigo a muitas celebridades. Mais tarde, depois de passar um tempo cuidando da filha, a mesma Ferrari da primeira cena terá outro significado.
Em Um Lugar Qualquer, vencedor do Leão de Ouro em Veneza em 2010, Sofia Coppola, que assina roteiro e direção, pode transitar em sua zona de conforto, remetendo diretamente ao seu filme mais famoso, 'Encontros e desencontros' (2003). Nem por isso ela se repete. Aqui, ela lida com os temas que são constantes em sua obra: a solidão, o amadurecimento, os relacionamentos familiares. Mas o que fazem os grandes cineastas senão dirigirem o mesmo filme várias vezes? Sofia realiza um cinema que desafia os padrões norte-americanos atuais, em que tudo deve ser muito explicado e acontecer de forma rápida.

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