quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Entre o sonho e o pesadelo num livro

Bosques míticos, cidades em ruínas, calabouços infernais, praias de areias brancas, catedrais, cemitérios à beira mar, bunkers, sol da Galileia, jardins metafísicos… Nos contos reunidos em “Passagem do Aqueronte”, que será lançado nesta quinta-feira (22), às 20h, no Jokers (rua São Francisco, 164, Centro), o escritor, dramaturgo, diretor teatral e coordenador de teatro da Fundação Cultural de Curitiba, Clovis Severo Brudzinski, apresenta paisagens mentais que convidam ao passeio por universos oníricos e a reflexão sobre o que é essencial e transitório na vida.
Ao falar dos onze contos que beiram o surrealismo, Severo gosta de lembrar das referências e influências, presentes no livro, mas nem sempre de maneira direta. A linguagem musical marca seu universo criativo. “Escrevo ouvindo música, sempre”, revela o escritor, que vai buscar no ethereal wave de bandas como Dead Can Dance e Cocteau Twins e nas imagens do filmes de Luís Buñuel e Andrei Tarkovsky a fonte de sua inspiração. “Gosto de citar as referências por que dão um horizonte mental para quem lê”, afirma. Quanto à influência do teatro, em vez de citar nomes ele prefere dizer que é o tempo teatral o que influencia seus textos.
Severo graduou-se em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná e especializou-se em Gestão Pública pela PUC-PR. Desde 2005, atua na Coordenação de Teatro da Fundação Cultural de Curitiba. É autor dos livros “Os Amores e Mortes de Gustavo Carbel” (2005) e “Líricas” (2008), ambos pelo selo independente Stultifera Navis. “Passagem do Aqueronte” (2012) será lançado pela Kafka Edições.
É um livro mais maduro, com voz mais autoral, em que assumo um compromisso mais real com a forma”, diz Severo. As cartas de amor são os primeiros textos que ele lembra ter escrito. Severo tem muito presente as imagens do tempo de escola e do então professor de literatura, o escritor Paulo Venturelli. “Faço uma espécie de homenagem a ele no livro. Espero que ele perceba”, comenta o autor de Passagem do Aqueronte.
Embora a narrativa não tenha começo, meio e fim, não seja realista e tome a linguagem dos sonhos como inspiração, Severo avisa: “é um universo de sonho, mas não tem a ver com leveza. Fica mais entre o sonho e o pesadelo… Uma literatura pesada”. Com o vocábulo mitológico Aqueronte no título, não poderia ser diferente. O nome do rio localizado na região noroeste da Grécia pode ser traduzido como "rio do infortúnio". Acreditava-se que fosse um afluente do rio Styx, localizado no mundo dos mortos. E no Inferno de Dante, o rio Aqueronte é o que forma fronteira com o Inferno…

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