quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Vigor Mortis está de volta com a Jukebox, o teatro encaixotado, inspirado em músicas


A Cia Vigor Mortis está de volta com mais três espetáculos: Jukebox volumes 1, 2 e 3, dirigidos por Paulo Biscaia Filho, com 25 cenas inspiradas nas obras musicais de Nick Cave, Amanda Palmer, PJ Harvey e David Bowie que serão encenadas em monólogos pelos atores Kenni Rogers, Guenia Lemos e Carol Roehrig. No palco, dentro de uma caixa de madeira fechada, pequenas histórias e seus personagens se revezam com temas variados que envolvem as emoções humanas a partir das letras das músicas dos autores escolhidos. As apresentações acontecem a partir desta quarta-feira (18) no Espaço Ave Lola, em horários alternados, de quarta a domingo, até o dia 6 de outubro.
O Jukebox funciona assim. No palco uma caixa de madeira, a Jukebox, serve de cenário para as cenas que vão acontecer. Nos volumes 1 e 2 existem oito cenas possíveis, seis serão interpretadas e duas ficam de fora. No Volume 3 são nove cenas e duas ficam de fora. Quem escolhe a “música/história” do Jukebox é sempre uma pessoa aleatória sorteada na plateia.
Ela é convidada para sentar numa cadeira no palco em frente à única abertura da caixa, uma espécie de “janela indiscreta”, que só ela consegue ver o que acontece lá dentro. Feita a seleção da cena, uma câmera posicionada atrás da cadeira do convidado, transmite as imagens da caixa num telão para o público. Depois ele volta para a plateia para que outro possa fazer a escolha da cena seguinte. “É tudo verdade!” se diverte Biscaia. Pois, apesar da peça ser mostrada numa tela não é um filme. “A ação acontece mesmo, em tempo real”. Dentro da caixa o ator Kenni Rogers apresenta o volume 1 (Nick Cave), as atrizes Guenia Lemos e Carol Roehrig, o volume 2 (Amanda Palmer e PJ Harvey), e todos eles trabalham no Volume 3 (David Bowie) – cada um com 3 cenas, sempre em atuações individuais.
É importante esclarecer que as históriass não são musicadas com as canções que serviram de inspiração. Elas simplesmente refletem a percepção do diretor ao universo de cada uma das letras que ele escolheu para compor seus três volumes. “A ideia do Jukebox surge da escolha das canções, mas não é um musical. A composição inspira a criação dos personagens”, explica Paulo Biscaia Filho.
Ficou uma tríade de peças bem legal porque o primeiro volume tem Nick Cave com uma linguagem bem masculina e um universo sombrio com a cara da Vigor Mortis. No volume 2 é uma temática mais feminina e com um tom bem político da Amanda Palmer e PJ Harvey que foi dividido pelas duas atrizes. O volume 3 é o Bowie... e isso dá uma liberdade muito grande para o texto para todos os atores. Finalmente tem o papel da plateia que vira um personagem dentro do Jukebox. É para ela que os atores estão se dirigindo. Quem está no público não precisa fazer nada. É só sentar e aceitar seu papel”, convida o diretor.

JUKEBOX - A primeira “caixa” foi criada originalmente em 2013 e teve como inspiração para sua dramaturgia oito canções do compositor e músico Nick Cave. O artista australiano, que morou no Brasil nos anos 90, traz canções que se alternam entre narrativas policiais violentas e um ultrarromantismo. O horror e a paixão se intercalando em histórias que trazem um andarilho relatando como sua família foi assassinada ou um escritor obcecado pelos sons de choro de sua vizinha no andar de cima. A Jukebox Vol. I tem o premiado ator Kenni Rogers como intérprete.
Para a criação da segunda caixa, as atrizes, Guenia Lemos e Carol Roehrig, serão as intérpretes. A dupla inspirou a escolha por duas artistas renomadas da música mundial. P J Harvey e Amanda Palmer. Harvey é uma compositora inglesa e a única artista a ganhar duas vezes o Mercury Award, o mais prestigiado prêmio da música britânica. Suas canções transitam por ambientes literários, românticos e políticos. Palmer é uma multi-artista americana que já passou pela banda Dresden Dolls, que misturava punk rock com música de cabaré anos 20, e por performances solo que sempre atestam uma postura crítica forte, corajosa e original.
O diretor confessa que buscou traduzir esse universo da melhor forma possível, mas numa determinada composição pediu ajuda de suas amigas. Foi na cena inspirada na música “Voicemail for Jill” da Amanda Palmer, uma gravação de apoio que ela deixa numa secretária eletrônica para uma amiga que escolheu fazer um aborto. “A letra mostra a sororidade na sua forma mais bonita. E aí, ao invés de escrever a cena, eu pedi para que algumas amigas mandassem um áudio contando a história de alguma dificuldade. Em cada apresentação, sempre que essa cena for escolhida, a gente vai apresentar um áudio verdadeiro de uma mulher contando uma história difícil e a atriz só vai ouvir a gravação no dia. Ela vai descobrir o personagem na hora”, adianta Biscaia.
Para encerrar a trilogia, a Biscaia escolheu como inspiração para a dramaturgia um dos artistas mais adorados não apenas no universo da música, mas em diversas mídias: David Bowie que, por sua notória postura andrógina, nada mais correto que trazer os três atores para a cena. Bowie deixou como legado um gigantesco universo de personagens e narrativas que viajam entre a ficção científica, o terror e o drama, abordando temas como morte, solidão e identidade de gênero. Numa das nove cenas está presente o “Major Tom” anos depois de viajar ao espaço.
Fã de carteirinha do Bowie, Biscaia leu quase tudo sobre a obra do artista e descobriu no livro do Pete Dogget que a canção “Heroes” – que todo mundo conhece e adora – não foi composta para heróis de capa que voam sobre os céus das cidades. “Bowie se apaixonou perdidamente por uma mulher e teve o caso extraconjugal. Eles sabiam que o romance não iria para frente. Por isso a letra fala que ‘só poderiam ser heróis naquele dia’. Aí nasceu a cena que mostra uma mulher na beira de uma piscina de hotel conversando com esse cara e comparando o caso deles com outra dezenas de romances da história e que nenhum deu certo”.
Biscaia lembra que a produção dos novos volumes levou seis anos para ficar pronto. O Volume 1, será reapresentado – “completamente remasterizado” – foi exibido pela primeira vez em 2013. Realizada através do Prêmio Myriam Muniz/Funarte, a ideia original foi celebrada pelo público e também com cinco indicações ao Troféu Gralha Azul, além de ter sido a representante do Paraná no projeto SESC Palco Giratório em 2015, onde a produção pode se apresentar para públicos de 36 cidades em 20 estados diferentes.
Naquela ocasião fizemos poucas apresentações em Curitiba, pois logo depois fomos para o SESC Palco Giratório – a maior honraria que uma produção de teatro pode ter hoje em dia. A gente fez uma circulação pelo Brasil e sempre havia debates ao final de cada apresentação. Isso assegurou para a gente que a peça tinha uma aceitação muito grande nas mais diversas culturas de Porto Velho a Porto Alegre e nos estimulou para a peça não morrer. O público fica fascinado com a estrutura que mistura elementos de ilusão de ótica com tecnologia para a composição visual das cenas. Agora seis anos depois nós estamos fazendo pelo Mecenato Municipal com patrocínio do Ebanx os volumes 1 (remixado) e os volumes 2 e 3”, finaliza o diretor.

APRESENTAÇÕES:

Volume 1 – Dia/hora
18/09 – às 21h
22/09 – às 17h
25/09 – às 19h30
28/09 – às 17h
03/10 – às 19h30
06/10 – às 17h

Volume 2 – Dia/hora
19/09 – às 21h
21/09 – às 19h30
22/09 – às 18h30
26/09 – às 19h30
27/09 – às 21h
28/09 – às 18h30
29/09 – às 18h30
02/10 – às 19h30
03/10 – às 21h
04/10 – às 19h30
05/10 – às 21h
06/10 – às 18h30

Volume 3 - Dia/hora
20/09 – às 21h
21/09 – às 21h
22/09 – às 20h
25/09 – às 21h
26/09 – às 21h
27/09 – às 19h30
28/09 – às 20h
29/09 – às 20h
02/10 – às 21h
04/10 – às 21h
05/10 – às 19h30
06/10 – às 20h

VIGOR MORTIS - Fundada em 1997 e sob a direção de Paulo Biscaia Filho, a Vigor Mortis se estabeleceu como uma das mais profícuas e criativas companhias de Curitiba, Paraná. A companhia pesquisa possibilidades e vertentes do Grand Guignol, bem como a integração de linguagens entre teatro, HQs e cinema. Entre mais de 30 montagens estão os sucessos “Morgue Story” (2004), “Graphic” (2006), “Manson Superstar” (2009) e “Marlon Brando, Whiskey, Zumbis e Outros Apocalipses” (2013) entre outras. A companhia já se apresentou em festivais nacionais e internacionais e conquistou mais de duas dezenas de prêmios. Além do teatro, a companhia vem conquistando espaço no cinema com suas adaptações de “Morgue Story” e “Nervo Craniano Zero”, que recebeu prêmio de Melhor Filme em Montevideo, e San Francisco, além do prêmio de Melhor Diretor no New Orleans Horror Film Festival.
Em 2015, a companhia foi selecionada para ser a representante paranaense no projeto SESC Palco Giratório com o espetáculo “Vigor Mortis Mortis Jukebox Vol. 1”. Em 2017 foram realizadas várias novas produções e eventos como o lançamento de “Virgin Cheerleaders in Chains”, a primeira coprodução internacional em cinema, as montagens teatrais “A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti” e “Acordei Cedo no Dia em Que Morri”, a terceira edição do Grotesc-O-Vision, festival internacional de horror e o lançamento do piloto da série “Lavínia”.
Saiba mais sobre a Vigor Mortis em facebook.com/vigormortissx

O Espaço Ave Lola está situado na Rua Marechal Deodoro, 1227, Centro. Os ingressos custam R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia). Combo para as 3 peças: R$ 35,00 (preço único). Nas quartas paga o quanto rola. Lotação: 45 lugares. Classificação: 14 anos. Mais informações: 3027-1222.

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