O
maestro, músico e pesquisador Vicente Ribeiro vai lançar o livro “O Modalismo
na Música Popular Brasileira” durante a Oficina de Música de Curitiba, com um
sarau comentado que acontece nesta quinta-feira (23), às 19 horas, no Teatro
Paiol, com entrada gratuita. O autor, que também é violonista, vai se
apresentar com os músicos Fabio Cardoso (piano) Thiago Duarte (baixo acústico),
Thales Lemos (bateria) e os cantores Suzie Franco, Fernanda Sabbag e Lucas
Franco. No programa do show serão interpretadas músicas do repertório modal dos
compositores Luiz Gonzaga, João do Vale, Baden Powell, Dorival Caymmi, Edu
Lobo, Tom Jobim, Gilberto Gil e Caetano Veloso, que estão no livro.
Vicente
Ribeiro conta que trouxe para esse lançamento parte das composições que ele
analisa na sua obra. O autor divide os compositores em quatro grupos, com
abordagens distintas, do modalismo na MPB: as matrizes "nordestina"
(João do Vale e Luiz Gonzaga) e "afro-brasileira" (Baden Powell e
Dorival Caymmi), e as vertentes estéticas "nacionalista" (Tom Jobim e
Edu Lobo) e "tropicalista" (Caetano Veloso e Gilberto Gil).
Se
no livro “O Modalismo na Música Popular Brasileira” Vicente Ribeiro exemplifica
seu trabalho comentando as partituras das canções, no Teatro Paiol, o público
vai poder conhecer de forma prática o que é o modalismo durante uma
apresentação que vai levar a plateia a um mergulho profundo na música
brasileira. “No show passeamos por cada
uma dessas quatro vertentes. O repertório do espetáculo é uma amostra do livro,
que tem 30 músicas analisadas”.
A
pesquisa sobre o “Modalismo na Música Popular Brasileira”, de Vicente Ribeiro,
começa em 2005 e, desde então, ele vem se aprofundando no tema. Primeiro com o
trabalho de conclusão acadêmica, depois como tese de mestrado e agora no
doutorado. Mas ele explica que muitos dos autores das músicas, provavelmente,
não tinham ideia do que estavam fazendo. “Principalmente
Gonzaga e João do Vale, que eram compositores mais intuitivos, compondo a
partir de uma tradição oral. Já compositores como Jobim, Baden, Caetano, Edu,
Caymmi e Gil demonstram, em alguma medida, uma consciência do modal ou, pelo
menos, a busca de uma sonoridade diferente”.
Mas
o que é a música modal? Vicente explica que existe um senso comum sobre a
música em geral, de que ela é construída a partir das sete notas musicais, que
formam a chamada "escala maior". Mas, ele chama atenção, essa é
apenas uma das possibilidades de recorte no continuum sonoro, que inclui muito
mais sons além das sete notas conhecidas. Com outros recortes, a sonoridade da
música pode variar bastante. “Na música
modal há outras escalas, outros recortes, como o chamado modo 'mixolídio', que
aparece em composições como ‘Baião’ ou ‘Juazeiro’, de Luiz Gonzaga,
‘Tropicália’ de Caetano Veloso ou 'Pato Preto', de Jobim", pontua o
pesquisador.
Para
o autor do livro, esses recortes diferentes fogem da escala tonal - que está
presente na música clássica, no choro, no samba, e em boa parte da música pop.
“O modal remete a outros 'lugares
sonoros', como as músicas nordestina, celta e ibérica”. Vicente observa
que, enquanto a estrutura da música tonal é mais narrativa, a música modal é
mais circular. “Como as escalas modais
têm recortes diferentes, elas te transportam para lugares imprevisíveis”.
Vicente
Ribeiro é graduado em Música Popular pela FAP-PR e mestre em Música pela UFPR.
Atua como arranjador desde 1983; por conta desta atuação, recebe indicações ao
Prêmio da Música Brasileira (1993) e ao Prêmio Profissionais da Música (2019).
Em 1995 inicia uma profícua parceria com o grupo Tao do Trio, produzindo e
arranjando seus três álbuns; dois deles resultam na indicação do grupo ao já
citado Prêmio da Música Brasileira, em 2002 e 2017. Paralelamente, atua como
regente e diretor musical do Vocal Brasileirão, desde 2006, e do Grupo de MPB
da UFPR, desde 2018. Sua intensa atividade como músico não o impede de
dedicar-se com o mesmo afinco ao ensino de música, ministrando disciplinas
teóricas e práticas em cursos de graduação e pós-graduação, bem como em cursos
livres e em diversas edições da Oficina de Música de Curitiba; atua ainda como
coordenador pedagógico do Conservatório de MPB, de 2004 a 2011. Atualmente
realiza seu doutorado em música na UNICAMP, onde aprofunda sua investigação
sobre modalismo em pesquisa acerca da produção pós-bossanovista de Tom Jobim.
O livro será vendido no
local por R$ 30,00 (preço promocional). Mais informações: 3229-4458.
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