
Em uma encenação repleta de improvisos e comunicação direta com a plateia, característica dos Parlapatões, e em meio a um cenário que reproduz as ante-salas do Vaticano, "O Papa e a Bruxa" remete ao jogo do poder em que a Igreja e a política usam a fé e a crença como meio de manipulação social.
O Papa está com um problema de coluna que o faz caminhar todo torto e com pânico de receber milhares de crianças terceiro-mundistas na Praça São Pedro, no Vaticano. Cardeais de sua assessoria o pressionam para que atenda jornalistas que o aguardam para uma coletiva de imprensa. O Papa se coloca diante das soluções de um Médico e de uma Freira, até que descobre que esta tem poderes místicos. A partir daí a peça questiona as ações do Vaticano e da Igreja Católica.
O grupo já encenou "Primeiro Milagre do Menino Jesus", também de Dario Fo, que marcou o início de uma busca de textos teatrais instigantes que reforçassem linguagem popular e épica que o circo trazia. "O Papa e A Bruxa" entrou nos planos da trupe já em 1995, porém em 2006, quando da visita do novo Papa Bento XVI ao Brasil e toda a campanha de recrudescimento da Igreja Católica em relação à teologia da libertação, os Parlapatões puderam fazer uma releitura do texto e descobrir novos significados e ver temas latentes e muito atuais no texto do autor.
Aliando o espírito anárquico e iconoclasta dos Parlapatões a uma dramaturgia estruturada, com alto conteúdo provocativo, forma-se a pólvora que torna o palco um componente explosivo de riso e reflexão.
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