quarta-feira, 23 de março de 2011

Camerata Antiqua homenageia Curitiba na abertura da temporada 2011

A contraposição de crenças – indígena e cristã –, magistralmente registrada na Missa Kewere, marca o concerto de abertura da temporada 2011 de apresentações da Camerata Antiqua de Curitiba, neste fim de semana. O espetáculo, que tem apresentações na Capela Santa Maria, às 20h de sexta-feira (25) e às 18h30 de sábado e domingo (26 e 27), comemora o 318º aniversário de Curitiba e, sob a regência de Wagner Polistchuk, leva ao palco a autora da Missa Kewere, Marlui Miranda, compositora, pesquisadora e cantora cearense. O concerto tem direção cênica de Jacqueline Daher e a iluminação está a cargo de Nádia Luciani.

A programação preparada pela Camerata Antiqua de Curitiba para este ano conta com o patrocínio da Volvo e inicia em grande estilo com a presença de Marlui Miranda, reconhecida por interpretar, difundir e valorizar a cultura indígena do Brasil. Nascida em Fortaleza (CE), em 1949, a compositora lançou a Missa Kewere em 1997, em homenagem ao quarto centenário de morte do jesuíta José de Anchieta. Na obra, Marlui une os cantos dos índios Aruá e Tupari, de Rondônia, e dos Urubu-Kaapor, do Maranhão, à poesia de Anchieta. “A Missa Kewere assume os ingredientes culturais dos índios amazônicos brasileiros, distantes de uma tradição musical erudita”, destaca a compositora.

A trama da composição possui uma base litúrgica cristã que é incendiada pela força dos cânticos indígenas carregados de misticismo. Esse duelo equilibrado entre o céu e a terra ganha novas nuanças na interpretação da Camerata. É na estrutura de fragilidades e questionamentos desta peça musical que pousam os versos de José de Anchieta, lado a lado com as vozes indígenas, os sons orquestrais e as vozes da Camerata de Curitiba reverberando, num mesmo tecido sonoro, passado e presente, em pensamentos religiosos tão opostos.

A temporada – Em 2011, a Camerata Antiqua de Curitiba proporciona uma série de 37 concertos, que contempla a música erudita de vários países, levando ao público grandes obras vocais e instrumentais. Na programação constam peças de importantes compositores, entre eles Mozart, Brahms, Handel, Beethoven, Verdi, Tchaikovsky, Vivaldi, Bach, enriquecidas com a presença de renomados solistas e regentes convidados.

A nova temporada da Camerata Antiqua é encarada como um desafio pelo maestro Wagner Polistchuk, que desde 2009 responde pela direção artística do grupo: “Continua fundamental a preocupação com a qualidade da programação, com obras, compositores, solistas e regentes nacionais e internacionais que atraiam a atenção de nossa plateia durante o ano todo”.

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