A
Caixa Cultural Curitiba apresenta, de 16 a 18 de junho, o espetáculo “Amadores”,
da Cia Hiato, de São Paulo. Na peça, resultado de pesquisa da companhia, cinco
atores profissionais contracenam com 13 artistas amadores, pessoas de diversas
áreas que foram selecionadas por meio de anúncios em jornal ou oficinas
públicas. Além de exporem as suas experiências pessoais, cada um dos amadores
tem alguma habilidade artística. “Durante a seleção, muitos deles nunca tinham
ido ao teatro. Esta foi sua primeira experiência no palco. E eles têm perfis
muito diversos: há um atendente de telemarketing, uma empregada doméstica, um
ator pornô. O resultado é surpreendente”, avalia o ator Thiago Amaral, que
integra o elenco de Amadores.
O
espetáculo é um passeio por histórias e contextos, uma galeria de retratos
vivos, num diálogo cênico surpreendente. Os amadores fazem um discurso pessoal
que os revela socialmente, seja pela marginalização, por questões raciais, de
gênero ou sexualidade, exclusão de classe ou por contextos culturais diversos.
O que começou como uma entrevista de elenco, em que cada um deles exibiu suas
especialidades e seus “objetos de arte”, chega ao palco como um
compartilhamento de experiências pessoais.
A
companhia aposta no teatro - suas convenções, seus códigos, gêneros e
profissionais - para ampliar as possibilidades do que pode ser apresentado em
cena, expondo diferentes experiências artísticas ao mesmo tempo, dando voz ao
público que se sente marginalizado pelas artes e até mesmo aos profissionais
que também podem estar excluídos.
Ronaldo
de Moraes é um dos amadores. Morador da periferia de São Paulo, recém-formado
em Ciências Sociais, ele diz que a experiência é muito positiva. “É uma honra
integrar este elenco. Tenho a liberdade de ser quem eu sou. Foi assim desde a
primeira entrevista. E foi uma alegria ter sido aceito. Quando cheguei, eu, que
acumulava diversos fracassos, tinha uma história de estigmas e preconceito,
também tinha preconceito. Minha visão era limitada. Achava que vida de artista
era vida de glamour. Depois eu vi o trabalho que é, quantas pessoas
envolvidas”, diz Ronaldo, que está desempregado, foi alcoólatra, se envolveu
com drogas e terminou a faculdade aos 47 anos de idade.
“Espero
que as pessoas se identifiquem com alguma história entre as que vamos contar”.
O personagem de Ronaldo, que representa ele mesmo, conta da sua descoberta
diante dos espaços culturais da cidade de São Paulo. ”Falo de pertencimento
através dos espaços culturais”, explica.
Em
2017, a Cia. Hiato comemora nove anos desde a estreia de seu primeiro
espetáculo, “Cachorro Morto”. Nesses anos, foram criados cinco espetáculos, que
associam memória e invenção, numa busca por novas dramaturgias, traço
característico do grupo. A Cia. Hiato fez uma série de apresentações em palcos
e festivais internacionais na Alemanha, Áustria, Bélgica, Chile, Colômbia,
Estados Unidos, Holanda, Grécia e Romênia.
“Abandonamos
a pessoalidade, a metalinguagem e a biografia para pensar o outro, aquele que
normalmente é excluído do palco ou que só aparece nele como representação ou
discurso”, explica o diretor e dramaturgo do espetáculo, Leonardo Moreira.
Indicada
para maiores de 14 anos, a peça “Amadores” será encenada na sexta-feira e
sábado, às 20h; domingo, às 19h. Os ingressos custam R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia,
conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito Caixa). A
compra pode ser feita com o cartão vale-cultura. Mais informações: 2118-5111.
Nenhum comentário:
Postar um comentário