sexta-feira, 12 de maio de 2017

As Galvão celebram 70 anos de trajetória artística em Curitiba com livro e show

Mary e Marilene. Assim, apenas os nomes de duas mulheres anônimas, como tantas brasileiras. Mas, se ao lado estiver o sobrenome Galvão, os brasileiros irão reconhecer na hora as irmãs, pioneiras da “moda caipira”. Um dos duos de maior prestígio no Brasil, as irmãs celebram seus 70 anos de carreira em um dos mais importantes palcos brasileiros, o Guairão.
O show que inicia a temporada de comemoração será no projeto Quadra Cultural especial Dia das Mães, no domingo (14). No repertório, além de clássicos da música sertaneja, a dupla canta seus maiores sucessos "Coração Laçador" (O Boi), "No Calor dos Teus Abraços" e "Pedacinhos" entre outros.
Na véspera, a dupla, que ajudou a abrir o caminho em que hoje brilham as duplas femininas do sertanejo universitário, ganha sua primeira biografia. O lançamento de “Dossiê As Galvão: 70 Anos de Estrada”, assinado por Maikel Monteiro, um fã que se tornou amigo, é da editora Inverso. A apresentação do livro, com sessão de autógrafos, será no dia 13 de Maio, às 15h, na Livrarias da Vila, no Shopping Pátio Batel. Além da turnê e do livro sobre suas vidas, As Galvão ganharão um documentário também, que está em fase de finalização.
Monteiro dedica 23 anos de sua vida à pesquisa sobre As Galvão. Há 10 anos ouviu delas que ele tinha que ser o autor do livro de memórias da dupla. Para a empreitada, ele herdou o acervo das irmãs e também uma outra preciosidade, o acervo de Tinoco, da igualmente pioneira dupla Tonico e Tinoco.
Desde os 14 anos eu coleciono materiais sobre estas duplas”, conta Maikel. “Acho que é uma relação que vem de outras vidas, porque um dia cheguei do nada para meus pais e pedi para ouvir as Irmãs Galvão. Com Tonico e Tinoco foi a mesma coisa, dois anos antes”, lembra ele, que tratou de correr atrás dos contatos de seus ídolos das modas caipiras. “Consegui o fone delas pelo antigo número de auxílio à lista, o 102. Foi um chute que deu certo e ainda liguei a cobrar”, completa ele, entre risos, contando que até hoje ouve brincadeiras sobre isso. “Era 1995 e eu era menor de idade. Elas pagaram a passagem para eu ir conhecê-las”.

História com repertório - Mary e Marilene começaram a cantar em rádio aos 7 e 5 anos e gravaram o primeiro disco aos 14 e 12.  Sete décadas depois, com mais de mil músicas gravadas, conhecidas e respeitadas no Brasil inteiro, elas ultrapassaram fronteiras, com suas músicas tocadas em Portugal, Canadá, Suíça e Japão. 
Há dois anos, a dupla fez o show para a gravação de seu primeiro DVD, em São Carlos.  “Soberanas” ainda não conquistou uma gravadora interessada em colocá-lo no mercado. O nome foi escolhido pela produtora artística Sandra Muniz, durante os preparativos iniciais do projeto. “Ela disse que nós não tínhamos ideia da nossa importância e que éramos soberanas. Aí ela parou e completou: ‘pronto, já temos o nome do projeto”, lembra Mary.
Com mais de 1.000 músicas gravadas, as irmãs não têm na ponta da língua o número de discos lançados – “São muitos, nosso primeiro disco era de 78 rotações, tão frágeis que de soprar eles quebravam”, brinca Mary –, mas sabem que fazem parte de boa parte da história da música sertaneja e, por isso, querem contar esta trajetória com música. “É a história de duas mulheres cantando moda caipira, um gênero muito difícil. Começamos crianças, vencemos barreiras e preconceitos. Não foi fácil, mas sempre fomos muito persistentes. Essa história precisa ser contada”, diz Mary.
Além disso, o jovem consumidor da música sertaneja universitária precisa conhecer os artistas que abriram espaço para os novos nomes. “Por isso que a moçada que faz sucesso hoje sempre tem um momento no show em que canta clássicos como ‘Beijinho Doce’, ‘O Menino da Porteira’, ‘Tristeza do Jeca’ e tantas outras”, observa Mary. “Já vimos muitas mudanças, conquistamos nosso espaço e respeito ao longo destes anos de carreira sem respaldo da grande mídia, sem empresários famosos. Somos gratas pelo que conquistamos”.

Quadra Cultural - A Quadra Cultural é uma iniciativa do empresário e produtor cultural Arlindo Ventura, também conhecido como Magrão, proprietário d’O Torto Bar - um pequeno e charmoso bar no bairro curitibano São Francisco dedicado ao jogador de futebol Garrincha. O projeto busca levar arte à comunidade, com a preocupação de oferecer uma estrutura confiável e acessível. Desde 2009, a Quadra Cultural trouxe a Curitiba As Galvão, Odair José, Germano Mathias e Jerry Adriani, em shows gratuitos na Rua Paula Gomes com a participação de artistas locais, além de apresentações de Dona Ivone Lara, Rolando Boldrin, Moacyr Franco e Jerry Adriani no Teatro Guaíra. Em 2012, o cantor Odair José retornou a Curitiba para gravação do DVD Praça Tiradentes, também no palco do Guairão.

Livre para todas as idades, a apresentação das irmãs Galvão tem ingressos que variam de R$ 76,00 (meia) a R$ 146,00 (inteira) de acordo com o setor do teatro. A taxa administrativa de R$ 6,00 está incluída no valor. Mais informações: 3315-0808 ou www.diskingressos.com.br.

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