Em
celebração aos 100 anos da Coluna Prestes, movimento liderado por Luiz Carlos
Prestes (1898-1990), será realizado em Curitiba um show comemorativo da banda
Partigianos com participação especial de Luiz Carlos Prestes Filho, descendente
do líder político que protagonizou este marcante episódio da História do
Brasil. A apresentação está marcada para esta quinta-feira (7), às 20h, no
Janaíno Vegan do Largo da Ordem (Claudino dos Santos, 116). A entrada é
gratuita e o local abre às 18h. O evento tem apoio da banda Partigianos, do
Janaíno Vegan e do Observatório da Cultura do Brasil.
Formado
por integrantes de diversos nomes da música de Curitiba (com músicos que tocam
ou tocaram em bandas como Os Catalépticos, Madrigal Vocale, Krappulas,
Cigarras, Gaiteiros de Lume, Repudiyo, entre outras), os Partigianos apresentam
seu repertório de hinos revolucionários, que serão intercalados com
participações de Luiz Carlos Prestes Filho. Na ocasião, ele vai recitar algumas
das lendas da Coluna Prestes em forma de poemas (publicadas em seu livro
“Trilogia Heroica”), relatos históricos, e também participará de algumas
músicas com os Partigianos, incluindo a inédita “Recuar Jamais”, escrita pelo
próprio Prestes Filho.
Homenagens
internacionais - Além
do Brasil, os 100 anos da Coluna Prestes serão comemorados também na Rússia. No
dia seguinte, em 08/11, o conjunto Grenada, em atividade há 50 anos, realizará
um concerto comemorativo ao centenário do movimento de resistência
brasileiro. Originário de Moscou, e com
formação majoritariamente feminina, o Grenada apresenta um repertório que
compreende músicas de protesto, folclóricas, canções latinas e música popular
soviética e russa.
Partigianos
e Luiz Carlos Prestes Filho - Criado para interpretar hinos revolucionários que
são símbolos de resistência em diversas partes do mundo, o grupo Partigianos
utiliza a música como meio cultural para tratar de temas cada vez mais atuais
no universo social brasileiro. Surgiu da união de grandes nomes da música
curitibana: Vlad Urban (vocal e violão - Sick Sick Sinners, Os Catalépticos),
David Ernst (guitarra - Kráppulas, 99 Noizagain), Rúbia Oliveira Barreto (baixo
- Cigarras), Gustavo Toscan (acordeon - Decadência, Gaiteiros de Lume), Dora
Urban (vocal - Madrigal Vocale, Americantiga), Beta Roberta (violino - Como
Todo Mundo, Watch Out for the Hounds) e André Santos (bateria - Repudiyo).
A
ideia dos integrantes dos Partigianos é combater, por meio da música, a
mediocridade do pensamento autoritarista conservador que vem crescendo na
sociedade brasileira. “A banda surgiu da
necessidade de expressar o pensamento antifascista, resgatando essas músicas
que estavam esquecidas e que, apesar de antigas, continuam extremamente atuais”,
declara o músico Vlad Urban.
Luiz
Carlos Prestes Filho desempenha diversas funções no meio cultural: músico,
compositor, cineasta, letrista, escritor, poeta, ator, ilustrador, além de
jornalista e economista, especializado em economia da cultura. Descendente do
revolucionário Luiz Carlos Prestes, teve contato com grandes nomes da cultura
desde a infância. Sua casa era frequentada por nomes como Arthur Moreira Lima,
Beth Carvalho, Taiguara, Ferreira Gullar, entre outros.
Em
Moscou, entre 1970 e 1983, onde morou com a família durante o exílio do pai,
estudou cinema pelo Instituto Estatal de Cinema da União Soviética. Dirigiu e
roteirizou diversos documentários para televisão e cinema, sendo elogiados no
programa de televisão do poeta russo Robert Rozhdestvensky.
Com
a anistia política, em 1979, reconquistou o direito ao passaporte brasileiro.
Voltou para o Brasil em 1983, quando se aproximou de compositores de música de
concerto, como Guilherme Bauer. Publicou diversos livros e artigos em jornais,
além de fundar o jornal “Cine Imaginário” (1985-1990).
Em
1995, percorreu os 24 mil km das trilhas da Coluna Prestes entrevistando 450
testemunhas sobre a passagem da marcha (1924-1927). Como resultado, idealizou e
realizou no Rio Grande do Sul, Paraná, Tocantins e Ceará, monumentos e
memoriais em homenagem à Coluna Prestes. Alguns deles tiveram projetos
arquitetônicos realizados por Oscar Niemeyer (1996-2001), entre eles o
Monumento Coluna Prestes, erguido por Luiz Carlos Prestes Filho na cidade de
Santa Helena. Com projeto de Niemeyer, possui 25 metros de altura, simbolizando
os 25 mil km percorrido pela marcha revolucionária.
O que foi a Coluna
Prestes - Apesar de
ter início em 1924, a Coluna Prestes foi fruto de um clima de descontentamento
observado anos antes nos quarteis, em razão das más condições de trabalho e dos
rumos políticos do Brasil, na época governado pelo presidente Arthur Bernardes.
Essa revolta se somava a eventos do movimento Tenentista (como o Levante do
Forte de Copacabana, em 1922, e a Revolta Paulista de 1924).
Em
28 de outubro de 1924, no noroeste do Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Prestes,
capitão que comandava o 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, mobilizou
batalhões e cavalarias para uma marcha até o oeste paranaense, com o objetivo
de se encontrarem com os remanescentes da Revolta Paulista.
Ali
nascia a Coluna Prestes, também chamada de 1ª Divisão Revolucionária, Coluna
Invicta, Serpente Luminosa e Coluna Miguel Costa-Prestes. A marcha percorreu
uma distância de 25 mil quilômetros, atravessando 13 estados brasileiros das
regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste entre 1924 e 1927. Dela participaram
cerca de 1.500 membros, entre homens e mulheres, de diversas origens, entre
pessoas brancas, pretas e mestiças. Além de Luiz Carlos Prestes, entre os
demais nomes importantes, participaram Miguel Costa, Juarez Távora e Isidoro
Dias Lopes. Por este episódio, Prestes ficou conhecido como Cavaleiro da
Esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário