quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Centenário da Coluna Prestes será comemorado com show dos Partigianos no Janaino Vegan

Em celebração aos 100 anos da Coluna Prestes, movimento liderado por Luiz Carlos Prestes (1898-1990), será realizado em Curitiba um show comemorativo da banda Partigianos com participação especial de Luiz Carlos Prestes Filho, descendente do líder político que protagonizou este marcante episódio da História do Brasil. A apresentação está marcada para esta quinta-feira (7), às 20h, no Janaíno Vegan do Largo da Ordem (Claudino dos Santos, 116). A entrada é gratuita e o local abre às 18h. O evento tem apoio da banda Partigianos, do Janaíno Vegan e do Observatório da Cultura do Brasil.            

Formado por integrantes de diversos nomes da música de Curitiba (com músicos que tocam ou tocaram em bandas como Os Catalépticos, Madrigal Vocale, Krappulas, Cigarras, Gaiteiros de Lume, Repudiyo, entre outras), os Partigianos apresentam seu repertório de hinos revolucionários, que serão intercalados com participações de Luiz Carlos Prestes Filho. Na ocasião, ele vai recitar algumas das lendas da Coluna Prestes em forma de poemas (publicadas em seu livro “Trilogia Heroica”), relatos históricos, e também participará de algumas músicas com os Partigianos, incluindo a inédita “Recuar Jamais”, escrita pelo próprio Prestes Filho.

Homenagens internacionais - Além do Brasil, os 100 anos da Coluna Prestes serão comemorados também na Rússia. No dia seguinte, em 08/11, o conjunto Grenada, em atividade há 50 anos, realizará um concerto comemorativo ao centenário do movimento de resistência brasileiro.  Originário de Moscou, e com formação majoritariamente feminina, o Grenada apresenta um repertório que compreende músicas de protesto, folclóricas, canções latinas e música popular soviética e russa.

Partigianos e Luiz Carlos Prestes Filho - Criado para interpretar hinos revolucionários que são símbolos de resistência em diversas partes do mundo, o grupo Partigianos utiliza a música como meio cultural para tratar de temas cada vez mais atuais no universo social brasileiro. Surgiu da união de grandes nomes da música curitibana: Vlad Urban (vocal e violão - Sick Sick Sinners, Os Catalépticos), David Ernst (guitarra - Kráppulas, 99 Noizagain), Rúbia Oliveira Barreto (baixo - Cigarras), Gustavo Toscan (acordeon - Decadência, Gaiteiros de Lume), Dora Urban (vocal - Madrigal Vocale, Americantiga), Beta Roberta (violino - Como Todo Mundo, Watch Out for the Hounds) e André Santos (bateria - Repudiyo).

A ideia dos integrantes dos Partigianos é combater, por meio da música, a mediocridade do pensamento autoritarista conservador que vem crescendo na sociedade brasileira. “A banda surgiu da necessidade de expressar o pensamento antifascista, resgatando essas músicas que estavam esquecidas e que, apesar de antigas, continuam extremamente atuais”, declara o músico Vlad Urban.

Luiz Carlos Prestes Filho desempenha diversas funções no meio cultural: músico, compositor, cineasta, letrista, escritor, poeta, ator, ilustrador, além de jornalista e economista, especializado em economia da cultura. Descendente do revolucionário Luiz Carlos Prestes, teve contato com grandes nomes da cultura desde a infância. Sua casa era frequentada por nomes como Arthur Moreira Lima, Beth Carvalho, Taiguara, Ferreira Gullar, entre outros.

Em Moscou, entre 1970 e 1983, onde morou com a família durante o exílio do pai, estudou cinema pelo Instituto Estatal de Cinema da União Soviética. Dirigiu e roteirizou diversos documentários para televisão e cinema, sendo elogiados no programa de televisão do poeta russo Robert Rozhdestvensky.

Com a anistia política, em 1979, reconquistou o direito ao passaporte brasileiro. Voltou para o Brasil em 1983, quando se aproximou de compositores de música de concerto, como Guilherme Bauer. Publicou diversos livros e artigos em jornais, além de fundar o jornal “Cine Imaginário” (1985-1990).

Em 1995, percorreu os 24 mil km das trilhas da Coluna Prestes entrevistando 450 testemunhas sobre a passagem da marcha (1924-1927). Como resultado, idealizou e realizou no Rio Grande do Sul, Paraná, Tocantins e Ceará, monumentos e memoriais em homenagem à Coluna Prestes. Alguns deles tiveram projetos arquitetônicos realizados por Oscar Niemeyer (1996-2001), entre eles o Monumento Coluna Prestes, erguido por Luiz Carlos Prestes Filho na cidade de Santa Helena. Com projeto de Niemeyer, possui 25 metros de altura, simbolizando os 25 mil km percorrido pela marcha revolucionária.

O que foi a Coluna Prestes - Apesar de ter início em 1924, a Coluna Prestes foi fruto de um clima de descontentamento observado anos antes nos quarteis, em razão das más condições de trabalho e dos rumos políticos do Brasil, na época governado pelo presidente Arthur Bernardes. Essa revolta se somava a eventos do movimento Tenentista (como o Levante do Forte de Copacabana, em 1922, e a Revolta Paulista de 1924).

Em 28 de outubro de 1924, no noroeste do Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Prestes, capitão que comandava o 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, mobilizou batalhões e cavalarias para uma marcha até o oeste paranaense, com o objetivo de se encontrarem com os remanescentes da Revolta Paulista.

Ali nascia a Coluna Prestes, também chamada de 1ª Divisão Revolucionária, Coluna Invicta, Serpente Luminosa e Coluna Miguel Costa-Prestes. A marcha percorreu uma distância de 25 mil quilômetros, atravessando 13 estados brasileiros das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste entre 1924 e 1927. Dela participaram cerca de 1.500 membros, entre homens e mulheres, de diversas origens, entre pessoas brancas, pretas e mestiças. Além de Luiz Carlos Prestes, entre os demais nomes importantes, participaram Miguel Costa, Juarez Távora e Isidoro Dias Lopes. Por este episódio, Prestes ficou conhecido como Cavaleiro da Esperança.

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