A
CiaSenhas de Teatro estreou a peça “Espanto”, projeto de montagem que comemora
os 25 anos do grupo. A nova obra, dirigida por Sueli Araujo, propõe uma
reflexão sobre o espaço político da mulher a partir da experiência na resistência
à ditadura militar brasileira entre 1964 e 1985. A temporada permanece até o
dia 17 no Teatro José Maria Santos.
Com
dramaturgia de Sueli Araujo e a colaboração de Luiz Bertazzo, a peça tem como
fonte de pesquisa e disparador para a criação dos textos relatos de mulheres
registrados nos documentos da Comissão da Verdade. Na montagem, as atrizes
Ciliane Vendrusculo e Greice Barros evocam personagens reais e ficcionais sem
abandonar suas identidades pessoais e suas presenças enquanto mulheres de seu
tempo.
Ao
longo da peça, o público é convidado a mergulhar no “Espanto” também enquanto
um afeto, que move a companhia a vasculhar o passado recente para encontrar a
mulher-política como protagonista da busca de outros sentidos e formas de viver
no presente. A Ciasenhas se ancora no processo colaborativo como ética criativa
e na experimentação e invenção como exercícios de liberdade poética.
Na
montagem, a companhia investiga o trauma social e político que resulta da
ditadura militar brasileira, além do que conta a história oficial. Para isso,
se aprofunda no emaranhado subjetivo que encobre a natureza patriarcal presente
nas práticas de torturas destinadas aos corpos das mulheres.
Como
parte do processo de criação, a companhia promoveu, no dia 25 de Setembro, a
Palestra “Fundamentos filosóficos da política feminista” com a filósofa e
escritora Márcia Tiburi, realizado em formato virtual.
CIASENHAS DE TEATRO - A CiaSenhas de Teatro nasce do
desejo de produzir arte em grupo e de pesquisar a linguagem cênica de forma
colaborativa. Desde 1999 temos feito
espetáculos e ações artísticas que tentam estabelecer diálogo com a
sensibilidade do nosso tempo a partir de demandas poéticas e discursivas que
emergem no interior do coletivo. Fazer teatro de grupo é uma escolha política
adotada pela CiaSenhas. Trata-se de um gesto que entende a criação como uma
ação consequente, onde cada artista envolvido possa entregar ao público uma
obra cuja forma e conteúdo carregam o DNA das identidades individuais que formam
o pensamento coletivo. O trabalho colaborativo se instaura como um intenso
processo de compartilhamento de saberes, de experiências, de visão de mundo e
de subjetividades. Fazer teatro de grupo
significa criar territórios de vida “comum” e de resistência através da arte.
Este
projeto foi viabilizado por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, na
modalidade Mecenato Subsidiado.
O Teatro José Maria
Santos está situado na Rua Treze de Maio, 655, São Francisco e as apresentações
de “Espanto” acontecem de quarta a sábado, às 20h e domingo, às 19h. Sábado e
domingo tem sesão extra às 16h. Os ingressos custam R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia).
Quarta e quinta-feiras têm entrada gratuita e tradução em Libras.
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