A Caixa Cultural Curitiba apresenta, como
atração do projeto Série Solo Música, o concerto da russa Lydia Kavina, que irá
fazer um recital de teremim nesta terça-feira (26), às 20h. O curioso
instrumento eletrônico é tocado sem que se encoste nele e os sons são gerados a
partir dos gestos do instrumentista. Lydia aproveita a passagem por Curitiba
para uma aula de demonstração, no dia 27 (quarta-feira), com entrada franca.
Lydia Kavina é uma das principais referências
mundiais de teremim, instrumento criado em 1919 por aquele que foi seu primeiro
professor, Lev Sergeevich Termen, seu tio-avô, conhecido no ocidente como Léon
Theremin. Trata-se de um dos primeiros instrumentos absolutamente eletrônicos
criados na história.
Até hoje, o teremim surpreende o público por
abrir ao redor do músico um campo sonoro, no qual a interferência gestual gera
som sem que haja contato físico com o instrumento, de forma a ser tocado com
movimentos dos braços no ar. É essa situação que surpreende: a necessidade de o
executante ter a compreensão exata da relação entre música e o gesto que
executa, além do espaço físico. O músico se posiciona frente ao instrumento e
move suas mãos perto das antenas de metal, geralmente com a mão esquerda
regulando volume e a direita, a frequência.
O repertório terá composições originais para
teremim e variações escritas pela própria artista. Ela traz obras originais de
compositores pouco conhecidos no Brasil, como os russos Andrew Popov e Olesia
Rostovskaya, a música do equatoriano Jorge Campos, da norte-americana Lydia
Ayers e do brasileiro Jorge Antunes – “Mixolydia”, escrita especialmente para
Kavina. Entre as variações, tocará um Canon de Johann Pachebel e a mais popular
música do americano Alexander Courage, o tema do seriado Star Trek (Jornada nas
estrelas).
Gestos com precisão - Lydia Kavina mora na
Inglaterra e iniciou seus estudos de teremim aos nove anos, com o próprio Léon
Theremin. Estudou piano e formou-se em composição e teoria musical pelo
Conservatório de Moscou. Como solista, atuou junto a orquestras importantes
como a Orquestra Sinfônica de Londres, a Orquestra de Concertos da BBC, a
Orquestra da Rádio Holandesa, a Filarmônica de Dusseldorf e a Orquestra
Filarmônica da Rússia.
Teve concertos sob regência de maestros
consagrados, como Vladimir Spivakov, Charley Hazlewood e Reinbert de Lewes. Fez
concertos sobre a música dos filmes de Alfred Hitchcock e Tim Burton,
participou de montagens de balé, teatro e musicais, entre os quais a montagem
de “Black Rider”, de Tom Waits e Robert Wilson, realizada na Alemanha, em 1992
e 1998.
Em 1997, Lydia esteve no Brasil, onde se
apresentou no Festival de Música Eletrônica de Brasília e tocou a primeira “Suíte
Aerophonica”, para teremim e orquestra, de Joseph Schillinger, sob regência de
Jorge Antunes. No campo da música contemporânea, Kavina atua como intérprete e
compositora, tendo seu Concerto para teremin e Orquestra Sinfônica estreado em
1997 pela Boston Modern Orchestra, sob regência de Gil Rose.
A artista lançou diversos discos e gravou para
trilhas de cinema, entre as quais Ed Wood e eXistenZ, música de Howard Shore, e
The Machinist, de Roque Banos. Ela aparece no filme Me and Kaminsky, de
Wolfgang Becker, no papel de uma teremista.
O instrumento - O teremim foi criado em 1919
pelo físico e músico russo León Theremin, originado a partir de pesquisas sobre
sensores de proximidade, projeto financiado pelo governo russo. León Theremin
divulgou o instrumento nos Estados Unidos nos anos 1920. Theremin cedeu,
depois, os direitos à RCA, que em 1929 lançaria o Thereminvox.
De imediato, o instrumento fascinou plateias, a
partir das apresentações de Clara Rockmore. Em 1938, León Theremin deixou os
Estados Unidos e só apareceria publicamente 30 anos depois, na Rússia. Quanto
ao instrumento, após um período de desuso, retornaria a gerar interesse de
músicos no final dos anos 50, com Robert Moog, que o desenvolveu, publicou
artigos e vendeu kits para construção.
O teremim faz uso de um circuito eletrônico com
dois osciladores heteródinos de rádio, um com frequência fixa e outro
controlado pela mão, que funciona como uma placa aterrada e determina a
frequência. Atualmente, os principais teremins do mundo são da marca Moog,
sendo o mais comum o Etherwave Moog. No Brasil, há a produção de teremins pela
empresa RDS, de Minas Gerais.
Indicada para maiores de 10 naos, a
apresentação de Lydia Kavina tem ingressos custando R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia,
conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito Caixa). A
compra pode ser feita com o cartão vale-cultura. Mais informações: 2118-5111.
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