Se o final dos anos 50 e início dos
anos 60 significaram na MPB os anos da Bossa Nova, os anos 40 e 50 tiveram,
entre outras tantas manifestações, a cristalização da música nordestina no
gosto do público do chamado “Sul” do país. A música de matiz regional deixou de
ser vista como folclórica. Essa transformação deve-se muito a Luiz Gonzaga, que
em 1939 passou a morar no Rio de Janeiro e em 1941 apresentou-se com sucesso no
programa de rádio de Ary Barroso. A música brasileira não seria a partir de
então mais a mesma. E a sanfona, também conhecida como acordeão, passou a ser
instrumento de diversos virtuoses da cena instrumental. Este é o mote do
recital que o sanfoneiro Lulinha Alencar faz na Série Solo Música, na Caixa
Cultural de Curitiba, nesta terça-feira (12), às 20 horas: uma homenagem à
sanfona e aos mestres que influenciaram o músico.
O recital não será a estréia de Lulinha
tocando sozinho no palco. Ele fez diversos recitais pelo país lançando o CD
“Cem Gonzaga”, produzido em 2013, no qual divulgou a produção para sanfona solo
de Luiz Gonzaga, em homenagem ao centenário do mestre. Este projeto foi
fundamental para que houvesse o convite para que tocasse no Solo Música, mas
com proposta diferente: uma homenagem a sanfoneiros e aos ritmos do
Nordeste. Além de Luiz Gonzaga, Lulinha
tocará obras de Sivuca, Dominguinhos, Noca do Acordeon, de Zé de Cezário, seu
pai, além músicas próprias. “Será um recital bonito, que mostra bem o talento
de Lulinha como intérprete e a força da música brasileira”, diz Alvaro Collaço.
“Lulinha é músico de talento nato, um virtuoso que deve ser melhor conhecido
pelo país”, enfatiza o produtor.
Pianista e sanfoneiro - Nascido em
Rafael Godeiro, sertão do Rio Grande do Norte, Luiz Jezaías de Alencar teve seu
primeiro contato com a música em casa, tocando triângulo e zabumba com seu pai,
o sanfoneiro Zé de Cezário. Em 1999 decidiu morar em São Paulo, tentar carreira
de pianista, sem imaginar que ganharia oportunidades e notoriedade como sanfoneiro.
Ao lado de artistas como Mônica
Salmaso, Benjamim Taubkin e Teco Cardoso, participou da Orquestra Popular de
Câmara. Dividiu o palco com vários nomes da música brasileira e internacional,
como Geraldo Azevedo, Antônio Nóbrega, Elba Ramalho, Hermeto Pascoal, Richard
Galliano, Regis Gizavo e Martin Lubenov.
Além de seu trabalho autoral, integra o
grupo de choro “Moderna Tradição” ao lado dos irmãos e mestres do choro Izaias
e Israel Bueno de Almeida e o grupo “Al Qantara”. Em 2013, lançou o CD solo “Cem Gonzaga”, em
homenagem ao centenário do mestre, com obras instrumentais pouco conhecidas de
Gonzaga. No final de 2015, Lulinha Alencar gravou seu segundo disco: “ToCantE”,
no qual homenageia Dominguinhos, ao lado do sergipano Mestrinho.
A apresentação de Lulinha Alencar
dentro da Série Solo Música tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e é uma
realização de Alvaro Collaço Produções. Ingressos a R$ 20,00 (inteira) e R$
10,00 (meia) podem ser adquiridos na bilheteria da Caixa Cultural, na Rua
Conselheiro Laurindo, 280. Informações pelo fone 2118-5111.
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