O Museu Oscar Niemeyer (MON) abre nesta sexta-feira
(19), às 19 horas, na sala 7, a mostra “Valdir Cruz: IMAGO – O Olhar do Sabiá”.
Vivendo em Nova York desde 1978, o artista expõe agora em Curitiba o resultado
de um trabalho desenvolvido ao longo de mais de 30 anos no Estado do Paraná. No
dia da abertura, haverá um bate-papo, às 18 horas, com o artista e o curador da
mostra Rubens Fernandes Junior, no Miniauditório. A entrada para a conversa e a
abertura será gratuita.
A escolha da data de abertura é uma homenagem
ao Dia Internacional da Fotografia. A mostra segue até o dia 4 de dezembro no
MON.
A exposição apresenta o trabalho de um dos mais
respeitados fotógrafos em âmbito internacional. “Para o Museu Oscar Niemeyer,
realizar esta mostra de Valdir Cruz, reconhecido pelo altíssimo nível do acabamento
do seu trabalho que faz com que o preto e o branco possam revelar um espectro
de cores tão ou mais completo que qualquer imagem colorida, demonstra o empenho
com que trabalhamos para trazer ao público o que de mais importante acontece na
esfera das artes visuais no mundo, ainda com orgulho por se tratar de um
artista paranaense”, ressalta a diretora-presidente do MON Juliana Vosnika.
Com curadoria de Rubens Fernandes Junior, a
mostra trata de três temas – que se transformaram em três livros – todos
relativos ao Paraná: Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
(1991 a 1993), com 30 obras; o ensaio O Caminho das Águas (1994 a 2005) possui
14 fotografias; e o ensaio Guarapuava (1982 a 2011), composto por 36
fotografias da cidade natal do artista, que juntos somam um total de 80
imagens. Sobre este último, o fotógrafo comenta: “Foi um projeto de vida.
Trinta anos de fotografia, que resultou em um total de mais de 5 mil
negativos”.
“Os três ensaios aqui reunidos pela primeira
vez denotam não apenas a importância da produção fotográfica de Valdir Cruz,
mas, principalmente, resgatam sua presença no cenário das artes visuais do
Estado do Paraná, depois de 25 anos sem expor em Curitiba. Cada uma das
fotografias aqui exibidas tem uma história particular. São evocativas e de uma
beleza sublime. Seu olhar não apenas investiga e documenta, mas se evidencia
sua emoção naquele espaço territorial que abrigou as primeiras investigações e
experimentações com a fotografia”, pontua o curador.
O projeto da Catedral Basílica Nossa Senhora da
Luz dos Pinhais foi feito todo em fotografia de grande formato, ou seja, chapas
em negativo de 18 x 24 cm. “A ideia era trabalhar a luz de um ano sobre a
catedral. Era o pensamento de que o desenho arquitetônico da catedral em um
determinado momento do ano iria me oferecer luz natural internamente onde fosse
necessário, e assim aconteceu”, diz o fotógrafo.
Também o equipamento utilizado para fotografar
e a técnica de impressão das cópias celebram a fotografia. O centenário da
catedral ocorreu em 1993. A coleção foi exposta em Nova Iorque – Cathedral St
John of Divine (1994) – na Capela de St Bonifacio, no Museu de Arte de São
Paulo – MASP (1996), e chega agora a Curitiba pela primeira vez, nesta mostra
no Museu Oscar Niemeyer.
“O que caracteriza os ensaios de Valdir Cruz é
seu trabalho bastante singular nos dias de hoje, registrado em chapas de grande
formato e seus sofisticados processos de impressão – gelatina de prata, platina
e paládio, impressão digital com tinta mineral de longa permanência. Além
disso, o desenvolvimento desses ensaios exigiu, à exceção do ensaio da
Catedral, grandes deslocamentos e um tempo muito diferente da vida acelerada do
nosso cotidiano”, ressalta o curador Rubens Fernandes Junior.
O caminho das águas se concretizou após uma
extensa pesquisa sobre as quedas d'água no Paraná entre os anos de 1994 - 2005.
Também em formato grande chapas, em negativo, no tamanho de 10 x 12 cm.
O curador complementa: "Valdir Cruz sempre se
manteve ligado às suas raízes: o ensaio sobre a Catedral é um importante
documento sobre a edificação, o desenho das luzes no seu interior e, acima de
tudo, um testemunho de fé; o ensaio sobre as Águas mostra a exuberância das
quedas d’águas e das cachoeiras, bem como a diversidade da paisagem do interior
do Paraná; e o ensaio Guarapuava é um verdadeiro testemunho visual,
autobiográfico e com alguma nostalgia do filho pródigo”.
Um dos procedimentos adotados pelo artista, de
acordo ainda com o curador, que revela um diferencial, é o acompanhamento de
todas as etapas da realização da imagem, controles técnicos necessários para
garantir a qualidade capaz de surpreender mesmo os olhares mais desatentos.
Depois de revelado o negativo é escaneado em alta resolução para depois ser
impresso, ampliado e digitalizado, com vários pigmentos (cinzas e pretos) que
criam uma atmosfera diferenciada.
"O trabalho de Valdir Cruz é singular,
pois não só encanta como surpreende pela maestria artística conseguida a partir
de temas muitas vezes simples, mas que o artista retrata com sensibilidade
única e indescritível. Para o Governo do Estado do Paraná e o Museu Oscar
Niemeyer, trazer essa exposição de Valdir Cruz, elaborada ao longo de 30 anos
de sua carreira, é, além de uma honra, uma oportunidade ímpar, um verdadeiro
brinde à nossa população, que terá a chance de travar esse contato tão direto
com o trabalho do artista", comenta o secretário de Estado da Cultura,
João Luiz Fiani.
Sobre o artista - Valdir Cruz nasceu em
Guarapuava, no sul do Paraná, em 1954. Embora esteja vivendo nos Estados Unidos
há mais de 30 anos, o principal foco de seu trabalho em fotografia é o povo e a
paisagem do Brasil. De 1995 a 2000, concentrou-se em Faces da Floresta, projeto
que documentou a vida dos povos indígenas do norte da Amazônia brasileira e que
lhe valeu, em 1996, uma bolsa da Fundação Guggenheim. Seu trabalho está
presente nas coleções permanentes do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Museum
of Modern Art (MoMA), de Nova Iorque, Museum of Fine Arts, de Houston, e do
Smithsonian Institute, em Washington, D.C., entre outras. Valdir Cruz divide
seu tempo entre seus estúdios em Nova Iorque e São Paulo.
Publicou os seguintes livros: Guarapuava (São
Paulo. Terra Virgem Edições, 2013), patrocínio Banco Mizuho do Brasil S.A. e
Caminhos do Paraná S.A.; Bonito: Confins do Novo Mundo (Rio de Janeiro.
Capivara Editora, 2010), patrocínio BNP Pariba; Raízes: Árvores na paisagem do
Estado de São Paulo (São Paulo. Imprensa Oficial, 2010); O caminho das águas (São
Paulo. Cosac Naify, 2007), patrocínio Fundação Stickel; Carnaval, Salvador,
Bahia 1995-2005 (Nova Iorque. Throckmorton Fine Art, 2005); Faces da Floresta:
Os Yanomami (São Paulo. Cosac Naify, 2004); Faces of the rainforest: The
Yanomami (Nova Iorque. PowerHouse, 2002), apoio Fundação Guggenheim; Faces of
the rainforest (Nova Iorque. Throckmorton Fine Art, 1997); Catedral Basílica de
Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Nova Iorque. Brave Wolf Publishing, 1996),
apoio Associação Cultural Avelino A. Vieira – Bamerindus.
O Museu Oscar Niemeyer fica aberto à visitação de
terça-feira a domingo, das 10h às 18h e os ingressos custam R$ 12,00 e R$ 6,00
(meia-entrada). Mais informações: 335-4400 ou www.museuoscarniemeyer.org.br.
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