A
Caixa Cultural traz a Curitiba uma exposição inédita que faz um apanhado da
trajetória de Cândido Portinari, um dos maiores nomes da arte brasileira.
"Portinari - A Construção de uma Obra" fica em cartaz na Caixa
Cultural até 18 de março de 2018. A mostra reúne 30 estudos do pintor,
muralista e desenhista que conquistou reconhecimento internacional retratando o
cotidiano do país com suas mazelas sociais, num legado que possui atualidade
surpreendente. Também fazem parte da montagem oito esculturas criadas pelo
artista plástico Sérgio Campos e que foram inspiradas em personagens de
Portinari.
Segundo
o curador, os trabalhos reunidos mostram o processo criativo do artista e
ilustram sua trajetória. "É uma exposição específica da construção
artística de Portinari que mostra estudos, esboços e desenhos de grandes obras
dele", comenta Dannemann. “São pedaços preciosos de um artista singular,
de quem buscou originalidade na própria poesia do homem”. Entre eles, há
estudos para o painel “Guerra e Paz” que Portinari criou para a sede da
Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, entre 1952 e 1956.
Um
dos temas mais presentes no trabalho de Portinari é a desigualdade social,
sempre revelada no registro do cotidiano, como surge em "Grupo com homem
doente" e "Menino morto". "Portinari era um 'cronista' que,
ao invés de escrever, pintava as desigualdades, as efemérides", comenta o
curador. "'Os Retirantes' é a realidade do Brasil – pessoas rumando para
as grandes cidades em busca de melhores oportunidades. E muitas dessas obras
continuam atuais porque ainda vivemos em um país marcado pela desigualdade".
Esculturas
recriam personagens de quadros - Na mostra, as esculturas de Sérgio Campos
contracenam com as obras de Portinari. Campos finalizou o planejamento do
próprio Portinari que desejava transformar suas figuras em esculturas. Curitiba
recebe oito trabalhos, revelando uma tridimensionalidade da visão de Portinari.
"Ele pretendia eternizar alguns de seus personagens em bronze. Como morreu
prematuramente, aos 59 anos, não conseguiu concluir esse projeto", explica
Dannemann. "Sérgio Campos, membro da família do pintor, decidiu finalizar
a ideia e criou esculturas fidedignas em cada detalhe".
Candido
Portinari - O artista nasceu em 30 de dezembro de 1903, em Brodowski, no
interior de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, teve uma infância humilde
e recebeu apenas a instrução primária. Desde criança manifestou sua vocação
artística, começando a pintar aos nove anos. Estudou na Escola de Belas Artes
do Rio de Janeiro e visitou países como a França e a Itália, onde concluiu os
estudos. Em 1935, recebeu, em Nova Iork, um prêmio por sua obra “Café”, que o
projetou para o mundo. Faleceu em 1962, tendo como causa aparente uma
intoxicação causada por produtos químicos presentes nas tintas.
Sérgio
Campos - Desenhista, pintor e escultor, é formado pela Escola de Belas Artes da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desenvolveu uma técnica para a
elaboração de esculturas em aço e cobre e executou monumentos públicos de
grande porte. Estudou pintura mural e escultura em bronze com o italiano Franco
Cerri. Seus desenhos têm forte identidade com os personagens de Portinari.
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