A
edição de janeiro de 2018 do jornal Cândido, editado mensalmente pela
Biblioteca Pública do Paraná, traz como destaque os escritores que fizeram
parte das antologias de contos “Geração 90 - Manuscritos de Computador” (2001)
e “Geração 90 - Os Transgressores” (2003). Os livros causaram rebuliço no meio
literário brasileiro, provocando reações díspares (amor e ódio) entre críticos
e leitores. Hoje, mais de 15 anos após os lançamentos das coletâneas, o Cândido
faz um balanço desta geração.
O
ensaísta, escritor e crítico Luís Augusto Fischer, um leitor atento a tudo que
acontece no Brasil no cenário literário, traçou um panorama sobre os autores
que figuraram nas ousadas coletâneas organizadas por Nelson de Oliveira.
Em
um primeiro texto, Fischer mostra como estes prosadores aos poucos passaram de
apostas a realidades concretas da literatura nacional.
“Dos
29 nomes presentes no conjunto da Geração 90, sem dúvida um punhado se
consagrou, como é o caso evidente daqueles premiados. São escritores que hoje
orçam, majoritariamente, entre os 50 e os 60 anos. Somos quase da terceira
idade. Trata-se de gente que entrou para a leitura corrente dos escassos
leitores brasileiros e nas listas e programas de vestibulares? Em parte sim”,
diz Fischer.
O
crítico, em um segundo texto, faz uma análise da produção da Geração 90 e
afirma que estes autores, a maior parte oriunda da classe média, ainda estão
devendo um livro sobre a corrupção que assola o país em anos recentes.
Já
Nelson de Oliveira, em texto memorialístico, conta os bastidores do projeto
editorial que deu visibilidade a novos autores brasileiros. O embrião das
antologias, segundo Oliveira, surgiu a partir de encontros promovidos pelos
escritores Marcelino Freire e Evandro Affonso Ferreira em um café de São Paulo.
“Os
encontros no Fran’s Café aproximaram um bom número de novos poetas e
ficcionistas ávidos de atenção de escritores e críticos da Velha Guarda”. Para
o antologista, olhando em retrospecto, “o saldo foi muitíssimo positivo”.
OUTROS
CONTEÚDOS - A edição 78 do Cândido traz também o registro da participação de
Paulo Lins no projeto “Um Escritor na Biblioteca”, em novembro de 2017. O
escritor carioca, que iniciou como poeta, contou como escreveu Cidade de Deus,
inicialmente concebido para ser um ensaio. Ele afirmou que seu plano era
produzir algo para ajudar a diminuir a violência.
A
terceira entrevista da série Os Editores é com Jacó Guinsburg, de 96 anos -
conteúdo produzido por Ronaldo Bressane. Marcio Renato dos Santos fez uma ampla
reportagem sobre a produção do escritor, compositor e cantor pelotense Vitor
Ramil, que acaba de lançar “Campos Neutrais”, o seu 11º álbum.
Entre
os inéditos, o Cândido publica poemas de Marcelo De Angelis e Priscila
Merizzio, e uma narrativa, acompanhada de uma breve entrevista, de Marcelo
Degrazia, vencedor do Prêmio Paraná de Literatura 2017 na Categoria Contos. A
ilustração da capa é do artista Caco Galhardo.
O
JORNAL - O Cândido tem tiragem mensal de 10 mil exemplares e é distribuído
gratuitamente na Biblioteca Pública do Paraná e em diversos pontos de cultura
de Curitiba. O jornal também circula em todas as bibliotecas públicas e escolas
de ensino médio do Estado. É enviado pelo correio para assinantes a diversas
partes do Brasil.
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