Odelair
Rodrigues, estrela do teatro paranaense, que ao lado de Ary Fontoura brilhou
nos palcos e nas telas da TV em papéis cômicos, e marcou a imagem de uma
comovente Mamãe Dolores na novela “Direito de Nascer”, produzida pela TV Paraná
– Canal 6 nos anos 1960, ganhou uma biografia cujo lançamento acontecerá dia 4
de abril, a partir das 18h30, na Arte & Letra Editora (Alameda D. Pedro II,
44, Batel). O texto é assinado pelos jornalistas Zeca Corrêa Leite e Rosirene
Gemael.
O
livro, de 144 páginas, R$ 50,00, conta a história da atriz Odelair Rodrigues
desde seu nascimento numa noite chuvosa de 1935, até o falecimento em 2003.
Entre essas datas estendeu-se a existência da menina pobre, negra, que aos sete
anos de idade apresentou-se pela primeira vez em público numa festa escolar
cantando um sucesso de Dorival Caymmi. Fotos da artista, de cenas dos
espetáculos, cartazes, recortes de jornais e revistas ilustram a narrativa.
“Odelair
Rodrigues” chega ao público com alguns anos de atraso. Selecionado pela Lei de
Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de
Curitiba, em 2007 – e incentivado pela Caixa Econômica Federal –, tinha como
autora a jornalista Rosirene Gemael. Porém, acometida por problemas de saúde,
acabou falecendo.
A
produtora cultural Monica Drummond tornou-se Substituta Legal do projeto e, apesar
das tentativas em localizar os originais da biografia no computador da
jornalista, foram encontrados apenas apontamentos, entrevistas, dados
compilados da pesquisa.
O
trabalho foi retomado alguns anos depois, como explica Monica, com o apoio da
pesquisadora Selma Teixeira, cuja parceria “permitiu a produção e publicação da
obra”. Foi definida uma nova equipe de profissionais, enquanto ao mesmo tempo
buscava-se resolver um problema jurídico para a liberação da conta corrente do
projeto, que permanecia em nome de Rosirene.
Odelair
e Ary Fontoura - O sonho da jovem Odelair em fazer teatro exigiu paciência e
persistência. Participou de montagens estudantis colaborando nos bastidores ou
fazendo ponta, até receber um convite de Ary Fontoura, então com 19 anos e
muita disposição para realizar o que chamava de “teatro de verdade”.
Ele
faria a direção e atuaria na peça “Sinhá Moça Chorou”, de Ernâni Fornari. Em 22
de outubro de 1952, no Teatro do Colégio Estadual do Paraná, deu-se a estreia
artística de Odelair Rodrigues, e com ela surgiram os primeiros elogios da
crítica. Também tinha início uma amizade que iria unir os dois artistas pela
vida toda.
Anos
depois experimentariam o gosto do sucesso nas peles do Dr. Pomposo (Ary
Fontoura) e delegado Alcebíades, o Bide (Odelair Rodrigues), na TV Paraná –
Canal 6, coligada às Emissoras Associadas. Porém, a dupla era sucesso também
nos palcos pela extraordinária comicidade. Então, quando em 1966 foi ao ar a
novela “O Direito de Nascer”, a atriz sentiu-se insegura para viver Mamãe
Dolores, a sofredora escrava que foge com um bebê recém-nascido para livrá-lo
da morte. A radical passagem do riso para o drama abalou Odelair. “Eu própria,
de início, senti-me incapaz de tal mudança”, revelou. Foi um êxito histórico.
A
atriz em seus últimos tempos de vida, mesmo enfrentando graves problemas
respiratórios, não se afastava dos palcos. Entre uma cena e outra amenizava a
falta de ar com uma bomba. Sofreu parada cardiorrespiratória em 1º de julho de
2003. Foram cinco décadas dedicadas ao teatro.
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