O cantor, compositor e astro do rock
Rod Stewart, em quase 70 anos de vida, colecionou alguns números bastante
expressivos: são 4 décadas de rock, 3 casamentos, 8 filhos, 16 vídeos mostrados
pela MTV no dia da estreia do canal, mais de 200 milhões de discos vendidos e o
recorde mundial da maior plateia de todos os tempos em um concerto de rock -
3,5 milhões de pessoas na praia de Copacabana em 1994 - registrado no Guiness
Book. Sem falar nas inúmeras experiências pitorescas que tem para contar. Tudo
isso ele reúne em “Rod - A Autobiografia” (Globo Livros, 392 págs, R$ 49,90),
que mistura suas muitas histórias curiosas com o humor característico de
Stewart.
Com um misto de despretensão, bom humor
e absoluto desapego à autocensura, tom narrativo que talvez explique o sucesso
mundial de “Rod - A Autobiografia”, o artista conhecido pela extrema vaidade
(um dos capítulos do livro descreve em minúcias a "construção" de seu
característico penteado) surpreende pela transparência e despudor com que
revela sua história ao grande público.
São quase 400 páginas, incluindo 32 de
fotografias pessoais, que contam, da infância humilde em Londres até os dias
atuais, a trajetória de Stewart. O vocalista de timbre rouco não perde tempo
glorificando o próprio mito, nem sonega nenhuma informação importante - como a
decisão de dar sua primeira filha à adoção ou o abuso de drogas, incluindo o
uso que fez de cocaína por meio de supositórios, a fim de preservar suas vias
nasais e a voz.
Outros aspectos embaraçosos da vida
pessoal anterior à fama ou da vida pública já como artista consagrado (como o
célebre caso de seu maior sucesso, “Da ya think I'm sexy?”, admitido como “plágio
inconsciente” de “Taj Mahal”, de Jorge Ben Jor) são abordados sem rodeios.
Stewart reconhece responsabilidades, explica as circunstâncias de seus atos e
escolhas, mas não busca expiar culpas.
Além de desmentir várias lendas
correntes a seu respeito (entre elas, a de que já foi coveiro e jogador de
futebol profissional), o roqueiro lembra-se de como conheceu o guitarrista Jimi
Hendrix, de sua parceria com Jeff Beck (com quem tocou no Jeff Beck Group),
como teve de fugir de uma insistente Janis Joplin nos bastidores de uma turnê
pelos Estados Unidos, sua amizade com Ronnie Wood, do Rolling Stones, e também
com Elton John e Freddie Mercury, com quem chegou a pensar em montar uma banda,
que se chamaria “Nose, Teeth and Hair”, lembrando as características físicas
mais marcantes dos três artistas. Segundo ele, estranhamente, o projeto nunca
vingou. Sua vida pessoal, os três casamentos e o relacionamento com os muitos
filhos, também fazem parte da história que ele desnuda em “Rod - A Autobiografia”.
Stewart também confessa que tem menos
medo de envelhecer do que de enfrentar o fim da carreira - e se admite
esperançoso de ter o bom senso de parar antes de entrar na espiral de
decadência que o levaria a se apresentar para plateias cada vez menores. Pelo
menos por enquanto, esses temores (da morte e do fim da carreira) parecem
distantes. Aos 68 anos, e depois de ter enfrentado um câncer de tireoide que pôs
em risco suas cordas vocais, Stewart ainda tem vigor suficiente para, uma vez
por semana, atuar como lateral-direito do time amador Fram, de Los Angeles, e
para ter lançado, no começo de 2013, seu 27º álbum de estúdio, “Time”, o
primeiro autoral em vinte anos.
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