Ligar para um número de telefone se
oferecendo para trabalhar como doméstica ou responder a um anúncio de “damas de
companhia”? É a primeira decisão que Oti, a protagonista de “EXIT, un corto a
la carta”, tem que tomar. A opção escolhida vai definir nem só o rumo que sua
vida vai tomar, mas também influenciará toda a sequência do filme, apresentado
pelo Centro Cultural da Espanha e que será exibido (em espanhol e sem legendas)
na Cinemateca de Curitiba nesta terça-feira (28), às 20h, com entrada franca.
A grande diferença é que a decisão não
está exatamente nas mãos da personagem, mas sim do próprio público que estiver
na sala do cinema no momento. De acordo com a opção que Oti, ou melhor, os
espectadores escolherem em votação, o curta seguirá por diferentes histórias
inspiradas nas vivências de suas protagonistas. Todas relacionadas com a
imigração e a mulher.
O filme é resultado de um projeto de
intervenção sócio-cultural realizado em Madri em 2010, que oferecia vários
cursos de teatro e interpretação. O roteiro é baseado nas histórias reais das
participantes do projeto de Adrián Silvestre, diretor cinematográfico, e
Beatriz Santiago, atriz e diretora cênica, especializada em gênero.
No projeto participaram 50 mulheres
imigrantes na capital espanhola, escolhidas a partir de um anúncio publicado
por Beatriz e Adrián. As escolhidas fizeram os cursos oferecidos e, no fim,
suas histórias de vida, aventuras e desventuras na Espanha acabaram inspirando
os vários roteiros – isso porque a interatividade permite que não haja um filme
único, mas várias possibilidades diferentes, cada uma mostrando distintas
realidades sociais, culturais e econômicas do grupo.
Sucesso - “Exit faz referência à
palavra saída em inglês e sucesso em espanhol (éxito). E un corto a la carta
indica que é um curta-metragem com um cardápio de filmes curtos à disposição do
espectador, o que dá interatividade à proposta”, explica Marina Santo, atriz e
bailarina brasileira que integra o elenco do filme.
“A Beatriz, além de atriz e diretora, é
especialista em gênero e trabalha com diferentes projetos audiovisuais
relacionados às mulheres. Como o tema da imigração na Europa é muito forte nas
últimas décadas e, especialmente na Espanha, o índice de mulheres imigrantes
ainda é alto, a diretora sentiu a necessidade de dedicar um projeto para a
sensibilização da sociedade sobre essa temática”, completa Marina.
Para a coordenadora do Centro Cultural
da Espanha, Rafaela Marengo, o filme já teve muita visibilidade no país ibérico
e, agora, é relevante no Brasil neste momento em que há um movimento inverso ao
de anos atrás, com vários brasileiros que emigraram para a Espanha voltando à
América e se tornando imigrantes em seus próprios países de origem – como é o
caso de Marina.
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