A Casa Romário Martins inaugura nesta
sexta-feira (8) a exposição “Alceu Chichorro e a Cultura Material do Jornalismo
Curitibano em Meados do Século 20”. A exposição reúne reproduções de 127
charges em nanquim sobre papel de autoria do chargista curitibano Alceu
Chichorro (1896-1977).
O material, que está sendo apresentado
ao público pela primeira vez, pertence ao acervo particular do jornalista Saul
Lupion Quadros, atualmente custodiado por um de seus netos. Os desenhos
reunidos constituem um passeio pela história do Brasil antes do golpe militar
de 1964, mostrando uma conjuntura política das mais movimentadas, como a volta
de Getúlio Vargas ao poder em 1951, passando pela criação da Petrobrás, o
suicídio de Vargas em agosto de 1954 e os anos dourados da era JK.
Os desenhos também satirizam as
adversidades enfrentadas pelos brasileiros em geral, como o alto custo de vida,
a transformação da indústria e do consumo nacionais ao lado de questões
estruturais do mundo da política, os arraigados privilégios daqueles que
compunham o Congresso Nacional e a briga pelo voto do eleitorado. Tudo isso
inserido em um quadro mais amplo e marcado pela herança da Segunda Guerra
Mundial, a Guerra Fria, a corrida espacial e a descolonização.
As charges de Chichorro foram um dos
principais produtos jornalísticos de humor durante um longo período. Elas
fizeram parte ininterrupta do cotidiano dos curitibanos entre as décadas de
1920 e 1960. Criador dos personagens Chico Fumaça, Dona Marcolina e Totó,
Chichorro estudou desenho com Alfredo Andersen e ingressou no universo
jornalístico em 1913. Colaborou na redação do jornal A Tribuna como repórter
fotográfico. Nesse mesmo periódico passou a publicar sonetos e contos, além de
iniciar a veiculação das suas charges, já adotando o pseudônimo Eloy.
Após o desaparecimento do jornal A
Tribuna, em 1917, Alceu Chichorro ingressou na redação do Diário da Tarde,
Gazeta do Povo e de O Dia. Neste último, se tornou um dos colaboradores mais
antigos e duradouros, tendo exercido a função de chargista, cronista,
ilustrador e repórter. A exposição é resultado de projeto aprovado por edital
da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
A exposição “Alceu Chichorro e a Cultura
Material do Jornalismo Curitibano em Meados do Século 20” fica aberta à
visitação até dia 31 de janeiro de 2017, de terça a sexta-feira, das 9h às 12h
e das 13h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 9h às 14h. A entrada é
franca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário