segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Na Caixa Cultural, Dea Trancoso mostra em solo o poder de sua voz e da palavra

“Líricas breves para a construção de uma alma”. Este é o show que a cantora, compositora e instrumentista mineira Déa Trancoso mostrará na Série Solo Música, na Caixa Cultural de Curitiba nesta terça-feira (12), às 20 horas. O show marca o encerramento da nona temporada da Série, ao mesmo tempo que o reencontro da artista com a cidade, em um show no qual ela canta, toca rabecas feitas por ela mesma, shruti indiano, cuatro venezolano e, principalmente, apresenta suas composições marcadas pela poética feminina e a influência direta da região em que nasceu: o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
"Líricas breves para a construção de uma alma” é o seu quinto disco e o segundo absolutamente autoral, produzido com recursos do “Prêmio Terra Una de Música – Edição Ibermúsicas 2016”. “Nele, estou nua com meu pequeno bocado musical e apresento a palavra como a grande guia de todo o trajeto. É um trabalho gravado quase todo à capela, anunciando e enunciando a beleza absoluta da voz humana em si mesma”, explica a artista. E ela não esconde que o show será especial. “Participar da Série Solo Música é uma honra. É uma alegria estar ao lado de compositores do mundo todo, enfeitando a cena. Legitima um lugar, um território autônomo, onde, hoje, me encontro".
Para Alvaro Collaço, o produtor da Série Solo Música, Déa é artista a ser descoberta pelo grande público. “Sua música sempre está diretamente a caminho do coração do ouvinte atento e sensível”, diz Collaço. Ele continua: “A este ouvinte, Déa reserva uma arte falsamente frágil, repleta de silêncios, de questionamentos, de arranjos construídos com instrumentos caseiros, em que a palavra é a dona de tudo e conduz a melodia, ao canto. Sua música vem herdada do Vale do Jequitinhonha, mas não esconde o amor à poesia de Beto Guedes, Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, à liberdade musical de Egberto Gismonti. Ela é fruto de experiências existenciais, da filosofia, do meditar, do fato de Déa compreender bem o que é ser mulher e artista em um tempo ainda marcado pela opressão. É música que não se verga ao gosto fácil, não conchava para aparecer, para ganhar um ouvinte que a coloque em plano de fundo para qualquer outra atividade diária. É música que negocia um tempo com o ouvinte e oferece ao final da audição a recompensa de deixá-lo melhor, pelo que há de profundo em suas poesias, pelo fato de surpreender com recursos aparentemente escassos. Porque em Déa, o que parece pouco é suficiente demais”.

Do Vale do Jequitinhonha - Alcidéia Margareth Rocha Trancoso nasceu em Almenara, Minas Gerais. Filha de pais seresteiros, foi influenciada pelos violeiros, cantadores, congadeiros e foliões do Vale do Jequitinhonha, região conhecida pelo contraste entre a pobreza material e a riqueza da cultura popular.
Seu trabalho incorpora sonoridades e referências a diversas manifestações da cultura popular nacional, como catimbó, coco, acalanto, lundu, congo dobrado, maracatu, batuque, moda de viola, samba de caboclo e samba de roda. Em 2002 participou do CD “O Violeiro e a cantora”, a convite do compositor e violeiro Chico Lobo. Em 2006 lançou seu primeiro CD “Tum tum tum” , pelo selo Tum Tum Tum Discos, disco relançado em 2010 pelo  selo Biscoito Fino. A este CD seguem-se “Serendipity”, de 2011, que traz parcerias com Badi Assad, Chico César e Rogério Delayon, e “Flor do jequi”, de 2012, duo com o violonista Paulo Bellinati, que traz recriações de ícones do Vale do Jequitinhonha.
Déa foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira em 2007 em quatro categorias: “Disco Regional”, “Cantora Regional”, “Projeto Gráfico” e “Voto Popular”. Em 2013 na categoria “Cantora Regional”. Como compositora, teve músicas gravadas por Ná Ozzetti, Mônica Salmaso e Gonzaga Leal.
Para sua apresentação no Solo Música, Déa utilizará instrumentos  construídos artesanalmente, como flauta de PVC, rabecas, ocarina de cerâmica e instrumentos pouco conhecidos no Brasil como são o shruti indiano e o cuatro venezolano.

A apresentação de Dea Trancoso, dentro da Série Solo Música, tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e é uma realização de Alvaro Collaço Produções. Ingressos a R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia) podem ser adquiridos na bilheteria da Caixa Cultural, na Rua Conselheiro Laurindo, 280. Informações pelo fone 2118-5111.


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