“Líricas
breves para a construção de uma alma”. Este é o show que a cantora, compositora
e instrumentista mineira Déa Trancoso mostrará na Série Solo Música, na Caixa
Cultural de Curitiba nesta terça-feira (12), às 20 horas. O show marca o
encerramento da nona temporada da Série, ao mesmo tempo que o reencontro da
artista com a cidade, em um show no qual ela canta, toca rabecas feitas por ela
mesma, shruti indiano, cuatro venezolano e, principalmente, apresenta suas
composições marcadas pela poética feminina e a influência direta da região em
que nasceu: o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
"Líricas
breves para a construção de uma alma” é o seu quinto disco e o segundo
absolutamente autoral, produzido com recursos do “Prêmio Terra Una de Música –
Edição Ibermúsicas 2016”. “Nele, estou nua com meu pequeno bocado musical e
apresento a palavra como a grande guia de todo o trajeto. É um trabalho gravado
quase todo à capela, anunciando e enunciando a beleza absoluta da voz humana em
si mesma”, explica a artista. E ela não esconde que o show será especial.
“Participar da Série Solo Música é uma honra. É uma alegria estar ao lado de
compositores do mundo todo, enfeitando a cena. Legitima um lugar, um território
autônomo, onde, hoje, me encontro".
Para
Alvaro Collaço, o produtor da Série Solo Música, Déa é artista a ser descoberta
pelo grande público. “Sua música sempre está diretamente a caminho do coração
do ouvinte atento e sensível”, diz Collaço. Ele continua: “A este ouvinte, Déa
reserva uma arte falsamente frágil, repleta de silêncios, de questionamentos,
de arranjos construídos com instrumentos caseiros, em que a palavra é a dona de
tudo e conduz a melodia, ao canto. Sua música vem herdada do Vale do
Jequitinhonha, mas não esconde o amor à poesia de Beto Guedes, Milton
Nascimento e Ronaldo Bastos, à liberdade musical de Egberto Gismonti. Ela é
fruto de experiências existenciais, da filosofia, do meditar, do fato de Déa
compreender bem o que é ser mulher e artista em um tempo ainda marcado pela
opressão. É música que não se verga ao gosto fácil, não conchava para aparecer,
para ganhar um ouvinte que a coloque em plano de fundo para qualquer outra
atividade diária. É música que negocia um tempo com o ouvinte e oferece ao
final da audição a recompensa de deixá-lo melhor, pelo que há de profundo em
suas poesias, pelo fato de surpreender com recursos aparentemente escassos.
Porque em Déa, o que parece pouco é suficiente demais”.
Do
Vale do Jequitinhonha - Alcidéia Margareth Rocha Trancoso nasceu em Almenara, Minas
Gerais. Filha de pais seresteiros, foi influenciada pelos violeiros,
cantadores, congadeiros e foliões do Vale do Jequitinhonha, região conhecida
pelo contraste entre a pobreza material e a riqueza da cultura popular.
Seu
trabalho incorpora sonoridades e referências a diversas manifestações da
cultura popular nacional, como catimbó, coco, acalanto, lundu, congo dobrado,
maracatu, batuque, moda de viola, samba de caboclo e samba de roda. Em 2002
participou do CD “O Violeiro e a cantora”, a convite do compositor e violeiro
Chico Lobo. Em 2006 lançou seu primeiro CD “Tum tum tum” , pelo selo Tum Tum
Tum Discos, disco relançado em 2010 pelo
selo Biscoito Fino. A este CD seguem-se “Serendipity”, de 2011, que traz
parcerias com Badi Assad, Chico César e Rogério Delayon, e “Flor do jequi”, de
2012, duo com o violonista Paulo Bellinati, que traz recriações de ícones do
Vale do Jequitinhonha.
Déa
foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira em 2007 em quatro categorias:
“Disco Regional”, “Cantora Regional”, “Projeto Gráfico” e “Voto Popular”. Em
2013 na categoria “Cantora Regional”. Como compositora, teve músicas gravadas
por Ná Ozzetti, Mônica Salmaso e Gonzaga Leal.
Para
sua apresentação no Solo Música, Déa utilizará instrumentos construídos artesanalmente, como flauta de
PVC, rabecas, ocarina de cerâmica e instrumentos pouco conhecidos no Brasil
como são o shruti indiano e o cuatro venezolano.
A apresentação de Dea Trancoso, dentro da Série Solo Música, tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e é uma realização de Alvaro Collaço Produções. Ingressos a R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia) podem ser adquiridos na bilheteria da Caixa Cultural, na Rua Conselheiro Laurindo, 280. Informações pelo fone 2118-5111.
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