A
Caixa Cultural traz à Curitiba a peça teatral “BR-Trans”. O espetáculo, que faz
temporada na Caixa de 2 a 4 de Fevereiro, concorreu aos principais prêmios do
teatro brasileiro e aborda as vivências de travestis e transexuais no Brasil.
Segundo a ONG Internacional Transgender Europe, o Brasil é o país onde ocorre o
maior número de assassinatos de travestis e transexuais no mundo. Só nos
primeiros meses de 2017 foram registrados mais de 150 casos de homicídio. O que
está por trás de tanta violência e intolerância? Quem são as vítimas dessa
tragédia cotidiana? Este é o cerne da montagem.
A
peça “BR-Trans” apresenta de forma poética, inventiva e sem deixar de recorrer
ao humor, histórias de superação vividas por muitas pessoas transgênero. O
espetáculo, escrito e protagonizado pelo ator Silvero Pereira, já foi assistido
por mais de 40 mil espectadores em várias cidades brasileiras, além de integrar
a programação de festivais internacionais em países como Alemanha e Estados Unidos.
Em
“BR-Trans”, dirigido por Jezebel de Carli, professora e diretora gaúcha, está o
resultado de quatro anos de pesquisa feita por Silvero junto a travestis,
transformistas e transexuais de Porto Alegre. Em cena, o ator/autor narra
histórias de vida, interpreta canções e dá voz a um sem número de pessoas que a
sociedade teima em manter invisíveis. “BR-Trans” busca a inclusão, rompendo
estereótipos e provocando reflexões.
Idealizado
pelo ator Silvero Pereira, o espetáculo tem como interesse temático o universo
de travestis, transexuais e artistas transformistas brasileiros. A montagem é
resultante de um processo de pesquisa cênica que teve como perspectiva o teatro
enquanto instrumento capaz de entreter, promover discussão e fomentar a
transformação social através da arte. “BR-Trans é um processo
artístico-documental que traça os pontos convergentes e divergentes do universo
trans brasileiro entre os polos regionais Nordeste e Sul do país. Trata-se de
um trabalho estético com base nos afetos, nas relações estabelecidas durante a
pesquisa e na oportunidade de provocar questionamento, quiçá uma transformação
social a partir da quebra de preconceitos por meio da arte", afirma
Silvero.
A
diretora Jezebel de Carli teve seu primeiro contato com Silvero através de um
amigo em comum, quando estava participando de um festival em Salvador.
Informou-se sobre a pesquisa que o ator estava desenvolvendo, sobre a arte
transformista, e soube que ele estava à procura de um diretor que pudesse ser
seu “provocador cênico”. Após três meses de trabalho intenso, estrearam juntos “BR-Trans”.
“Um manifesto, uma narrativa documental, um teatro depoimento, uma performance
transformista”, como a diretora costuma descrever.
A
“arte trans” de Silvero Pereira - Histórias do Nordeste e do Sul. Trânsito de
descobertas, dúvidas, angústias, liberdades, criação e transformação. “BR-Trans”
aproxima lugares, sentimentos e histórias, vividas em cena por Silvero Pereira,
que costura e mistura narrativas que se inscrevem na sua vida e em sua trajetória.
Para o artista, o teatro é instrumento de transformação social e de mudança de
paradigmas; e a arte transformista é legítima linguagem cênica.
Silvero
Pereira, 34 anos, é ator, dramaturgo, produtor cultural, maquiador, iluminador,
aderecista, diretor e artista plástico. Concludente do Curso Superior em Artes
Cênicas do Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE). Começou a sua
carreira em 1998, quando aluno da Escola Técnica Federal do Ceará (ETFCE) em
Fortaleza, se matriculou na oficina de teatro e logo depois já estava no elenco
fixo da Cia Dionisyos de Teatro em Fortaleza (CE) atuando em vários grupos de
teatro da cidade.
No
ano 2000, fundou o Grupo Parque de Teatro, por meio da Fundação Parque de
Formação Integral do Tapuio, na cidade de Aquiraz, onde desenvolveu um trabalho
social e voluntário com crianças e jovens usando a arte como mecanismo
educacional e social. Em 2002, iniciou sua pesquisa sobre o universo de
travestis e transformistas com o solo “Uma Flor de Dama”, trabalhando a
direção, texto adaptado, interpretação, cenário, figurino, maquiagem e
sonoplastia. Com este solo participou de mais de 20 festivais nacionais,
inclusive do IX Festival Nacional de Teatro de Recife, colecionando mais de 12
prêmios e a participação no Palco Giratório, maior programa de arte, circulação
e difusão da América Latina.
Em
2006, criou a Inquieta Cia. de Teatro, na qual ainda integra o elenco. Entre
2009 e 2012, foi professor do Curso Princípios Básicos de Teatro do Theatro
Estadual José de Alencar. Fundou o coletivo artístico As Travestidas, onde
produziu e dirigiu 10 trabalhos entre teatro, dança, música, exposição,
festivais e a Transvirada Cultural – 12 horas de arte com temática sobre
travestis e transformistas.
Indicadas
para maiores de 14 anos, as encenações de “BR Trans” acontecem nos dias 2 e 3,
às 20h; dia 4, às 19h. Os ingressos custam R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia, conforme
legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito Caixa). A compra
pode ser feita com o cartão vale-cultura. Mais informações: 2118-5111.
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