O Museu Paranaense apresenta nesta sexta-feira
(8) o documentário que revela as pinturas rupestres no oeste baiano. O Sítio
Arqueológico Gruta das Pedras Brilhantes, em São Desidério, é o tema desse
primeiro episódio da série televisiva documental “O lugar antes de mim”, que
fomenta a valorização do Patrimônio Material brasileiro por meio da linguagem
audiovisual. O documentário tem direção da paranaense Karla Nascimento e será
exibido no Auditório Loureiro Fernandes, às 19h. A entrada é gratuita.
Karla já dirigiu outros documentários, como
“Pelos traços de Poty?”, e produziu “As pedras o vento não leva”. É entre seu
estado natal e a Bahia que ela procura o próximo lugar a ser abordado na série
“O lugar antes de mim”. “A proposta é fazer circular registros sobre povos que
habitavam o nosso país em tempos remotos. Mostrar que outras civilizações
habitavam a América antes do período das Grandes Descobertas e recuperar
aspectos de seus cotidianos”, afirma Karla sobre o objetivo da série.
A disseminação desses registros não se
restringe ao Brasil e o episódio inaugural foi exibido no final de maio no
festival Finisterra, em Portugal.
O episódio “Gruta das Pedras Brilhantes” tem
como fio condutor depoimentos de pesquisadores que partem do papel da
arqueologia na compreensão da sociedade, avançam pelos tipos de sítios comuns
no oeste baiano e chegam à caracterização do sítio em foco no documentário. O
documentário tem o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e do Fundo de
Cultura da Bahia; e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia
(IPAC).
Os entrevistados percorreram outros sítios da
região e consideram que a Gruta das Pedras Brilhantes serve como uma espécie de
guia para um entendimento regional. “Nossa hipótese é que a gente possa comparar
todos com essa gruta, pela sua concentração de elementos da arqueologia, tanto
da pintura quanto do material lítico”, diz a mestre em Arqueologia Fernanda
Libório, professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob).
Foi durante o acompanhamento das pesquisas
desenvolvidas por Fernanda, junto com estudantes de Barreiras, que a diretora
se convenceu que era necessário registrar e divulgar a magnitude do local.
Batizada devido à presença de pedras
brilhantes, a gruta intriga os arqueólogos, que ainda não entraram em consenso
sobre essa característica. O doutor em Arqueologia Luydy Fernandes, professor
da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), diz que o brilho tem três
origens possíveis: reação química natural, ação humana ou uma combinação dos
dois elementos. Ele diz que quando alguma intervenção humana remove o brilho,
ele volta a surgir, o que reforça a ideia da origem natural.
Além das pedras que brilham, o documentário
mostra estalactites, estalagmites e coralóides, sempre explicando seus
processos de formação. “Menos conhecidos, os coralóides são pequenas deposições
ao longo da parede, como se a rocha estivesse suando água”, explica o geólogo e
paleontólogo Leonardo Morato.
Com uso de uma tecnologia especial, a produção
revela cores intensas nas pinturas rupestres encontradas no Sítio Arqueológico
Seu Camé. “O olho humano é extremamente limitado para a percepção das
representações rupestres”, afirma o doutor em Arqueologia Carlos Costa,
professor da UFRB. Em tons de amarelo e vermelho, além de preto, os pigmentos
identificados são de óxido de ferro, óxido de manganês, caulinitas e carvão.
Interessada em alcançar também o público leigo
em arqueologia, a diretora usa uma linguagem acessível e dá voz ao conhecimento
popular, trazendo entrevistas de um guia local e um antigo morador. “Espero que
a série colabore para a conscientização dos espectadores sobre a história não
oficial, diferente da eurocêntrica que nos é apresentada”, diz Karla. Na sua
opinião, “a construção da memória é imprescindível para a formação da
identidade pessoal e coletiva”.
O Museu Paranaense está situado na Rua Kellers,
289, São Francisco. Mais informações: 3304-3300 ou
www.museuparanaense.pr.gov.br.
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