Ela não é apenas uma pequena ópera encenada,
sendo mais curta e leve e menos extravagante do que as obras tradicionais. A
opereta genuína dá um passo a mais ao permitir a coexistência do canto e da
fala e ao aproximar o erudito do popular. Precursor da comédia musical, esse
gênero de teatro se tornará mais acessível aos curitibanos a partir desta
quarta-feira, 6 de fevereiro. É quando estreia a montagem “Janaína, Não Seja Boba”,
do diretor italiano Roberto Innocente, com música do maestro Alessandro
Sangiorgi.
Em Curitiba, algumas iniciativas já têm sido
desenvolvidas na intenção de aproximar o público da ópera. Uma delas, em
especial, foi responsável por trazer para o Brasil o diretor Roberto Innocente
e consolidar a sua parceria com o maestro Alessandro Sangiorgi. Roberto veio de
Pádova para Curitiba em 2005 a convite do Teatro Guaíra para dirigir “La
Boheme”. Desde então, esses dois italianos, juntos, já dirigiram no Paraná
projetos importantes, como: “La Serva Padrona” (ação do CCTG), “Livietta e
Tracollo” (projeto “Ópera Ilustrada”, na Capela Santa Maria), “L’Occasione fa
il Ladro” (produção da Opera Orchestra Curytiba), entre tantas outras ações de
impacto neste segmento.
Além dos projetos em comum, os dois parceiros
de trabalho carregam como igualdade trajetórias artísticas importantes. O
maestro Alessandro Sangiorgi, que por nove anos atuou como regente titular e
diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Paraná, foi responsável pela
ampliação do repertório sinfônico e pelo retorno das montagens de óperas no
Centro Cultural Teatro Guaíra. Em 2009, recebeu o reconhecimento do governo
italiano por sua trajetória cultural, sendo a ele conferida a Caveliere
dell’Ordine della Solidarietá (Comenda da Estrela da Solidariedade Italiana).
Roberto Innocente é daqueles artistas plurais.
Ator de teatro e cinema, dramaturgo, diretor, cenógrafo e artista plástico. É
especializado em ópera lírica e commedia dell’arte. Na Europa, seguiu os
ensinamentos de nomes consagrados, como Dario Fo e Carlo Boso. Na capital
paranaense, fundou o grupo Arte da Comédia, do qual é diretor artístico. A
companhia já tem mais de dez anos de trajetória marcados por premiações
diversas.
O novo espetáculo, porém, se diferencia de
todos os outros projetos que Innocente e Sangiorgi já tocaram em parceria.
Innocente explica que, para além da ópera, a opereta é um gênero pouquíssimo
difundido no Brasil e, quanto mais, no Paraná. “Nunca Curitiba investiu em uma
montagem no estilo. Não é musical e não é ópera lírica. A opereta tem o
diferencial de ter a música clássica como norte, mas mergulhar no popular em
paralelo. Tanto quem aprecia óperas, quanto quem se identifica com a MPB ou o
samba, por exemplo, encontrará referências em ‘Janaína, Não Seja Boba’. No
mais, é uma comédia, o que garante muita diversão ao público”, reforça o
diretor.
Para Sangiorgi, que já dirigiu musicalmente
variadas óperas, o grande diferencial desse projeto foi a composição original.
Todas as 27 músicas de “Janaína, Não Seja Boba” são de sua autoria. A inspiração
veio de obras famosas na ópera e de clássicos da música popular, brasileira e
italiana. “Há alusões a temas e partes de óperas conhecidas que se misturam a
referências do texto. O público vai identificar homenagens a compositores que
vão desde Puccini (com referência a ‘La Boheme’, por exemplo), Bizet (com ‘Carmen’),
Rossini (com ‘O Barbeiro de Sevilha’) até Camargo Guarnieri, Carlos Gomes e
Noel Rosa, entre outros”, explica o maestro.
Para colocar em prática essa empreitada, dez
atores foram selecionados a dedo em um processo que incluiu análise de
currículos, entrevistas e uma semana de intensa oficina de canto e
interpretação. “Temos a honra de ter conseguido montar uma equipe com um belo
repertório, são atores com vivência musical, extremamente talentosos,
qualificados e repletos de entusiasmo para este projeto”, anima-se Roberto.
Entre os atores está Daniel Siwek como um dos protagonistas. Ator e músico de
longa data, ele ficou nacionalmente conhecido por sua participação em novelas
como “Os Dez Mandamentos” e “Jesus”, ambas da Rede Record.
O texto é uma “ópera na ópera” que se passa no
Rio de Janeiro, em Angra dos Reis. O protagonista, maestro Martins, faz anos
tenta encenar a sua ópera prima; “Janaina Não Seja Boba”. A sobrinha do prefeito,
Janaina, é apaixonada por Chico, mas o tio não quer que o namoro continue e tem
a intenção de mandar Chico embora. Chegam à cidade Francisco e Miranda, cantora
do varieté em fuga do Rio para casar contra a vontade do Beto, pai do
Francisco. Ele, por sua vez, não quer o filho envolvido com uma artista
considerada por ele pessoa indigna. Em meio aos desencontros amorosos, o malandro
da cidade, Thiaguinho, ao mesmo tempo que usa de suas estratégias para fazer
uma grande confusão, lança mão de seu jogo de cintura para conduzir a trama a
um final feliz – como nas tradicionais comédias. A ópera do maestro Martins
segue a mesma trama do espetáculo e, assim, os dois enredos se misturam e se
confundem.
De autoria de Roberto, a dramaturgia foi
premiada em concurso do Teatro de Comédia do Paraná sendo publicada na edição
2016 do livro “Comédia Paranaense”. Agora, com o incentivo do PROFICE (Programa
Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura) e o patrocínio da Copel, é que a
peça sairá do livro diretamente para os palcos.
As apresentações acontecem de 6 de fevereiro a
3 de março no Teatro Barracão EnCena. As sessões são às 21h de quarta a sábado
e às 19h nos domingos. Os ingressos
custam R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia-entrada) e podem ser adquiridos na bilheteria
do local. O Teatro Barracão EnCena fica na Rua Treze de Maio, 160, Centro. Mais
informações pelo telefone 3223-5517.
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