O jornalista e historiador Ulisses Iarochinski
lançou mundialmente, no último sábado (23), na maior livraria online do mundo -
a Amazon.com - seu mais recente trabalho em formato E-book. O livro de 261
páginas conta a história da maior colônia de imigrantes polacos do Brasil -
Cruz Machado - localizada a 40 km de União da Vitória.
Resultado de cinco anos de pesquisas na Polônia
e no Brasil, “Cruz Machado – Lenda Virou História”, ao mesmo tempo desmistifica
e desmitifica a oralidade histórica de pessoas envolvidas e de descendentes,
que transformaram em lenda uma história que não teve tanta tragédia assim.
Iarochinski declara que levou 13 anos para
publicar a obra. Depois de várias tentativas de publicar em papel, por meio de
patrocínio, editoras, apoios institucionais, leis de incentivo, rendeu-se e
acabou por lançar um livro não-impresso, no formato online. “Teve que ser via
E-book. Não porque não quis lançar em papel, mas porque nunca houve dinheiro
para tal”.
Cruz Machado, hoje município do Sul do Estado
do Paraná, foi criado como colônia de emigrantes polacos, rutenos e alemães, em
19 de dezembro de 1910. Já nos dois primeiros anos recebeu 5.500 imigrantes,
sendo 95% polacos. E foi justo neste momento, que uma trágica lenda começou a
ser contada.
Contudo, Iarochinski depois de produzir o
documentário “Cruz Machado – Os Polacos e o Tifo”, ganhou bolsa de estudos do
governo da Polônia e foi para Cracóvia escrever tese sobre o que teria sido a
maior tragédia ocorrida entre os fluxos imigratórios do Brasil.
Surpresas e contradições foram surgindo ao
longo das pesquisas e das contraposições de informações. De um lado o
depoimento de pessoas com quase cem anos de idade, e de outro documentos
primários, publicações oficiais, jornais da época e relatos de viajantes
polacos desmentindo e desqualilificando a oralidade dos envolvidos na tal
“tragédia”.
Iarochinski afirma que teóricos da
historicidade falam existir ligação entre memória e identidade. Que ambas se
conjugam e se apoiam para produzir uma narrativa, uma história ou um sacralizar
do mito. “A memória individual é um fragmento da memória coletiva, onde membros
de um grupo produzem a respeito de uma memória comum. Fontes orais nos contam
não apenas o que o povo fez, mas o que queria fazer, o que acreditava estar
fazendo e o que agora pensa que fez. A história oral trabalha com lembranças.
Enquanto a memória é vida, gestada por grupos vivos, em permanente evolução; a
história é uma reconstrução incompleta e problemática do passado”.
Para Iarochinski “se a memória é afetiva e
mágica; a história é uma operação intelectual. Exatamente como a memória, a
ciência história pode remontar o passado e foi isto que aconteceu em Cruz
Machado. A oralidade tomou conta da história e a subverteu, criando uma lenda
fantástica e trágica para explicar as dificuldades de seu início. Ao ignorar,
omitir e confundir a história real da colônia de Cruz Machado, oficializaram a
lenda em detrimento dos fatos, registros e documentos”, completa o autor.
O livro “Cruz Machado - Lenda Virou História” está
disponível para venda por R$ 22,54 na Amazon.com no endereço https://www.amazon.com.br/dp/B07P197Y34
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