Acontece neste fim de semana, no pavilhão de
eventos do Parque Barigui, o 29º Imin Matsuri, festival cultural que marca a
entrada do inverno e os 111 anos da chegada dos primeiros imigrantes japoneses
ao Brasil. Com apoio da Prefeitura e da Fundação Cultural de Curitiba, o evento
será no sábado (29), das 10h às 20h, e no domingo (30), das 10h às 18h. Os
ingressos custam R$ 7,00 ou R$ 10,00 para os dois dias (isento até 12 anos e
acima de 60 anos).
Música, comida, dança e cosplayers de mangás
(pessoas vestidas e maquiadas como personagens de histórias em quadrinhos)
circulando pelo local estão entre as atrações da festa que sintetiza os
elementos culturais que caíram no gosto do curitibano e tem lotação garantida.
“As pessoas vinculadas a outros grupos étnicos,
como o polonês e o italiano, foram seduzidas pela beleza e pelo sinônimo de
garantia de qualidade em tudo o que representa a cultura japonesa”, argumenta a
professora de História das Artes da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e
pesquisadora sobre o tema Rosemeire Odahara Graça.
TRAÇOS DO JAPÃO - Isso explica, segundo ela, o
interesse rotineiro pelos restaurantes de comida japonesa, as oficinas e cursos
sobre ikebana (arranjos florais) e bonsai (cultivo de miniaturas de plantas) e
o sucesso dos mangás principalmente entre os mais jovens.
Antes dessas manifestações ganharem
visibilidade, porém, o poeta curitibano descendente de poloneses Paulo Leminski
já se rendia ao judô e, como a poetisa descendente de ucranianos Helena Kolody,
escrevia haicais - o gênero poético de três versos nascido no Japão do século
16.
A presença do elemento japonês na cultura
curitibana, no entanto, vai além. “Creio que a mais evidente são as
cerejeiras”, avalia Rosemeire, referindo-se às árvores que, em breve estarão
floridas.
A cerejeira ganhou visibilidade a partir de
1994, na primeira gestão do prefeito Rafael Greca, quando mudas enviadas como
presente do imperador e da imperatriz do Japão foram tratadas, ambientadas e
passaram a compor a arborização das praças da cidade.
Várias delas estão na Praça do Japão, onde
também na primeira gestão de Greca foram instalados o Memorial da Imigração e o
Portal Japonês. No local, cuja construção foi iniciada no final dos anos 50,
também funciona o Farol do Saber temático Hideo Handa, em homenagem ao escritor
de origem nipônica. No ano passado, uma escultura em aço da artista Tomie
Ohtake passou a integrar o espaço.
MARCAS DA IMIGRAÇÃO - A contribuição dos
descendentes também está consolidada como bem cultural e pode ser desfrutada
pelo público. É o caso da Gibiteca de Curitiba - a biblioteca de gibis do
Centro Cultural Solar do Barão, idealizada e inicialmente dirigida pelo
arquiteto e professor universitário Key Imaguire Júnior. É lá que acontecem os
cursos de mangá - o estilo japonês de desenhar histórias em quadrinhos
introduzida pelo desenhista e agitador cultural Cláudio Seto.
A arte com raízes no Oriente também pode ser
apreciada nos espaços de exposições e nos palcos da Fundação Cultural. Enquanto
os museus contam obras de 31 artistas nascidos no Japão e de descendentes de
japoneses, como Manabu Mabe, Tadashi Ikoma, Alice Yamamura e Lilia Terumi
Kawakami, a Orquestra à Base de Corda do Conservatório de MPB tem à frente o
maestro e professor paulista radicado em Curitiba João Egashira.
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