No espetáculo “O Som das Cores”, a
história de uma menina em busca de seus olhos convida a plateia para um
mergulho no universo dos cegos. Ao final de cada sessão do espetáculo de
animação O som das cores, da companhia mineira Catibrum, muitos cegos pedem
para tocar o boneco que faz as vezes de Lúcia, a adolescente de 15 anos que
perde a visão e, pensando que seu cachorro havia fugido com seus olhos, sai à
procura deles pelas estações de metrô. “Eles ficam muito emocionados e
sentem-se valorizados por poderem assistir a um espetáculo que foi pensado
também para eles”, conta Lelo Silva, autor e diretor da peça que será
apresentada neste final de semana na Caixa Cultural Curitiba.
O espetáculo inaugura a primeira
experiência com audiodescrição da companhia de teatro de animação sediada em Belo Horizonte. Em
Curitiba, dez aparelhos de escuta estarão ligados a uma cabine à prova de som,
onde um profissional fará a descrição das informações visuais, ou seja, do que
não é dito nos diálogos do espetáculo. São palavras que, assim como as imagens
criadas por Lelo, estão carregadas de simbolismo e poesia retirados de
inspirações literárias e cinematográficas.
Ao ler a obra do autor taiwanês Jimmy
Liao, que dá título à montagem, o diretor mineiro encantou-se pela adolescente
que enfrentava sua cegueira com criatividade e emoção à flor da pele. Para
encorpar o roteiro, entretanto, Lelo decidiu incluir referências de filmes de
aventura como Labirinto e História sem fim, além de poemas de O livro das
imagens, do tcheco Rainer Maria Rilke, como O cego.
A variedade de referências ajuda a
construir um espetáculo para todas as idades. Lelo, aliás, diz que nunca pensa
na faixa etária quando está escrevendo, mas na melhor forma de contar a
história. “Isso me faz sair do lugar comum em que as crianças são tratadas pela
maioria dos espetáculos infantis. Grande parte dos roteiristas de teatro acha
que para fazer uma dramaturgia infantil precisa tratar as crianças como menos
capacitadas intelectualmente, e repetem fórmulas envelhecidas. Tento fazer um
teatro novo, que agrade a todos, sem a obrigação de um final feliz”, conta.
Alguns recursos do espetáculo foram
pensados não apenas como complemento às ações de Lúcia, mas para aumentar a
capacidade de percepção e compreensão dos cegos durante a trama. “Como a trilha
sonora fantástica criada pela banda Graveola e o Lixo Polifônico, aliada à
sonoplastia de Tim Santos”, diz. A companhia, que já esteve em Curitiba para
participar do Festival Espetacular de Teatro de Bonecos com os espetáculos “O
cavaleiro da triste figura”, em 2004, e “Homem voa?”, em 2008, retorna à cidade
para exibir suas novas criaturas, que ganham vida pelas mãos dos
atores-manipuladores Daniela Perucci, Leandro Marra, Patrícia Rache e Aurora
Majnoni.
As apresentações de “O Som das Cores”
acontecem nestes sábado (12), às 16h e às 18h, e domingo (13), às 16h e os ingressos
custam R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia, conforme legislação, e clientes Caixa). Mais informações:
2118-5111. O espetáculo é livre para todos os públicos.
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