Selma
Baptista, uma das vozes mais marcantes da cidade, ocupará o palco do Teatro da
Caixa nesta quarta-feira, às 20 horas, para celebrar um acontecimento inédito
na carreira de mais de 20 anos – o lançamento de seu primeiro CD, “Choro Encantado”,
que foi possível graças à Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba, da
Fundação Cultural de Curitiba e Incentivo da Caixa. No show, Selma Baptista
canta acompanhada de alguns músicos referenciais na cena do choro na cidade:
Vicente Ribeiro, direção musical e cavaquinho; Daniel Migliavacca, bandolim;
Zélia Brandão, flauta; Vinicius Chamorro, violão de 7 cordas e Iê dos Santos,
pandeiro.
Embora
reconhecida pelo talento e refinamento musical, a cantora entrou em estúdio
inúmeras vezes para participar de discos de outros artistas e gravação de
jingles, porém realizar um trabalho solo nunca fez parte de seus planos. Até o
dia em que ouviu a sugestão do produtor Alvaro Collaço, durante uma conversa
classificada por ela de “intelectual”, considerando-se que “somos duas cabeças
pensantes”.
Desde
o primeiro momento houve uma clara concepção do projeto: o registro de choros
produzidos por compositores curitibanos (residentes na cidade) e que fossem de
seu agrado. Foi descartado o didatismo histórico, mas ao final da seleção as
músicas acabaram naturalmente se concentrando nos anos de 1970 e 1980, apesar
da inclusão de outras mais recentes, a exemplo de “Choro suicida”, de Octávio
Camargo e Alexandre França.
Outro
diferencial do CD “Choro Encantado” foi a escolha de cinco arranjadores - André
Prodóssimo, Daniel Migliavacca, João Egashira, Julião Boêmio e Vicente Ribeiro
- e instrumentistas atuantes na cena curitibana. A diversidade na autoria dos
arranjos foi proposta de Collaço para tornar o disco mais rico pela somatória
das características de cada um.
DO
JAZZ AO CHORO - Selma encanta os notívagos nas noites de Curitiba desde os anos
de 1980, especialmente com suas interpretações jazzísticas. As jam sessions das
quais participou envolvendo renomados nomes da cena nacional, tornaram-se
memoráveis. Inesquecíveis para muitos. Vale dizer que nem só de jazz Selma
sustentou-se musicalmente. Apresentou espetáculos cantando samba, bossa-nova,
choro, Tom Jobim, levando ao público ritmos e climas diversos. “Queria mostrar
que sabia cantar outras coisas não só o jazz. Mas, por exemplo, quando fiz um
show no Teatro do Paiol cantando a obra de Noel Rosa, nunca ninguém comentou”.
A
queixa deve-se à aura que ficou por Selma Baptista ter sido a primeira cantora
a ter um trio de jazz na cidade, formada por Boldrini no contrabaixo, Tiquinho
na bateria e Hildebrando Brasil no piano, no final dos anos 1980. Esta sua
imagem como cantora de jazz criou um distanciamento que a Selma nunca aceitou e
sempre tentou romper. Basta acompanhar sua carreira musical que só não foi mais
intensa porque dividia o tempo com outra de suas paixões: a carreira acadêmica,
como antropóloga.
CHORO
ENCANTADO - Em “Choro Encantado” há um passeio delicioso pela cidade cuja
tradição do choro mostra-se intensa desde a primeira parte do século passado, e
se estende até os dias atuais.
Nos
treze números selecionados as letras dão uma conotação que se mostra
deliciosamente curitibana, como no exercício histórico de Paulo Vítola ao
pinçar nomes como “Rua da Cadeia”, “Rua da Carioca”, “Travessa das Casinhas”,
sepultados pelo tempo, que deram vez aos endereços atuais. A música é do
parceiro Marinho Gallera (“Choro de Rua”).
O
bar Dizzy (referência ao lendário trompetista Dizzy Gillespie) que serviu de
cenário para um caso de amor, batizou uma das composições e o saudoso Bar do
China, que existiu nos áureos tempos do Teatro do Paiol, também faz parte do
roteiro. Em “Choro Suicida”, retrato de fortes cores locais, até mesmo o
locutor de programas policiais Ali Chaim, teve participação especial.
Com
todos esses elementos, Selma Baptista sentiu-se à vontade naquilo que ela chama
de “prosódia curitibana”. “É um disco de muita liberdade. Imito papagaio, faço
referências, dei voz a uma polaca, enfim, brinquei comigo mesma num
desprendimento total. Mas não fiz isso para mostrar técnica vocal. Com este CD
deixo uma homenagem ao choro cantado”, resume.
Livre
para todas as idades, a apresentação de Selma Baptista tem ingressos custando
R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia, conforme legislação e correntistas que pagarem com
cartão de débito Caixa). A compra pode ser feita com o cartão vale-cultura.
Mais informações: 2118-5111.
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