quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Artistas visuais lançam livro “Bordado Sobre Porcelana” no Solar do Barão


Neste sábado (27), às 15h, será lançado no Solar do Barão o livro “Bordaduras – Coisas de Alice”. A obra apresenta um suporte diferente para o bordado, até então não utilizado na arte contemporânea. Assinado pelas artistas visuais Giovana Casagrande e Leila Alberti, o material conta com colaborações de Marília Diaz, Tânia Bloomfield, Celaine Refosco e Walter Guerreiro.
O livro é resultado da exposição “Bordaduras – Coisas de Alice”, realizada em 2013. O projeto foi sucesso de crítica e público ao inaugurar um formato incomum no universo das artes plásticas, utilizando como ponto de partida o universo da personagem Alice, de Lewis Carroll. Juntas, Giovana e Leila criaram uma técnica inédita, a do bordado sobre porcelana, em um diálogo com dois suportes aparentemente distantes. Com a escolha e a desconstrução das técnicas do costurar, bordar, crochetar, tricotar e colar, as artistas abriram espaço para discutir a dicotomia entre arte e artesanato, e entre arte e produção industrial, trazendo à tona o movimento da arte têxtil.
Nós valorizamos e acreditamos na relevância do movimento da arte têxtil dentro das artes plásticas. Historicamente, o uso dos tecidos, fios e linhas foi visto como uma arte menor, menos criativa, e a nossa proposta é mostrar a relevância da materialidade têxtil, que no exterior encontra há anos espaço em grandes galerias e museus”, conta Giovana. O rompimento da técnica é a característica do projeto desenvolvido pelas artistas, constituído pelo imaginário de Giovana e Leila. Giovana aposta na gestualidade, o acaso, no ponto mais apertado. Já Leila utiliza o ponto mais aberto, a frouxidão, com o protagonismo do desenho e da pintura.
Nas porcelanas que encapsulamos não há ponto cruz, varicor, ponto atrás, caseado, anchor mouline. Não há também entremeio e bainhas abertas. Lá estão os nós, os ziguezagues, as laçadas espontâneas, o preenchimento do espaço com a sobreposição dos pontos e o bordado repuxado, utilizando as cores como na pintura”, diz Leila. No evento de lançamento, algumas peças da exposição também estarão expostas.

SOBRE BORDADURAS – O projeto “Bordaduras – Coisas de Alice” estreou no Museu Alfredo Andersen e na sequência, com a parceria de Cláudia Lara, foi um dos 25 trabalhos selecionados para o 66º Salão Paranaense, uma das mostras mais importantes do país. A inspiração veio do livro clássico “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, um texto repleto de encantamento e fantasia, que há mais de 100 anos serve de inspiração para artistas de todos os segmentos.
Durante 18 meses e 4 mil horas, Giovana Casagrande e Leila Alberti desenvolveram o projeto. Com experiências e exposições em outras cidades, encerram um ciclo de seis anos com o lançamento do livro sobre a exposição por meio da Lei do Mecenato,da Fundação Cultural de Curitiba e conta com o apoio da Opus Multipla e da Cartrom Embalagens.
O suporte escolhido foi a porcelana, com sua brancura asséptica, maculada pela profusão de cores dos fios de vários calibres. Com agulhas, bastidores, tesouras e fios, as artistas bordaram, tricotaram e crochetaram a porcelana, encapsulando os objetos que remetem ao universo de Alice, como bules, xícaras, vasos, bibelôs de gatos, coelhos, cachorros, corujas, elefantes, entre outros.
Com esse trabalho, a dupla criou novos sentidos para o bordado, ressignificando antigas manualidades dadas como femininas. Algumas obras receberam nomes alusivos ao universo de Carroll e também homenageiam grandes mulheres – outras “Alices” – como Sônia Delaunay, Efigênia Rolim, Marina Abramovic, Beatriz Milhazes e Lygia Clark.

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