Neste sábado (27), às 15h, será lançado no
Solar do Barão o livro “Bordaduras – Coisas de Alice”. A obra apresenta um
suporte diferente para o bordado, até então não utilizado na arte
contemporânea. Assinado pelas artistas visuais Giovana Casagrande e Leila
Alberti, o material conta com colaborações de Marília Diaz, Tânia Bloomfield,
Celaine Refosco e Walter Guerreiro.
O livro é resultado da exposição “Bordaduras –
Coisas de Alice”, realizada em 2013. O projeto foi sucesso de crítica e público
ao inaugurar um formato incomum no universo das artes plásticas, utilizando
como ponto de partida o universo da personagem Alice, de Lewis Carroll. Juntas,
Giovana e Leila criaram uma técnica inédita, a do bordado sobre porcelana, em
um diálogo com dois suportes aparentemente distantes. Com a escolha e a
desconstrução das técnicas do costurar, bordar, crochetar, tricotar e colar, as
artistas abriram espaço para discutir a dicotomia entre arte e artesanato, e
entre arte e produção industrial, trazendo à tona o movimento da arte têxtil.
“Nós valorizamos e acreditamos na relevância do
movimento da arte têxtil dentro das artes plásticas. Historicamente, o uso dos
tecidos, fios e linhas foi visto como uma arte menor, menos criativa, e a nossa
proposta é mostrar a relevância da materialidade têxtil, que no exterior
encontra há anos espaço em grandes galerias e museus”, conta Giovana. O
rompimento da técnica é a característica do projeto desenvolvido pelas
artistas, constituído pelo imaginário de Giovana e Leila. Giovana aposta na
gestualidade, o acaso, no ponto mais apertado. Já Leila utiliza o ponto mais
aberto, a frouxidão, com o protagonismo do desenho e da pintura.
“Nas porcelanas que encapsulamos não há ponto
cruz, varicor, ponto atrás, caseado, anchor mouline. Não há também entremeio e
bainhas abertas. Lá estão os nós, os ziguezagues, as laçadas espontâneas, o
preenchimento do espaço com a sobreposição dos pontos e o bordado repuxado,
utilizando as cores como na pintura”, diz Leila. No evento de lançamento,
algumas peças da exposição também estarão expostas.
SOBRE BORDADURAS – O projeto “Bordaduras –
Coisas de Alice” estreou no Museu Alfredo Andersen e na sequência, com a
parceria de Cláudia Lara, foi um dos 25 trabalhos selecionados para o 66º Salão
Paranaense, uma das mostras mais importantes do país. A inspiração veio do
livro clássico “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, um texto
repleto de encantamento e fantasia, que há mais de 100 anos serve de inspiração
para artistas de todos os segmentos.
Durante 18 meses e 4 mil horas, Giovana
Casagrande e Leila Alberti desenvolveram o projeto. Com experiências e
exposições em outras cidades, encerram um ciclo de seis anos com o lançamento
do livro sobre a exposição por meio da Lei do Mecenato,da Fundação Cultural de
Curitiba e conta com o apoio da Opus Multipla e da Cartrom Embalagens.
O suporte escolhido foi a porcelana, com sua
brancura asséptica, maculada pela profusão de cores dos fios de vários
calibres. Com agulhas, bastidores, tesouras e fios, as artistas bordaram,
tricotaram e crochetaram a porcelana, encapsulando os objetos que remetem ao
universo de Alice, como bules, xícaras, vasos, bibelôs de gatos, coelhos,
cachorros, corujas, elefantes, entre outros.
Com esse trabalho, a dupla criou novos sentidos
para o bordado, ressignificando antigas manualidades dadas como femininas.
Algumas obras receberam nomes alusivos ao universo de Carroll e também
homenageiam grandes mulheres – outras “Alices” – como Sônia Delaunay, Efigênia
Rolim, Marina Abramovic, Beatriz Milhazes e Lygia Clark.
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