segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Fabrício Carpinejar e Carlos Nejar apresentam "Poesia de Pai Para Filho" nesta quinta-feira


Os escritores, poetas, pai e filho, Carlos Nejar e Fabrício Carpinejar apresentam no Teatro Fernanda Montenegro “Poesia de Pai Para Filho - Encontro de Duas Gerações”. O espetáculo teatral, que acontece no dia 25 de outubro (quinta-feira), às 20 horas, conta com a leitura dos principais títulos de ambos, mostrando a cumplicidade na criação dentro de casa, seja em dicas do método literário, ou em histórias de aprendizado.
A peça é comemorativa das seis décadas de literatura de Carlos Nejar, 79 anos, membro da Academia Brasileira de Letras, e indicado ao Nobel pela Academia Brasileira de Filosofia; e dos 20 anos de carreira de Fabrício Carpinejar, 45 anos, premiado com o Jabuti e o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte. A apresentação é gratuita e os ingressos devem ser retirados uma hora antes do evento.
Em versos, a montagem faz uma homenagem à importância da família. No palco, duas gerações diferentes de autores, apresentando os seus ideais de criação literária, o seu método de trabalho, as dificuldades e desafios que tiveram que superar para alcançar o reconhecimento. No texto, momentos das suas trajetórias líricas. Carlos Nejar faz leitura de seus poemas prediletos e Fabrício conta histórias da convivência entre eles. “É poesia e crônica se envolvendo. Falamos o quanto são duas dicções diferentes, dois temperamentos diferentes, duas gerações diferentes, mas ambas partilham o mesmo respeito em ouvir. Ouvir a tempestade, ouvir a respiração, ouvir o coração”, adianta Carpinejar.
Em cena, todas as poesias são trabalhadas a partir de objetos simbólicos e emocionais, como relógio, escapulário, porão, retrato, mostrando um universo marcado por rituais masculinos. Juntos, Carlos e Fabrício explicitam que o homem chora, se emociona e que está cada vez mais aberto a transparecer seus sentimentos de continuidade e afinidade. Nada melhor que a relação entre pai e filho para realizar as confissões dos medos e alegrias entre os homens. “No mundo de extremismo, de intolerância, a gente quer mostrar o quanto que a poesia cumpre essa carência de emoção. A poesia ensina a aceitar a solidão e aceitar as diferenças. Quem tem poesia em sua vida, é mais sensível e menos preconceituoso”, acredita Carpinejar.

TROCAS ENTRE PAI E FILHO - Pela primeira vez, os poetas se unem para uma apresentação com a proposta de mostrar a troca de experiências e de cumplicidade entre pai e filho. “A ideia veio do filho, e depois acolhi porque é muito importante pra mim estar junto dele. Penso que a poesia tem que ser dita, pois na oralidade ela se abre e comove. No papel é fria.Na fala, é ardente e humana. O espetáculo vai nos aproximar mais dos leitores, porque não é apenas a voz, é também o rosto, a forma de ser e dizer”, explica Carlos Nejar. “Era um sonho antigo. Eu e meu pai vamos reviver tudo aquilo que vivemos na infância. Um exemplo é a varanda de relâmpagos. Sempre que ia chover, minha mãe e irmãos corriam para dentro. Eu e meu pai fazíamos o movimento contrário. Pegávamos as cadeiras de praia e íamos assistir ao ‘teatro dos relâmpagos’. Mãe e irmãos gritavam pra gente ir pra dentro. E, eu e ele, em nossa cumplicidade, sabíamos que viver é ter coragem. Ter um poeta como meu pai, me fez ter coragem para ser poeta”, declara Fabrício Carpinejar.
Carlos Nejar confessa ser emocionante recitar junto ao filho. “Poeta como eu, comunicador de vocação e que sabe recitar poemas, é algo que só se aprende na medida em que a gente cria. Eu sei que cada um tem a sua entonação e nós formamos uma boa dupla. São duas gerações que se unem na palavra de pai a filho. Embora a poesia se estenda a todas as gerações porque é um estado de êxtase e beleza. Nós somos muito próximos, a poesia nos reúne, como se fosse uma alma coletiva. E, na minha visão, a poesia não é apenas uma maneira de estar no mundo, poesia é uma maneira de estar com todos”, acredita o pai.
O espetáculo teve estreia no dia 28 de setembro, em Brasília. Depois foi apresentado em Porto Alegre, e após a passagem pela capital paranaense, segue para mais três cidades: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

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