Com apenas 20 anos, foi a experiência de vida e
o trabalho que fez o estudante de Arquitetura e Urbanismo Guilherme Cesar
Novak, aluno da PUC-PR, a lecionar - antes mesmo de se formar - desenhos
urbanos para arquitetos e outros colegas que desejam olhar a cidade com mais
detalhes. Foi com essa premissa que ele formatou a oficina de Croquis Urbanos,
um dos cursos da Academia Alfredo Andersen, dentro do Museu Casa Alfredo
Andersen (MCAA).
"O curso é basicamente desenho de
perspectiva. Trabalhamos com perspectiva cônica com técnica em grafite,
aquarela ou mista", explica o jovem professor. "A intenção que eu
tenho é fazer com que eles [alunos] percebam a cidade de um jeito diferente,
que a enxerguem como pessoas que desenham e desenvolvam uma linguagem própria,
não só a técnica. O ateliê de desenho é uma experiência diferente de sala de
aula, é mais descontraído. A gente fala de arte, política, arquitetura. O
desenho por si só não é o suficiente. A troca de experiências que é a parte
mais legal".
O fato de se interessar mais pelas pessoas e
achar que a cidade é uma consequência delas vem antes do estudo da arquitetura
e da admiração por Paulo Mendes da Rocha, um dos ícones desta área: aos 15
anos, Guilherme foi trabalhar como servente de pedreiro e aprendeu muito sobre
arquitetura, mesmo que o seu trabalho na época consistisse apenas em pegar
tijolos, empilhar e levar para a próxima laje. "No primeiro ano da
faculdade tem algumas matérias de tecnologia de construção e essa experiência
me serviu muito. Mas o mais bacana foi o contato com as pessoas. Isso é
fundamental".
Curitibano do Alto Boqueirão, Guilherme ajudou
os pais desde pequeno: além de servente de pedreiro, também foi atendente em
uma farmácia, no Sítio Cercado. Estar em uma região mais periférica, diz ele,
fez com que sua percepção sobre o meio urbano fosse diferente do que ele
observa no centro da cidade. "Na periferia, a cidade é mais informal,
funciona de maneira espontânea. As pessoas te dão bom dia na rua, não tem nada
daquela coisa de curitibano fechado", frisa.
O desenho veio um pouco mais tarde, quando
Guilherme começou a flertar com a ideia de cursar Arquitetura e estudou no
Ateliê Casa Artes Visuais para entrar na faculdade. "Eu consegui uma bolsa
e com 17 anos passei no vestibular. Foi aí que comecei a ter mais contato com o
desenho", fala.
Hoje no 7º período da graduação, Guilherme deve
partir para um intercâmbio em outubro na Yokohama National University, no
Japão. "Dar as aulas me possibilitou pagar o passaporte e outros gastos
que eu não poderia pagar. E eu vou bem em outubro, mês do meu
aniversário", conta.
O curso de Croquis Urbanos acontece às
segundas-feiras, das 18h30 às 21h45 e necessita de um investimento de R$
100,00. Mais informações: 3222-8262.
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