O Museu Oscar Niemeyer (MON) apresenta ao
público a partir desta sexta-feira (3) “Ai Weiwei Raiz”, a primeira exposição
do artista chinês no Brasil e também a maior já realizada por ele. Com projeto
desenvolvido por Marcello Dantas, que também assina a curadoria, a mostra chega
ao sul do País numa realização do MON.
A exposição traz obras históricas e outras inéditas
nascidas de uma profunda imersão de Ai Weiwei na tradição e cultura do Brasil.
Apresentada pela Copel, foi viabilizada em Curitiba pelo Governo do Estado.
Essa é a primeira temporada brasileira de
exposições da obra de Ai Weiwei, reverenciado como um dos grandes nomes da cena
contemporânea mundial e notório devido ao interesse que demonstra pelas
questões sociais e humanas. A mostra apresentada no MON reunirá cerca de 40
obras e 15 vídeos.
AI WEIWEI RAIZ - Um dos principais nomes da
cena contemporânea mundial, Ai Weiwei deixou seu país de origem em 2015 e se
destaca no cenário internacional pelo interesse que demonstra pelas questões
sociais e humanas, como a crise global de refugiados e a luta pela liberdade de
expressão.
Alguns de seus trabalhos mais conhecidos são
grandes instalações que muitas vezes tensionam o mundo contemporâneo e os modos
tradicionais chineses de pensamento e produção, como sua obra-prima “Dropping a
Han Dynasty Urn” (Deixando cair uma urna da dinastia Han), que mostra o jovem
artista derrubando intencionalmente uma urna cerimonial de cerca de 2 mil anos,
da Dinastia Han, período da história da civilização chinesa. A ação subversiva
e transformadora foi captada e transformada em três imagens que vêm sendo
expostas em mostras por todo o mundo. No Brasil, poderá ser vista a versão dela
em peças de Lego.
Outras obras históricas conhecidas mundialmente
também estarão expostas, como a “Sunflower Seeds” (Sementes de girassol),
trabalho composto por milhões de sementes de girassol de porcelana, pintadas à
mão por artesãos chineses, levantando a questão da produção em massa e perda da
individualidade.
“Forever Bicycles” (Bicicletas Forever) é uma
obra de caráter arquitetônico que utiliza bicicletas como blocos de construção,
fazendo também alusão à multiplicação e repetição. O nome da instalação é
inspirado na famosa marca chinesa de bicicletas Forever, bastante comum durante
a infância do artista, quando este era o principal meio de transporte na China.
No Oscar Niemeyer, o público poderá ver de
perto “Moon Chest” (Cofre de lua), uma série de baús feitos em madeira com
aberturas em círculos que apresentam as quatro fases da lua aos visitantes que
atravessam a instalação.
BRASILIDADE - A imersão pelo Brasil contou com
a consultoria da designer Paula Dib e colocou o artista em contato com
comunidades, artesãos, manifestações culturais e recursos regionais até então
desconhecidos por ele, resultando em trabalhos inéditos, feitos com madeira,
sementes, cerâmica, raízes e couro.
Ai Weiwei se propôs a desvendar e absorver a
cultura local e moldar objetos que representam a biodiversidade, a paisagem
humana e a criatividade brasileira.
Um exemplo é a série “Sete raízes”, na qual o
artista utilizou uma técnica de carpintaria chinesa e, junto a carpinteiros
brasileiros, produziu sete esculturas feitas com raízes e partes de árvores
nativas, encontradas desenterradas na região de Trancoso, na Bahia. Duas delas
estarão expostas no MON. Na mesma região foi descoberta uma árvore de pequi com
cerca de 31 metros de altura e mais de mil anos, que foi moldada in loco para
ser fundida em ferro. O processo pode ser visto no documentário “Uma Árvore”,
que acompanha também um modelo em 3D do pequi, em escala menor.
Entre os destaques da exposição está também um
conjunto de trabalhos em madeira, esculpidos à maneira dos ex-votos, remontando
a iconografia do artista, e que foram feitos em colaboração com artesãos de
Juazeiro do Norte (CE).
Outra contribuição com artesãos locais são os
moldes de quatro elementos tipicamente brasileiros, desenvolvidos por um ateliê
de cerâmica em São Paulo, cujas iniciais de seus nomes constroem a palavra
FODA: Fruta do Conde, Ostra, Dendê e Abacaxi. Obras feitas com couro, o
alfabeto armorial de Ariano Suassuna e uma instalação que inclui um molde em
gesso do corpo próprio artista também integram a mostra.
O MON - O Museu Oscar Niemeyer (MON) abriga
referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas
áreas de artes visuais, arquitetura e design, além da mais significativa
coleção de arte asiática da América Latina.
O acervo conta com aproximadamente 7 mil peças,
abrigadas num espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construída, 17
mil deles de área para exposições, o que torna o MON o maior museu de arte da
América Latina.
O Museu Oscar Niemeyer pode ser vistado de
terça a domingo, das 10h às 18h e os ingressos custam R$ 20,00 e R$ 10,00
(meia-entrada). Às quartas-feiras, o ingresso é gratuito. Mais informações:
3350-4400 ou http://museuoscarniemeyer.org.br.
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