Quem passa pela Casa da Memória e nunca visitou
o local, no Centro Histórico, não faz ideia dos tesouros que ela guarda.
Inaugurada em maio de 1981, esta unidade da Fundação Cultural de Curitiba
pesquisa, conserva e disponibiliza para consulta pública cerca de 170 mil
documentos que ajudam principalmente a contar e entender a história da cidade
desde sua fundação, em 1693.
Fazem parte do acervo cerca de 40 mil
fotografias de épocas diversas, 1.800 plantas e projetos arquitetônicos antigos
e livros de registros sobre pessoas sepultadas nos cemitérios do Água Verde e
São Francisco de Paula – documentos requisitados para instruir processos de
cidadania estrangeira a partir de informações sobre a origem dos antepassados.
Lá estão, ainda, rótulos de embalagens, missais
e os chamados Livros da Porta. Preenchidos de 1885 e 1887, esses livros são
cadernos enormes onde eram anotadas providências requeridas pelos moradores à
administração da cidade – como pedidos de autorização para construir, reformar
e vender imóveis – e pagamentos de tributos feitos ao fisco.
“Nosso
objetivo maior é atender o público e, dessa forma, cumprir a disposição
constitucional que assegura o exercício dos direitos culturais e o acesso às
fontes de informação”, comenta a técnica Maria Tereza Gonçalves, do setor
de Multimeios da Casa da Memória. A unidade, que já foi coordenada pelo atual
prefeito, Rafael Greca, nasceu da necessidade de organizar o acervo de livros,
obras de arte e mobiliário recebido da família Andrade Muricy em 1980.
INFÂNCIA DE CURITIBA - A grande relíquia da Casa da Memória, porém,
é o Tombo da Câmara da Villa de Curytiba. Restaurado, o manuscrito tem capa de
couro e pouco mais de 100 páginas. Lá estão os primeiros atos administrativos
referentes a Curitiba, entre 1668 e 1694. O conteúdo está digitalizado.
Assim como outras obras raras, o exemplar está
guardado em ambientes sujeitos a controle de temperatura e umidade e isolado
dos demais setores da Casa da Memória. Fazem companhia ao “Tombo”, além dos
Livros da Porta, plantas e projetos arquitetônicos do começo do século passado
e mapas da época da cobiçada possessão espanhola conhecida como Banda Oriental
do Uruguai.
Antes de chegar às mãos dos pesquisadores, os
itens mantidos nessas salas passam por um processo de adaptação a condições
menos rigorosas de temperatura e umidade onde se dará a consulta. Eles são
retirados das prateleiras das salas climatizadas onde são conservados até 48
horas antes de serem manipulados e transferidos, temporariamente, para uma sala
de transição. “Se isso não for feito, o
documento pode sofrer craquelamento (pequenas rachaduras)”, conta a
coordenadora do setor, a bibliotecária Filomena Hammerschmidt.
Também fazem parte do acervo peças curiosas –
como os cerca de 14 mil cartazes publicitários e de espetáculos,
correspondências trocadas pelo artista visual curitibano Poty com familiares e
o convite para a inauguração da Ponte da Amizade, ligação entre Brasil Paraguai
inaugurada em 1965.
Também para pesquisas, estão à disposição do
público pastas com informações sobre temas diversos e outras com fotografias
CDs, DVDs e algo que o público da nova geração nunca viu: fitas cassete, as
antigas fitas magnéticas para gravação de áudio.
PARA USAR A CASA DA MEMÓRIA - O usuário pode antecipar a pesquisa que
deseja fazer por meio de um formulário próprio, disponível no final da página
do site da Casa da Memória. No máximo três dias depois, com a ajuda de
estagiários da área de História, o material requisitado estará disponível para
consulta local. Entre os documentos documentos disponibilizados para consulta
estão textos, cartazes, rótulos, mapas, plantas arquitetônicas e fotografias.
A Casa da Memória está situada na rua São Francisco, 319. Contatos: 3321-3236
e casadamemoria@fcc.curitiba.pr.gov.br. Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 9h
às 12h e das 14h às 18h.
Nenhum comentário:
Postar um comentário