Conhecida
pelos coloridos trajes enfeitados com balas de papel e pelos objetos de sucatas
que povoam lares curitibanos e museus oficiais, a artista Efigênia Ramos Rolim,
de 88 anos, é popular também por suas poesias, cantigas e histórias que conta
para quem se dispõe a ouvi-la – adulto ou criança. Essas histórias povoam o
livro “Contos de Fada Efigênia”, elaborado pela jornalista Adélia Maria Lopes,
com ilustrações da multiartista Katia Horn. E viabilizado pela Caixa Econômica
Federal por meio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, da Fundação
Cultural de Curitiba.
O
lançamento, com presença da artesã mineira radicada em Curitiba desde 1971 e
que há um ano foi morar em Itapoá-SC, será na Biblioteca Pública do Paraná,
neste sábado (5), das 10h30 às 12h30. No hall estarão expostas também obras
recentes de Efigênia, feitas agora em seu ateliê catarinense, e as encantadoras
ilustrações bidimensionais criadas por Kátia Horn para o livro. E são esperadas
as presenças dos artistas performáticos Hélio Leites, Aldemir Plá e Carlos
Daitschman. À mesa, jujubas para os leitores.
O
artista plástico Hélio Leites, que deu mais asas para Efigênia voar, ao
conhecê-la com seus bonequinhos de papel de bala pelas ruas da cidade, no
início dos anos 1990, fará a contrapartida do projeto, realizando oficinas com
alunos das escolas municipais. As crianças já estão “brincando” com o livro na
rede de bibliotecas da Fundação Cultural de Curitiba. E exemplares também estão
à disposição dos leitores na Seção Infantil, da BPP.
Adélia
Lopes lembra que Efigênia, conhecida como Rainha do Papel de Bala, justamente
por utilizar descartados papéis de balas e bombons, tem sua história de vida e
de arte contada em livros, teses universitárias e filmes documentários. “Entretanto, tinha o desejo de perpetuar suas
histórias, sempre contadas ao vivo, mas nunca registradas. Ela pensou em
comprar um gravador, chegou a pedir que meninas vizinhas escrevessem seus
contos em cadernos – tudo para um dia se tornar um livro. E me fez o pedido
surpreendente: queria que eu escrevesse esse livro”.
Essas
histórias são frutos da sua imaginação, misturadas com lendas e fatos. Assim
como suas esculturas de sucata e papel de balas, há muito de realidade na
ficção: elas falam de assuntos de hoje – pobreza, velhice, amor, amizade e
proteção da natureza. Mas se ficassem apenas na tradição oral, sabia ela,
poderiam se perder na passagem do tempo.
“Efigênia Rolim personifica dois brasis: a
vocação de Minas Gerais pelas lendas e histórias, música e artesanato e, ao
mesmo tempo, a aptidão curitibana pela sustentabilidade e poesia”, observa
ainda a jornalista, lembrando que a Rainha do Papel de Bala estava com 85 anos,
quando deu início às gravações de suas histórias. Mas, com sérios problemas
pulmonares, ela estava debilitada, precisando recorrer aos rascunhos
registrados em cadernos.
De
dezenas de histórias, muitas que iam sendo criadas em seus sonhos e contadas no
outro dia, Adélia selecionou 21, que ganharam criativas ilustrações da artista
Katia Horn e caprichado projeto gráfico de Adriana Alegria. O livro conta
também com uma foto clássica de Efigênia, feita em estúdio por Vilma Slomp.
“Kátia teve a genialidade de utilizar papéis
de bala, galhos, jornais velhos, enfim, o universo da artesã. E Adriana foi
exigente na fidelidade gráfica. Há ainda um encarte precioso. Elas fizeram de
Contos de fada Efigênia um livro de arte que Efigênia só foi ver pronto em 21
de setembro, quando fez aniversário”, observa a jornalista.
O
encarte dá o caráter mais lúdico ao livro: são nove postais, que convidam as
crianças a recortar, desenhar e deixar a imaginação à solta, além do livrinho
de poesia “Pássaros se Beijando”, todos da contadora de história.
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