quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Exposição itinerante dos 200 anos da viagem de Spix e Martius chega a Curitiba


Em 1817, uma comitiva de pesquisadores foi convidada a vir para o Brasil por ocasião do casamento da princesa Maria Leopoldina com Dom Pedro I. Nesta comitiva estavam dois cientistas vindos da Baviera (na Alemanha), Johann Baptist von Spix (1781-1826) e Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), que passaram três anos no país para pesquisar a fauna, flora e etnias brasileiras, realizando um dos mais completos estudos já feitos, que resultou em mais de 10.000 páginas de texto e quase 4.000 gravuras, ainda hoje usadas na identificação de espécies. A expedição foi financiada do rei da Baviera, Maximiliano I, e pelo imperador da Áustria, Francisco I.
Para relembrar os 200 anos desta expedição, foi organizada a exposição “200 Anos da Viagem de Spix e Martius Pelo Brasil”, que chega a Curitiba por iniciativa da AMIG – Associação Pró-Memória da Imigração Germânica de Curitiba, em parceria com o Instituto Martius-Staden de São Paulo, responsável pela exposição itinerante, que já passou por cidades dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
A mostra está aberta à visitação até dia 20 de Novembro, das 11h às 20h, no Clube Curitibano - Espaço Cultural Presidente David Carneiro (Av. Presidente Getúlio Vargas, 2857, Água Verde), com entrada franca.
A exposição é composta por 21 banners que remontam a expedição, que percorreu mais de 10 mil quilômetros do Brasil, com textos explicativos e imagens de animais, árvores, plantas, povos indígenas e paisagens realizadas pelos pesquisadores. Martius chegou inclusive a fazer uma pesquisa musical no Brasil. Diante deste caráter científico-cultural, durante o período expositivo, artistas apresentarão números musicais temáticos.
Além de comemorar duas décadas da expedição, a mostra também celebra a imigração germânica, como comenta o vice-presidente da AMIG, Romeu Rössler Telma: “A AMIG estava em busca de um tema que pudesse contribuir para as comemorações dos 190 anos da Imigração Alemã no Paraná e entrou em contato com entidades congêneres no Brasil, e uma delas, o Instituto Martius-Staden de São Paulo, informou que esta exposição se tornaria itinerante. Ciente da importância de um evento dessa magnitude, nosso presidente, Ekkehart Tamussino, imediatamente colocou o interesse da AMIG em sediar a exposição em Curitiba”, relata.
A curadoria foi feita pela profa. dra. Karen Macknow Lisboa e do prof. dr. Willi Bolle (ambos da USP), a partir dos livros e registros dos naturalistas alemães. Além de imagens antigas, há também fotos feitas por Willi Bolle e pelo diretor do Instituto Martius-Staden, Eckhard Kupfer, em viagens recentes, em que refizeram parte do caminho percorrido por Spix e Martius.

UM LEGADO ALEMÃO - Spix e Martius percorreram milhares de quilômetros enfrentando chuvas torrenciais, seca, sede, calor e doenças. Ao final de três anos de viagem, estes dois cientistas alemães haviam chegado a um material que compõe um dos mais importantes legados sobre o Brasil do século XIX. Além de estudos sobre a natureza (incluindo flora, fauna e até mesmo clima e geologia), foram feitas pesquisas sobre a sociedade multiétnica brasileira, contribuindo para os debates em torno da história e formação identitária do país.
A dupla catalogou 6.500 espécies vegetais e criaram um herbário de 20 mil exemplares prensados. Entre a fauna, classificaram 85 espécies de mamíferos, 350 de aves, 116 de peixes, 2.700 de insetos, 50 de aracnídeos e 50 de crustáceos, além de minerais e fósseis.

Mais informações: www.amigbrasil.org.br

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