Em
1817, uma comitiva de pesquisadores foi convidada a vir para o Brasil por
ocasião do casamento da princesa Maria Leopoldina com Dom Pedro I. Nesta
comitiva estavam dois cientistas vindos da Baviera (na Alemanha), Johann
Baptist von Spix (1781-1826) e Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868),
que passaram três anos no país para pesquisar a fauna, flora e etnias
brasileiras, realizando um dos mais completos estudos já feitos, que resultou
em mais de 10.000 páginas de texto e quase 4.000 gravuras, ainda hoje usadas na
identificação de espécies. A expedição foi financiada do rei da Baviera,
Maximiliano I, e pelo imperador da Áustria, Francisco I.
Para
relembrar os 200 anos desta expedição, foi organizada a exposição “200 Anos da
Viagem de Spix e Martius Pelo Brasil”, que chega a Curitiba por iniciativa da
AMIG – Associação Pró-Memória da Imigração Germânica de Curitiba, em parceria
com o Instituto Martius-Staden de São Paulo, responsável pela exposição
itinerante, que já passou por cidades dos estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo.
A
mostra está aberta à visitação até dia 20 de Novembro, das 11h às 20h, no Clube
Curitibano - Espaço Cultural Presidente David Carneiro (Av. Presidente Getúlio
Vargas, 2857, Água Verde), com entrada franca.
A
exposição é composta por 21 banners que remontam a expedição, que percorreu
mais de 10 mil quilômetros do Brasil, com textos explicativos e imagens de
animais, árvores, plantas, povos indígenas e paisagens realizadas pelos
pesquisadores. Martius chegou inclusive a fazer uma pesquisa musical no Brasil.
Diante deste caráter científico-cultural, durante o período expositivo,
artistas apresentarão números musicais temáticos.
Além
de comemorar duas décadas da expedição, a mostra também celebra a imigração
germânica, como comenta o vice-presidente da AMIG, Romeu Rössler Telma: “A AMIG estava em busca de um tema que
pudesse contribuir para as comemorações dos 190 anos da Imigração Alemã no
Paraná e entrou em contato com entidades congêneres no Brasil, e uma delas, o
Instituto Martius-Staden de São Paulo, informou que esta exposição se tornaria
itinerante. Ciente da importância de um evento dessa magnitude, nosso
presidente, Ekkehart Tamussino, imediatamente colocou o interesse da AMIG em
sediar a exposição em Curitiba”, relata.
A
curadoria foi feita pela profa. dra. Karen Macknow Lisboa e do prof. dr. Willi
Bolle (ambos da USP), a partir dos livros e registros dos naturalistas alemães.
Além de imagens antigas, há também fotos feitas por Willi Bolle e pelo diretor
do Instituto Martius-Staden, Eckhard Kupfer, em viagens recentes, em que
refizeram parte do caminho percorrido por Spix e Martius.
UM LEGADO ALEMÃO - Spix e Martius percorreram milhares
de quilômetros enfrentando chuvas torrenciais, seca, sede, calor e doenças. Ao
final de três anos de viagem, estes dois cientistas alemães haviam chegado a um
material que compõe um dos mais importantes legados sobre o Brasil do século
XIX. Além de estudos sobre a natureza (incluindo flora, fauna e até mesmo clima
e geologia), foram feitas pesquisas sobre a sociedade multiétnica brasileira,
contribuindo para os debates em torno da história e formação identitária do
país.
A
dupla catalogou 6.500 espécies vegetais e criaram um herbário de 20 mil
exemplares prensados. Entre a fauna, classificaram 85 espécies de mamíferos,
350 de aves, 116 de peixes, 2.700 de insetos, 50 de aracnídeos e 50 de
crustáceos, além de minerais e fósseis.
Mais informações: www.amigbrasil.org.br
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