A
falta de empatia que permeia o nosso cotidiano é o ponto de partida para o novo
espetáculo do grupo curitibano Antropofocus, que celebra 19 anos. “Justo Hoje!”
estreou no palco do Teatro Zé Maria, onde fica em cartaz para curta temporada
até 24 de novembro. As apresentações ocorrem sempre de quarta a sexta, às 20h;
aos sábados às 18h e 20h; e aos domingos às 19h. Os ingressos custam R$ 20,00 e
R$ 10,00 (meia-entrada) e estão à venda no site Ticket Fácil ou na bilheteria do Teatro Guaíra.
“Justo
Hoje!” coloca no mesmo caldeirão as nobres e as nem tão nobres emoções que
habitam um ser humano, no intuito de refletir o momento pelo qual o mundo
passa. Figuras absolutamente cotidianas ganham, sob as luzes da ribalta,
contornos nem sempre simpáticos ou agradáveis, a partir de um olhar sobre as
relações estabelecidas em casa, na rua, no trabalho. “Nem mesmo uma tragédia parece capaz de tirar as pessoas do torpor que
as impede de ver o outro com mais humanidade. Não foi fácil chegar no texto
final”, comenta Andrei Moscheto, diretor fundador da companhia, que assina
a autoria do texto junto com Anne Celli e Bruno Lops. “Estávamos em um caminho. Mas, de repente, a realidade veio com tudo e a
criação deu uma guinada forte e meio inesperada. Chegamos na questão da
humanidade, ou melhor, na falta dela, pois parece que nem uma tragédia
acontecendo diante dos nossos olhos é capaz de nos fazer agir”, pondera
ele.
Moscheto
explica que o grupo, conhecido por provocar o riso, desta vez quis levar o riso
para outro lugar. “Estamos enfrentando
outros desafios estéticos, mas ainda nos seguramos na leveza natural dos
relacionamentos para não deixar tudo pesado demais. Até porque não são pessoas
absolutamente más as que colocamos em cena. Se fossem o lixo da humanidade
seria até mais fácil. Mas, não. Somos nós ali também que, protegidos pelo
conforto do lar, não damos conta das tragédias que vão se tornando corriqueiras”,
afirma.
Para
o grupo Antropofocus, “Justo Hoje!” é uma declaração do quanto nós, seres
humanos, estamos perdidos e sobre o quanto somos estúpidos por estarmos
passando por isso tudo. “Pessoas comuns
com um comportamento patético para mostrar o patético que existe em todos nós”,
completa o diretor.
19 ANOS DE ANTROPOFOCUS - Desde a sua fundação, em 28 de
outubro de 2000, o Antropofocus dedica-se a observar o ser humano e seu
comportamento no cotidiano, sabendo que todas as suas ações podem ser
consideradas cômicas, dependendo do prisma pelo qual é observado. Essa premissa
inicial instigou o grupo a explorar diferentes formas de comicidade, que podem
ser reconhecidas no repertório de 12 espetáculos produzidos pelo grupo ao longo
de sua trajetória.
Quando
o grupo começou a se reunir para montar espetáculos em que todos os artistas
pudessem colaborar com a construção da dramaturgia, a improvisação foi o
caminho técnico mais viável. Naquela época, enquanto os integrantes ainda
cursavam a Faculdade de Artes do Paraná, as referências eram Augusto Boal,
Viola Spolin e Dario Fo. Ao desenvolver o caminho para a construção da
dramaturgia, no entanto, os atores perceberam o potencial que o improviso em si
continha. Com o passar dos anos e com a criação de pontes de comunicação com
outros grupos de comédia e improviso no Brasil e no mundo, a amplitude da
ferramenta de improvisação ficou cada vez mais evidente e era necessário buscar
uma maneira de poder extrapolar sua utilização, com um detalhe: sem abrir mão
da teatralidade.
As
bases de estudo do Antropofocus vieram de outros grupos de humor, como o Monty
Python (Inglaterra), com a liberdade da linguagem nonsense; o Les Luthiers
(Argentina), com seus textos de humor refinado e jogos de palavras; o Asdrúbal
Trouxe o Trombone (Brasil), pelo processo colaborativo de criação; os
Parlapatões (Brasil) pela referência de ser um grupo de pesquisa de humor.
Além
das parcerias e do desenvolvimento da pesquisa continuada, para a construção
dos espetáculos, importantes artistas contribuíram para o aprofundamento do
Antropofocus nas pesquisas sobre humor, possibilidades cômicas e construção
dramatúrgica, entre os quais: Marcio Ballas (SP), Gustavo Miranda (Colombia),
Daniel Nascimento (SP), Omar Argentino (Espanha), Adriana Ospina (Colombia),
Frank Totino (Canadá), Shawn Kinley (Canadá), Daniel Tausig (SP), Rafa Pimenta
(SP).
Mais
informações no site www.antropofocus.com.br,
na página do Facebook ou perfil no Instagram.
A classificação
indicativa do espetáculo é 12 anos. O Teatro Zé Maria, ou Teatro José Maria
Santos, fica na Rua Treze de Maio, 655, Centro.
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