terça-feira, 12 de novembro de 2019

O espetáculo “Bispo a Sêco” chega à cidade para curta temporada


O espetáculo solo protagonizado e dirigido pelo ator João Miguel se apresenta na capital paranaense nos dias 12 e 13 de novembro, com sessões às 20h, e no dia 14 de novembro, com sessões às 18h e às 21h, na Caixa Cultural Curitiba. A peça é inspirada na vida e na obra do artista plástico Arthur Bispo do Rosário, que viveu cerca de 40 anos em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro.
Através de uma pesquisa não biográfica, o espetáculo materializa a obra do artista ao abordar uma possível lógica de criação singular de Arthur Bispo do Rosário, transcendendo a catalogação de esquizofrênico que ele recebeu no decorrer dos anos. Durante a peça, são abordadas questões fundamentais e atuais, como identidade e brasilidade.
O espetáculo é desenhado por uma série de partituras físicas e vocais, e resulta em uma colagem de cenas. O universo místico de Bispo, a sua relação com a obra, a visão da Virgem Maria, a paixão pela psicóloga Rosângela Maria e os seus delírios são abordados com ritmo, humor e profundidade.
Em cena, acompanhado pelos músicos Angelo Santiago e Sidney Argolo, João Miguel mistura as palavras de Bispo com as vertentes mais modernas do teatro contemporâneo, propondo uma união de várias linguagens para dialogar com a obra criada por Bispo.
A primeira montagem de “Bispo” estreou em Salvador, em 2001, fruto de uma profunda pesquisa de João Miguel por materiais a respeito da vida e da obra de Arthur Bispo do Rosário. No ano da estreia da peça, João Miguel ganhou prêmios de melhor ator, diretor, cenário, espetáculo e ator revelação e, em 2003, a indicação ao Prêmio Shell de melhor ator. Com sucesso de público e de crítica, a peça já esteve em cartaz em diferentes cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Agora, mais de quinze anos depois, João Miguel remonta Bispo, reunindo um coletivo que traz nomes como o da diretora Cristina Moura, do roteirista Edgard Navarro, do músico Pupillo e do cineasta Eryk Rocha, entre outros.
A montagem chega a Curitiba a convite da Caixa Cultural, produzida pela Giro Planejamento Cultural e com produção local da Pomeiro Gestão Cultural.

SOBRE ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO - Trancafiado num quarto forte da Colônia Juliano Moreira, hospício do Rio de Janeiro, Arthur Bispo do Rosário criou ao longo de quase cinquenta anos um mundo próprio constituído de miniaturas, mantos, estandartes e uma infinidade de peças que brotaram de suas mãos e ganharam forma, dando um sentido à sucata recolhida pelos internos e funcionários do asilo psiquiátrico. Bispo trabalhava sem descanso. Desfiava os uniformes do hospício para fazer seus bordados atendendo a uma urgência compulsiva de criar grafismos de extrema originalidade. Certo de que se tratava de um desígnio da fé, Bispo atendia com zelo obsessivo às insinuações que para os médicos não passavam de delírio místico. Para ele, criar significava a própria salvação: suas obras seriam apresentadas ao Todo Poderoso no dia do Juízo Final.
Para os boletins psiquiátricos Bispo não passava de um esquizofrênico paranoico. Mas o certo é que aquele estranho mundo construído com sucata de hospício resultaria em mais de 800 obras que, depois da morte de seu autor, em 1989, vieram a ser catalogadas como obras de arte. Na última fase de sua estada no hospício, Bispo foi visitado por pessoas sensíveis que, fascinadas por sua trajetória e pelo universo por ele criado, fizeram com que o fenômeno ultrapassasse as fronteiras do asilo, através de reportagens e vídeos, exposições e instalações.
A obra do artista plástico Arthur Bispo do Rosário tem hoje uma outra dimensão dentro e fora do universo das artes plásticas. Reconhecido nacional e internacionalmente, o artista e sua obra ocupam agora um espaço afirmativo.

COLETIVO BISPO - Após mais de quinze anos da primeira montagem, João Miguel dá continuidade ao espetáculo que o projetou no teatro e no cinema. O Coletivo Bispo apresenta nomes como do roteirista Edgard Navarro, que assina o texto do espetáculo; as colaborações da diretora Cristina Moura e da preparadora de atores Juliana Jardim; dos músicos André T e Pupillo na trilha sonora; desenho de som som de André T. e Vavá Furquim; vídeos de Eryk Rocha; os figurinos e a confecção do manto são de Adriana Hitomi e Rebeca Matta; o cenário de Zuarte Júnior; a iluminação de Luciano Reis; confecção da roupa feita por Ró Amorim; fotografias de Diney Araújo, Rebeca Matta e Zélia Uchôa; programação visual de Adriana Hitomi; assessoria de imprensa de Dayanne Pereira e Luiz Menna Barreto; assistência de imprensa de Rebeca Bastos; produção de Joana Damazio e João Miguel; direção de produção de Joana Damazio e produção executiva de Viviane Jacó.

JOÃO MIGUEL - Com mais de trinta anos de carreira, já participou de inúmeros filmes, espetáculos teatrais, minisséries e novelas. Deu início à sua carreira de ator aos 9 anos, no programa de televisão “Bombom Show”, de Nonato Freire. Entre 1990 e 1996 João Miguel foi integrante do Grupo Piollin (João Pessoa), onde atuou como produtor do espetáculo “Vau da Sarapalha”, e iniciou as apresentações como Palhaço Magal. Ainda como Magal, apresentou-se no Circo Picolino e em hospitais públicos, favelas e ruas de Salvador e do interior da Bahia. No teatro, João Miguel atuou em diversas montagens, entre elas, espetáculo “Bispo”, com direção do próprio João Miguel (2016); “Só” (2009), direção de Alvise Camozzi; de 2001 até 2006, “Bispo”, com direção de Edgard Navarro; de 1997 a 1999, integrou o elenco da “Novíssima Poesia Baiana”, com grupo Los Catedráticos, com direção de Paulo Dourado; “A Ver Estrelas” (1997), com direção de João Falcão; “Carne Fraca” (1997), com direção de Fernando Guerreiro; “Fala Comigo Doce Como a Chuva” (1993), com direção de Paulo Henrique Alcântara; “Viva o Cordão Encarnado” (1991), com direção de Luis Mendonça e “Barrela” (1989), com direção de Francisco Milani.
João Miguel já foi contemplado com mais de vinte prêmios, dentre os quais se destacam o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor ator em cinema, que ele ganhou em 2015, com o filme “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”; prêmio de melhor ator no Festival do Rio de 2005, 2007 e 2011, com os filmes “Cinema, Aspirina e Urubus”; “Estômago” e “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, Prêmio da Educação Nacional do Festival de Cannes, em 2005, para o filme “Cinema, Aspirina e Urubus”. Prêmio de melhor ator na Mostra Internacional de Cinema de 2005, com “Cinema, Aspirina e Urubus”. O júri da mostra, que normalmente não premia atores, criou esta categoria especialmente naquele ano para premiá-lo. Prêmio de melhor ator no Festival de Guadalajara de 2005, com “Cinema, Aspirina e Urubus”. Prêmio de melhor ator no Festival de Valladolid em 2008, com o filme “Estômago”. Prêmio de melhor ator no Festival de Cinema Brasileiro em Paris em 2009, com “Se Nada Mais Der Certo”. Prêmio de melhor ator no Festival Internacional de Cinema Brasileiro em Miami em 2009, com “Se Nada Mais Der Certo”, entre dezenas de outros prêmios pelo mundo.

Indicadas para maiores de 12 anos, as encenações de “Bispo a Sêco” acontecem terça (12) e quarta (13), às 20h e quinta (14), às 18 e 21h. Os ingressos custam R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia, conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito Caixa). A compra pode ser feita com o cartão vale-cultura. Mais informações: 2118-5111.

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