O espetáculo
solo protagonizado e dirigido pelo ator João Miguel se apresenta na capital
paranaense nos dias 12 e 13 de novembro, com sessões às 20h, e no dia 14 de
novembro, com sessões às 18h e às 21h, na Caixa Cultural Curitiba. A peça é
inspirada na vida e na obra do artista plástico Arthur Bispo do Rosário, que
viveu cerca de 40 anos em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro.
Através
de uma pesquisa não biográfica, o espetáculo materializa a obra do artista ao
abordar uma possível lógica de criação singular de Arthur Bispo do Rosário,
transcendendo a catalogação de esquizofrênico que ele recebeu no decorrer dos
anos. Durante a peça, são abordadas questões fundamentais e atuais, como
identidade e brasilidade.
O
espetáculo é desenhado por uma série de partituras físicas e vocais, e resulta
em uma colagem de cenas. O universo místico de Bispo, a sua relação com a obra,
a visão da Virgem Maria, a paixão pela psicóloga Rosângela Maria e os seus
delírios são abordados com ritmo, humor e profundidade.
Em
cena, acompanhado pelos músicos Angelo Santiago e Sidney Argolo, João Miguel
mistura as palavras de Bispo com as vertentes mais modernas do teatro
contemporâneo, propondo uma união de várias linguagens para dialogar com a obra
criada por Bispo.
A
primeira montagem de “Bispo” estreou em Salvador, em 2001, fruto de uma
profunda pesquisa de João Miguel por materiais a respeito da vida e da obra de
Arthur Bispo do Rosário. No ano da estreia da peça, João Miguel ganhou prêmios
de melhor ator, diretor, cenário, espetáculo e ator revelação e, em 2003, a
indicação ao Prêmio Shell de melhor ator. Com sucesso de público e de crítica,
a peça já esteve em cartaz em diferentes cidades do Brasil, como São Paulo, Rio
de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Agora, mais de quinze anos depois, João
Miguel remonta Bispo, reunindo um coletivo que traz nomes como o da diretora
Cristina Moura, do roteirista Edgard Navarro, do músico Pupillo e do cineasta
Eryk Rocha, entre outros.
A
montagem chega a Curitiba a convite da Caixa Cultural, produzida pela Giro
Planejamento Cultural e com produção local da Pomeiro Gestão Cultural.
SOBRE ARTHUR BISPO DO
ROSÁRIO - Trancafiado
num quarto forte da Colônia Juliano Moreira, hospício do Rio de Janeiro, Arthur
Bispo do Rosário criou ao longo de quase cinquenta anos um mundo próprio
constituído de miniaturas, mantos, estandartes e uma infinidade de peças que
brotaram de suas mãos e ganharam forma, dando um sentido à sucata recolhida
pelos internos e funcionários do asilo psiquiátrico. Bispo trabalhava sem
descanso. Desfiava os uniformes do hospício para fazer seus bordados atendendo
a uma urgência compulsiva de criar grafismos de extrema originalidade. Certo de
que se tratava de um desígnio da fé, Bispo atendia com zelo obsessivo às
insinuações que para os médicos não passavam de delírio místico. Para ele,
criar significava a própria salvação: suas obras seriam apresentadas ao Todo
Poderoso no dia do Juízo Final.
Para
os boletins psiquiátricos Bispo não passava de um esquizofrênico paranoico. Mas
o certo é que aquele estranho mundo construído com sucata de hospício
resultaria em mais de 800 obras que, depois da morte de seu autor, em 1989,
vieram a ser catalogadas como obras de arte. Na última fase de sua estada no
hospício, Bispo foi visitado por pessoas sensíveis que, fascinadas por sua
trajetória e pelo universo por ele criado, fizeram com que o fenômeno
ultrapassasse as fronteiras do asilo, através de reportagens e vídeos,
exposições e instalações.
A
obra do artista plástico Arthur Bispo do Rosário tem hoje uma outra dimensão
dentro e fora do universo das artes plásticas. Reconhecido nacional e
internacionalmente, o artista e sua obra ocupam agora um espaço afirmativo.
COLETIVO BISPO - Após mais de quinze anos da
primeira montagem, João Miguel dá continuidade ao espetáculo que o projetou no
teatro e no cinema. O Coletivo Bispo apresenta nomes como do roteirista Edgard
Navarro, que assina o texto do espetáculo; as colaborações da diretora Cristina
Moura e da preparadora de atores Juliana Jardim; dos músicos André T e Pupillo
na trilha sonora; desenho de som som de André T. e Vavá Furquim; vídeos de Eryk
Rocha; os figurinos e a confecção do manto são de Adriana Hitomi e Rebeca
Matta; o cenário de Zuarte Júnior; a iluminação de Luciano Reis; confecção da
roupa feita por Ró Amorim; fotografias de Diney Araújo, Rebeca Matta e Zélia
Uchôa; programação visual de Adriana Hitomi; assessoria de imprensa de Dayanne
Pereira e Luiz Menna Barreto; assistência de imprensa de Rebeca Bastos;
produção de Joana Damazio e João Miguel; direção de produção de Joana Damazio e
produção executiva de Viviane Jacó.
JOÃO MIGUEL - Com mais de trinta anos de
carreira, já participou de inúmeros filmes, espetáculos teatrais, minisséries e
novelas. Deu início à sua carreira de ator aos 9 anos, no programa de televisão
“Bombom Show”, de Nonato Freire. Entre 1990 e 1996 João Miguel foi integrante
do Grupo Piollin (João Pessoa), onde atuou como produtor do espetáculo “Vau da
Sarapalha”, e iniciou as apresentações como Palhaço Magal. Ainda como Magal,
apresentou-se no Circo Picolino e em hospitais públicos, favelas e ruas de
Salvador e do interior da Bahia. No teatro, João Miguel atuou em diversas
montagens, entre elas, espetáculo “Bispo”, com direção do próprio João Miguel
(2016); “Só” (2009), direção de Alvise Camozzi; de 2001 até 2006, “Bispo”, com
direção de Edgard Navarro; de 1997 a 1999, integrou o elenco da “Novíssima
Poesia Baiana”, com grupo Los Catedráticos, com direção de Paulo Dourado; “A
Ver Estrelas” (1997), com direção de João Falcão; “Carne Fraca” (1997), com
direção de Fernando Guerreiro; “Fala Comigo Doce Como a Chuva” (1993), com
direção de Paulo Henrique Alcântara; “Viva o Cordão Encarnado” (1991), com
direção de Luis Mendonça e “Barrela” (1989), com direção de Francisco Milani.
João
Miguel já foi contemplado com mais de vinte prêmios, dentre os quais se
destacam o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor
ator em cinema, que ele ganhou em 2015, com o filme “A Hora e a Vez de Augusto
Matraga”; prêmio de melhor ator no Festival do Rio de 2005, 2007 e 2011, com os
filmes “Cinema, Aspirina e Urubus”; “Estômago” e “A Hora e a Vez de Augusto
Matraga”, Prêmio da Educação Nacional do Festival de Cannes, em 2005, para o
filme “Cinema, Aspirina e Urubus”. Prêmio de melhor ator na Mostra
Internacional de Cinema de 2005, com “Cinema, Aspirina e Urubus”. O júri da
mostra, que normalmente não premia atores, criou esta categoria especialmente
naquele ano para premiá-lo. Prêmio de melhor ator no Festival de Guadalajara de
2005, com “Cinema, Aspirina e Urubus”. Prêmio de melhor ator no Festival de
Valladolid em 2008, com o filme “Estômago”. Prêmio de melhor ator no Festival
de Cinema Brasileiro em Paris em 2009, com “Se Nada Mais Der Certo”. Prêmio de
melhor ator no Festival Internacional de Cinema Brasileiro em Miami em 2009,
com “Se Nada Mais Der Certo”, entre dezenas de outros prêmios pelo mundo.
Indicadas para maiores
de 12 anos, as encenações de “Bispo a Sêco” acontecem terça (12) e quarta (13),
às 20h e quinta (14), às 18 e 21h. Os ingressos custam R$ 30,00 e R$ 15,00
(meia, conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito
Caixa). A compra pode ser feita com o cartão vale-cultura. Mais informações:
2118-5111.
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