O instrumento que mais se assemelha ao
alcance da voz humana, o violoncelo, ganha destaque no concerto
"Violoncelo Concertante", executado pela Orquestra de Câmara de
Curitiba, neste fim de semana. O espetáculo, que integra a temporada 2013 de
concertos patrocinada pelo Ministério da Cultura e pela Volvo, tem como
convidado o instrumentista paulista Alberto Kanji, responsável pela direção
musical e pelo violoncelo solo.
O programa reúne composições de Carl
Philipp Emanuel Bach (1714 - 1788) e Joseph Haydn (1732 - 1809), e as
apresentações serão realizadas às 20h de sexta-feira (4), na Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias - Central da Estação São Lourenço, e às
18h30 de sábado (5), na Capela Santa Maria Espaço Cultural.
“A proposta do concerto é enfatizar a
transição entre o barroco e o classicismo, captando a intensidade de expressão
sombria, na qual Carl Philipp se destacou, coroando o repertório com o primeiro
grande concerto para violoncelo de Haydn, marcado pela alegria”, diz Alberto
Kanji. O espetáculo revela as possibilidades do violoncelo (ou cello, uma forma
abreviada, derivada do italiano) que, em solo, soa imponente, enquanto nos
conjuntos de cordas responde pelas passagens graves, desempenhando importante
papel no conjunto. O cello capta sensações embutidas no contexto musical e é
encontrado em obras significativas, desde o barroco até o contemporâneo. “A
sonoridade do violoncelo traduz afetos, emoções humanas, paixões da alma”,
completa Alberto Kanji.
A programação conta ainda com palestra
do compositor e arranjador paranaense Marco Aurélio Koentopp, que acontece às
17h45 de sábado (5), antecedendo a apresentação na Capela Santa Maria. Mestre
em Música pela Universidade Federal do Paraná, Koentopp atualmente é professor
da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, além de coordenador do Curso
Superior de Composição e Regência daquela instituição. A conversa com a plateia
é uma iniciativa da Camerata Antiqua de Curitiba e seus grupos – Orquestra de
Câmara e Coro da Camerata – que teve início neste ano com o objetivo de levar
ao espectador comentários de especialistas na área musical, permitindo conhecer
detalhes da produção de grandes compositores.
Repertório – Do compositor alemão
Emanuel Bach - segundo filho de Johann Sebastian Bach e considerado o fundador
do estilo clássico na música erudita - foram selecionadas as obras
"Sinfonia para cordas em Si menor" e "Concerto para violoncelo
em Lá menor".
A primeira delas, composta em 1733,
integra as seis sinfonias para cordas, encomendadas pelo barão Gottfried von
Swietem, embaixador austríaco na corte da Prússia, entre 1770 e 1977. A "Sinfonia em
Si menor" começa em tom melancólico, mas chega a um final impetuoso,
percorrendo acordes violentos que entrecortam a obra. O "Concerto para
violoncelo em Lá menor" pertence a um grupo de três obras compostas no
período de 1738 a
1768, quando Emanuel Bach atuou na corte de Frederico, o Grande, rei da
Prússia. A música mostra a capacidade do violoncelo em captar o tom sombrio do
autor.
O "Concerto para violoncelo em Dó
maior", de Joseph Haydn, compositor austríaco que personifica o chamado
“classicismo vienense”, encerra o repertório como uma comemoração à
versatilidade do cello. Considera perdida, a obra foi redescoberta em 1961, no
Museu Nacional de Praga (República Tcheca), e destacou-se imediatamente pelas
suas qualidades e também em razão do pequeno número de grandes concertos para violoncelo,
particularmente na época clássica. Acredita-se que o concerto tenha sido
escrito entre 1765 e 1769 e, após um início moderado, finaliza de modo
extraordinário, comparado a fogos de artifício pelo ardor da composição.
Direção e solo – A Orquestra de Câmara
de Curitiba terá como convidado um jovem músico com atuação internacional, que
responderá pela direção artística e solo de violoncelo. Nascido em São Paulo , em uma
família de músicos, Alberto Kanji iniciou-se no violoncelo aos doze anos com
Gretchen Miller. Também teve aulas de interpretação barroca com seu tio, o
flautista e regente Ricardo Kanji, um dos nomes mais importantes da música
antiga, no Brasil.
Aos 15 anos, Alberto foi premiado no
concurso Jovens Solistas Brasileiros e, ao longo do tempo, participou de vários
festivais de música, aprimorando técnicas com Antonio Meneses, Watson Clis,
Alceu Reis, entre outros. Formado pela Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), com António Del’Claro, integrou, em 2002, a nova Orquestra
Sinfônica do Estado de São Paulo.
Ainda em 2002, com a ajuda da Fundação
Vitae, mudou-se para a Holanda, onde obteve, em 2007, o diploma de solista no
Conservatório de Amsterdam, sob orientação de Gregor Horsch (1º violoncelista
da Orquestra Real do Concertgebouw de Amsterdam), e Viola de Hoog. De 2009 a 2011, participou como
professor de violoncelo barroco da Oficina de Música de Curitiba. Desde 2008 é
violoncelista convidado da orquestra francesa Le Cercle de l’Harmonie e, em
2009, gravou o CD “Brillante”, com Antonio Meneses e Rosana Lanzelotte. O
músico – que utiliza um violoncelo Benjamin Banks, de 1785, colocado a sua
disposição pelo Fundo Holandês de Instrumentos Musicais – mantém uma
movimentada agenda de concertos, apresentando-se no Brasil e no exterior.
A apresentação da Orquestra de Câmara
de Curitiba na sexta-feira (4), às 20h, acontece na Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias - Central da Estação São Lourenço (Av. Anita Garibaldi,
2.077, Ahú), com entrada franca. No sábado (5), palestra do compositor e
arranjador paranaense Marco Aurélio Koentopp, às 17h45, seguida de concerto às
18h30, na Capela Santa Maria Espaço Cultural (rua Conselheiro Laurindo, 273),
com ingressos a R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia).
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