Um documento histórico, com a
transcrição da ata de inauguração da estátua de Tiradentes, no marco zero da
cidade, em 21 de abril de 1927, foi entregue nesta quarta-feira (2) à
vice-prefeita Miriam Gonçalves. A publicação foi doada ao município pelo
advogado Airton Ferreira do Amaral, neto de Santiago Colle, na época uma das
lideranças da comunidade italiana que presenteou a cidade com a obra do
escultor João Turin. A ata é a mesma que teria sido colocada numa cápsula do
tempo - a segunda que se tem conhecimento - sob o monumento de Tiradentes.
Além da ata de inauguração, o documento
também contém o discurso feito por Santiago Colle na solenidade, na presença do
então presidente do Estado, Caetano Munhoz da Rocha, e do prefeito João Moreira
Garcez. “Agradeço, em nome do prefeito Gustavo Fruet e de todos os cidadãos
curitibanos, a entrega desse tesouro à cidade”, disse Miriam Gonçalves. “Tem
sido muito interessante observar esse compromisso da sociedade com a gestão e
com o município”, afirmou.
Airton Ferreira do Amaral decidiu pela
doação depois das notícias sobre o restauro das obras de Turin e dos objetos
encontrados sob o pedestal da estátua de Tiradentes no momento da sua remoção.
“Esse documento está com a família há mais de 80 anos. É com muito orgulho que
o entrego para a cidade”, disse. Segundo Airton Ferreira, há apenas dois exemplares
da mesma publicação. Além dessa que foi doada, há outra que ele manterá com a
sua família, para transmitir aos filhos e netos.
O encontro no gabinete da vice-prefeita
contou também com a presença do diretor de Patrimônio Histórico da Fundação
Cultural de Curitiba, Mauro Tietz, e dos responsáveis pelo acervo do artista,
Samuel Lago e Maurício Appel.
Resgate - A doação feita por Airton
Ferreira é mais um capítulo da história dos materiais descobertos no momento da
remoção da estátua de Tiradentes para restauro, em julho deste ano. Um
manuscrito datado de 25 de janeiro de 1932, encontrado dentro de uma garrafa,
relata a mudança de posição do monumento e revela existência de uma outra
cápsula do tempo, enterrada em outro local da Praça Tiradentes - possivelmente,
o local onde a escultura foi instalada pela primeira vez, em 1927.
Segundo as informações relevadas pelo
artefato encontrado este ano, a segunda garrafa conteria uma edição do jornal
“O Dia”, assinaturas e moedas de cobre e níquel. Na oportunidade, o prefeito
Gustavo Fruet autorizou a busca pela segunda garrafa, mas após estudos de
viabilidade a Prefeitura de Curitiba optou por deixar intacto o local onde foi
deixado o artefato.
De acordo com o diretor de Patrimônio
da FCC, o documento entregue à cidade será preservado pela Casa da Memória.
Mauro Tietz explica que não há necessidade de se buscar essa outra cápsula do
tempo, pois agora já se tem conhecimento do seu conteúdo. Um fac-símile da
edição do jornal “O Dia”, ao qual também é feita uma referência, já foi obtido
junto ao acervo da Biblioteca Pública do Paraná.
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