Alexandre Farto, conhecido como “Vhils”,
mostra desde esta segunda-feira (17), na Caixa Cultural, como vê alguns
lugares. O artista tem um ar aguçado para as cidades e enxerga o que a maioria
não vê. Em camadas de tintas nas paredes ou em materiais de demolição ele
revela a história de vida de quem por ali passou.
A instalação “Incisão” é fruto da
estada do artista em Curitiba e na aldeia indígena Araçaí, em Piraquara. A obra é
composta por 54 portas de madeira gravadas com motivos indígenas e a imagem de
vários rostos, incluindo 18 que representam habitantes da comunidade Araçaí.
Quatro destas gravuras foram feitas pelos próprios Guaranis na galeria da Caixa
Cultural, ao longo da montagem da mostra.
E esta é uma das características do
trabalho de “Vhils”, que trabalha com materiais pouco usuais como cortiça,
poliestireno (3D) e explosivos, além de madeira, papel e metal. O trabalho que
ele faz em paredes e muros antigos – com várias camadas de tintas que são
descascadas para dar profundidade e textura, e quase sempre representando
rostos - rendeu ao artista o reconhecimento profissional em vários países. Há
obras dele em Portugal, Itália, Estados Unidos, França, Espanha, Rússia,
Argentina, Austrália e Noruega.
Segundo ele, “Incisão” é a reflexão
sobre a interação entre comunidades humanas, a cidade e o modelo de
desenvolvimento contemporâneo.
Alexandre Farto nasceu em 1987 e
começou trabalhar com grafite aos 13 anos, já com o pseudônimo de “Vhils”.
Cresceu na margem sul do Tejo, em Seixal, no distrito de Setúbal, uma área
industrial.
Os trabalhos em stencil e em suportes
não convencionais começaram em 2004, assim como a primeira exposição coletiva
com o grupo VSP. Dois anos depois ingressou na agência de artes Vera Cortês, o
que abriu as portas para muitas exposições.
Mudou-se para Londres em 2007 para
estudar na University of the Arts e fez a primeira individual em 2008. Neste
mesmo ano, “Vhils” participou do Cans Festival, em Londres, exibindo a técnica
de escavação – que forma a base da série “Scratching the Surface”, iniciada no
ano anterior.
Atualmente ele tem contratos com a
Lazarides Gallery (Reino Unido), Vera Cortês Agência de Arte (Portugal) e Magda
Danysz Gallery (França e China).
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