quarta-feira, 2 de abril de 2014

A obra do pioneiro Humberto Mauro na Cinemateca de Curitiba

Humberto Mauro foi um dos pioneiros do cinema nacional. Fez cerca de 260 filmes entre 1925 e 1974, sempre com temas brasileiros. Como nasceu em abril, este mês será homenageado pela Cinemateca de Curitiba com exibição de parte de sua obra cinematográfica, pertencente ao próprio acervo da Cinemateca ou cedido pela Programadora Brasil.
Personagem que atravessou diversas épocas históricas, do ciclo regional de Cataguases (período de produção cinematográfica regional centralizado na cidade da Zona da Mata mineira, de 1925 a 1930) até seu trabalho na direção do INCE (Instituto Nacional de Cinema Educativo) durante o Estado Novo, sua trajetória única lançou bases no registro do homem simples do interior, de seus costumes e tradições. "Não sou literato. Sou poeta do cinema. E o cinema nada mais é do que cachoeira. Deve ter dinamismo, beleza, continuidade eterna", dizia.
Nascido em 1897 em Volta Grande (na região de Cataguases), Mauro já tinha 26 anos quando se interessou por cinema. Seu primeiro filme, Valadião, o Cratera, foi rodado com uma câmera amadora e lançou uma das primeiras estrelas do cinema brasileiro, Eva Nil – filha do parceiro de Mauro, Pedro Comello.
O trabalho da dupla chamou a atenção do comerciante Homero Cortes, que os ajudou a comprar uma câmera mais profissional. Outro comerciante, Agenor de Barros, se juntou ao grupo e ajudou a viabilizar a criação da produtora Phebo Sul America Film, em 1926. Era uma época em que o Brasil vivia a expansão do mercado cinematográfico e a repercussão da Semana de Arte de 1922.
Após o colapso da Phebo, em 1929, Mauro rumou ao Rio de Janeiro com a família. Passou dificuldades no início, mas depois conseguiu se restabelecer. Uniu-se a Adhemar Gonzaga, fundador do estúdio Cinédia, onde dirigiu alguns filmes. Anos depois, a convite de Edgar Roquette-Pinto, passou a trabalhar no INCE. Lá dirigiu cerca de 300 documentários. O período lhe rendeu críticas devido ao alinhamento com o Estado Novo. Porém, muitos estudiosos ressaltam que, apesar de atender às encomendas do governo, sua produção escapava da rígida cartilha burocrática ao manter um olhar próprio, com as sequências e planos muitas vezes falando mais alto que a narração. Mauro morreu em 1983, na mesma cidade onde nasceu.


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