A apresentação da peça “Os Realistas” (“The
Realistic Joneses”, no original) marcou a estreia de Will Eno na Broadway, em
2014, após vários êxitos no teatro americano. Debora Bloch – que já acompanhava
e estudava a trajetória do autor, escolheu o texto para comemorar seus trinta e
cinco anos de carreira. Para a direção, convidou Guilherme Weber, que tem total
intimidade com o universo do dramaturgo, ostentando o título de ator que mais
encenou Will Eno em todo o mundo.
A peça “Os Realistas”, que marca o encontro
inédito nos palcos de Debora com Emílio de Mello, Fernando Eiras e Mariana
Lima, faz três apresentações em Curitiba, no Guairinha, nos dias 16, 17 e 18 de
setembro. O projeto tem patrocínio da Renner e da Brasilcap. E os ingressos
estão à venda pelo Disk Ingressos.
Em cena, dois casais de vizinhos se encontram e
descobrem ter mais em comum do que casas idênticas e sobrenomes iguais. A peça
flagra a convivência do quarteto e os relacionamentos que começam a se
entrelaçar. Em um hábil jogo de cena, o autor mostra também que nem tudo é o
que parece ser, fazendo com que as situações reflitam sobre os diferentes
estágios do casamento.
Para o diretor, “Os Realistas” é um exercício
do autor sobre o gênero realista. “É um gênero em que os heróis dão lugar a
pessoas comuns. Nesta história, Eno desloca seus personagens para uma pequena
cidade interiorana e campestre, em um movimento de alguma maneira também
reverente ao teatro de Tchekhov. Este confronto com a natureza, o vasto e o
desconhecido faz com que estes personagens se cruzem em uma comédia
existencialista sobre vida, morte, amor e vizinhos”, analisa Guilherme Weber,
cuja relação com a obra de Will Eno começou em 2003, quando estrelou e assinou
a criação com Felipe Hirsch da montagem brasileira de “Temporada de Gripe” (“The
Flu Season”). Depois, seguiu com “Thom Pain - Baseado em Nada” (2006) e “Lady
Grey - Em Luz Cada Vez Mais Baixa” (2006), nas quais também atuou e dividiu a
criação com Hirsch, e “Ah, A Humanidade e Outras Boas Intenções”, reunião de
cinco peças curtas do autor, em que atuou a assinou o projeto junto com Murilo
Hauser.
“Os Realistas” marca ainda o retorno de Debora
Bloch à produção teatral, tarefa que abraçou em meados dos anos 80. De lá para
cá, ela foi responsável por espetáculos que marcaram a história recente do
teatro brasileiro, como “Fica Comigo Esta Noite” (1990), que lhe rendeu o
Prêmio Shell de Melhor Atriz em 1990, “Duas Mulheres e Um Cadáver” (2000),
estrelado e produzido ao lado de Fernanda Torres e “Tio Vânia” (2003), em
montagem dirigida por Aderbal Freire-Filho que ocupou o Parque Lage. Seu último
espetáculo foi o monólogo “Brincando Em Cima Daquilo” (2007/2008), com direção
de Otávio Muller.
Will Eno por Guilherme Weber - Will Eno já foi
chamado pela crítica nova-iorquina de ‘o Samuel Beckett da geração Jon
Stewart’, em referência ao apresentador e comediante que esteve à frente do
programa Daily News por dezesseis anos. Aluno de Edward Albee em sua famosa
oficina de dramaturgia, foi apontado pelo mestre como o melhor dramaturgo de
sua década. Criando códigos originais a partir de suas consagradas referências,
como Harold Pinter, além de Beckett e o próprio Albee, Eno foi indicado ao
prêmio Pulitzer pelo monólogo “Thom Pain – Baseado em Nada”.
Em sua primeira experiência como espectador,
junto ao seu pai em uma pequena plateia, é que o dramaturgo passa a criar seus
códigos de criação, lembrando da delicada situação pela qual passaram os atores
daquela montagem quando, ao tentar realizar um truque cênico, foram revelados
em sua tentativa de ilusão. Uma cadeira, presa a um fio de nylon, deveria sair
do palco em um movimento mágico, conduzida pelo fio invisível. No meio do
movimento, a cadeira cai e sai do palco arrastada, como um peixe morto. O
truque falhado, a cadeira arrastada, os atores fragilizados e as entranhas do
teatro reveladas aos espectadores provocaram tal impacto no jovem Eno que a
ativação desta memória passou a pautar sua sofisticada escrita, que busca, de
diferentes maneiras, recriar esta sensação de perigo e exposição, que em sua
obra às vezes acomete os personagens, às vezes os atores e quase sempre os espectadores.
“Os Realistas” marca a estreia do autor na
Broadway. O que faz uma peça como esta no mais tradicional circuito de teatro
americano é a pergunta que a maioria dos críticos e espectadores se fizeram ao
longo da temporada. Will Eno não é conhecido por suas tramas urdidas para o
espectador médio. Mas, ao longo dos meses, os personagens complexos e os
diálogos profundos, engraçados e cheios de jogos de linguagem, que são uma das
mais fortes características do autor, conquistaram o público através das
performances de ourivesaria dos quatro atores. A estreia de Will Eno na
Broadway terminou com pleno êxito.
Indicada para maiores de 16 anos, a peça “Os
Realistas” será encenada na sexta-feira e no sábado, às 20h, e no domingo, às
17h. Os ingressos custam R$ 60,00 e R$ 30,00 (meia), acrescidos de R$ 6,00 de
taxa administrativa. Mais informações: 3315-0808 ou www.diskingressos.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário