(ABr) - O filme “Pequeno Segredo”, dirigido
por David Schurmann, foi escolhido nesta segunda-feira (12) como representante
do Brasil na disputa pela indicação ao Oscar de 2017. Durante o anúncio, o
produtor Beto Rodrigues, um dos nove membros da comissão que elegeu a indicação
brasileira, disse que a decisão foi pautada em dois critérios: a qualidade
técnica da obra e as chances do candidato de agradar os jurados
norte-americanos. A produção foi escolhida entre 16 inscritos.
“Além dos critérios óbvios – técnicos e
artísticos – existia também um pensamento de tentar escolher um filme que
chegasse nos americanos e tivesse mais chance de agradar”, ressaltou Rodrigues,
que falou como porta-voz, na ausência do presidente da comissão, o cineasta
Bruno Barreto.
O crítico Marcos Petrucelli, que também
integrou a comissão, defendeu a escolha, apesar da forte repercussão
internacional de outro candidato – “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. “O “Aquarius”
ganha essa projeção nos Estados Unidos porque é um filme já visto, ele passou
no festival de Cannes”, disse ao lembrar que “Pequeno Segredo” ainda não foi
lançado comercialmente. A estreia do filme está prevista para o dia 10 de
novembro.
Com roteiro de Marcos Bernstein, o filme conta
a história da família Schurmann, que vive ao redor do mundo a bordo de um
veleiro, e tem suas vidas transformadas ao receber a menina órfã Kat. O
diretor, David Schurmann, é o filho do meio da família Schurmann e já dirigiu
filmes e séries para TV.
A presença de Petrucelli na comissão causou
protestos no meio artístico, que questionou a isenção do crítico para
participar da análise dos filmes. Ele havia feito duras críticas ao protesto do
diretor Kleber Mendonça e atores do filme “Aquarius”, durante o Festival de
Cinema de Cannes, na França, em maio.
Ao subir ao tapete vermelho, a equipe exibiu
cartazes com frases como: “Um golpe de Estado ocorreu no Brasil”, “Brasil vive
um golpe de Estado”, “O mundo não pode aceitar um governo ilegítimo" e
"54.501.118 de votos queimados!". Petrucelli, considerou a manifestação
da equipe de “Aquarius” uma “bela estratégia para aparecer para o mundo”.
O posicionamento do membro da comissão levou a
equipe de outro filme, “Boi Neon”, dirigido por Gabriel Mascaro, a retirar a
produção da lista de inscritos para receber a indicação brasileira. “É
lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual,
endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma
irresponsável e pouco profissional”, dizia o comunicado divulgado no último dia
24 de agosto nas redes sociais.
A equipe de “Boi Neon” também defendeu os
méritos da outra produção. “’Aquarius’ foi o único filme latino-americano na
competição oficial de Cannes, tendo sido aclamado pela crítica internacional.
Diante da gravidade da situação e contrários à criação de precedentes desta
ordem, registramos nosso desconforto em participar de um processo seletivo de
imparcialidade questionável”, acrescenta a nota publicada na ocasião.
Comissão - A atriz Ingra Liberato e o diretor
Guilherme Fiuza deixaram a comissão responsável pela escolha do representante
brasileiro no Oscar antes do início do processo de seleção. Ingra divulgou um
comunicado nas redes sociais em que também dizia que a comissão tinha “sua
legitimidade questionada por grande parte da classe artística”. Fiuza alegou
motivos pessoais para não participar da seleção.
Eles foram substituídos pelo cineasta Bruno
Barreto e pela atriz e realizadora Carla Camurati.
Nenhum comentário:
Postar um comentário