Pode-se dizer, sem dúvida, que criança e poesia
pertencem ao mesmo universo. A conexão é imediata. Ambas se caracterizam pela
imaginação, fantasia, sensibilidade e afetividade. A capacidade de construir e
desconstruir o mundo. Por isso, é que a poesia mexe tanto com o imaginário da
criança, porque as duas possuem a mesma natureza criativa. Na verdade, a poesia é o brincar que as
crianças tanto gostam, só que com as palavras. Fortalecer esta ponte feita das
delicadezas de dois mundos foi o que inspirou a montagem do espetáculo “Jardim”,
da Tecer Teatro - Arte, Educação e Cultura.
A peça é um solo poético voltado para crianças, mas que deseja alcançar
pessoas de todas as idades.
A estreia será no dia 28 de setembro para
público dirigido de escolas públicas. Serão 12 apresentações gratuitas para
alunos da rede pública e entidades assistenciais. As apresentações para público
espontâneo irão acontecer nos finais de semana do mês de outubro de 1º a 23,
aos sábados e domingos, às 16h, no Espaço Excêntrico (Mauro Zanatta), em
Curitiba.
“Jardim”
conduz o espectador a uma viagem pela existência, contemplando a vida, a
passagem do tempo, numa atmosfera de sonho. Aborda questões sobre o viver e o
morrer, a partir da natureza, tendo um jardim abstrato como espaço para
vivenciar tais processos: nascer, brotar, crescer, dar frutos, voltar a ser
semente.
“Nossa intenção com este trabalho é provocar os
sentidos, estimular o gosto pela palavra, promover conexões e convidar a
criança a um mergulho em infinitas possibilidades”, revela Fabiana Ferreira,
atriz, produtora e empreendedora do projeto.
O poeta Manoel de Barros é referência forte no
trabalho, a ideia da montagem surgiu no ano em que ele faleceu, 2014. Além de
ter uma empatia especial para tudo o que envolve a criança, o escritor sublinha
a estreita dimensão dos seres humanos diante da natureza. Além disso,
desautomatiza o olhar distraído frente ao universo. “Adulto é aquele que deixou
os olhos acostumados. Já a criança inventa mundos, tem a vista arregalada”,
cita o texto da peça escrito por Carolina Santana. “Ele dizia que todos nós
temos um bauzinho da infância, uma caixinha, uma espécie de cofrinho onde ficam
guardadas nossas primeiras impressões, os primeiros cheiros, os primeiros
ruídos do vento e das folhas caindo. Crianças gostam de cheiros, de música, de
ruídos, de brincar com as palavras, de fazer poesia”, aponta a diretora
Cristine Conde que também assina cenário e figurino.
Embora a palavra tenha sido a fonte de
inspiração do projeto, o corpo em Jardim tornou-se também veículo forte de
expressão. “A Fabiana, além de atriz, é bailarina, com uma enorme capacidade
corporal, potencialidades que foram base de criação do espetáculo. Criamos um
terrário, um jardim fantástico. Uma partitura de imagens, sons e movimentos com
grande impacto visual. Um espetáculo sensorial, artesanal, delicado, que quer
envolver a criança em um universo poético, para falar de coisas reais, conta a
diretora. Minha função foi costurar tudo isso”, conclui.
Este projeto é uma realização da Tecer Teatro e
foi incentivado pela Caixa por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
O Espaço Excêntrico está situado na rua Lamenha
Lins, 1429, Rebouças, e os ingressos para as apresentações de “Jardim” custam R$
10,00 e R$ 5,00 (meia). Mais informações: 3332-4361.
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