Conhecido por suas obras multicoloridas, que
flertam com a pop art, o artista plástico Paulo Meirelles faz neste segundo
semestre de 2016 um retorno às suas origens espirituais. Será aberta neste
sábado (17), no Museu de Arte Sacra (centro histórico) sua mostra “Rogai Por
Nós”, conjunto de cerca de 30 trabalhos nos quais ele recria santos protetores
populares na pintura em vidro, tela, tecido e madeira de demolição. Os
trabalhos podem ser visitados até o dia 20 de novembro.
Paulo elegeu santos que foram escolhidos para
nomear os lugares onde as pessoas vão, estão ou vivem e que por isso estão
intimamente ligados à ideia de proteção, de lar. O artista imprime tons fortes
aos seus santos-personagens, presenteando seu interlocutor com um roteiro
ilustrado pela iconografia católica de Curitiba.
Nossa Senhora de Guadalupe, São Bento, São
Lourenço, Santa Bárbara, Carmo, Mercês, Santa Terezinha, São Francisco, entre
outros, foram trabalhados em pequenos formatos com materiais recuperados e
pintados a óleo. Embora a técnica usada não seja a tradicional, a pesquisa do
artista preserva as características originais de cada santo.
Ao voltar-se para a arte sacra, Meirelles faz
uma prece pessoal, se reconectando à sua curiosa origem religiosa. Foi batizado
já grande, por volta dos 10 anos, por influência de sua madrinha, que era
legionária. Uma Bíblia ilustrada presenteada pela mãe abriu duas possibilidades
em sua vida: ser padre ou artista. Chegou a frequentar grupos de jovens, mas a
arte falou mais alto. A busca pela espiritualidade em outras religiões, no
entanto, pontuou sua trajetória. Recentemente, diante da observação da
incredulidade e da desesperança atuais, fez o caminho de volta ao catolicismo
por meio da arte. “Este trabalho é uma busca por minhas raízes, um repúdio ao
vazio, minha celebração da esperança. Voltei à minha fé, não por desespero,
sofrimento ou desilusão, voltei porque todas as ideias que li e vi, que
ostentam a negação da existência do espírito na mais pura luz da razão,
invariavelmente acabaram me provando exatamente o contrário”, conta.
A religiosidade e a arte popular presentes em “Rogai
Por Nós” têm pontos de contato com a mostra “Viva la Vida”, interpretação
original de Paulo Meirelles da artista mexicana Frida Khalo e sua obra, lançada
no ano passado, no Pátio Batel durante o LabModa. Além disso, revela o apreço
do artista em reproduzir a figura humana nos seus mais variados estados de
espírito – do profano ao santo.
Sobre Paulo Meirelles - Artista plástico,
designer de moda, professor de desenho, Paulo Meirelles nasceu em Marília, interior
de São Paulo. Mudou-se para Curitiba nos anos 1980. Sua formação inicial se
baseou no aprimoramento do desenho da figura humana. Cursou museologia no Cosem/PR.
Trabalhou como estilista por mais de dez anos, período em que também ministrou
cursos de estilismo no Senac de Curitiba e Apucarana. Nos anos 1990 foi
colunista e ilustrador de moda do suplemento semanal Viver Bem do jornal Gazeta
do Povo, atuando paralelamente em seu requisitado ateliê de costura. Como
artista plástico assinou dezenas de exposições individuais, coletivas, além da
participação em salões de arte. Foi premiado no Salão do Mar de Antonina pela
Secretaria de Estado da Cultura. Algumas de suas obras estão em acervos de
museus do Paraná e Santa Catarina. Atualmente, dedica-se à pintura e às aulas
de desenho em seu ateliê, no bairro Mercês, em Curitiba.
A exposição “Rogai Por Nós” fica aberta ao
público até o dia 20 de novembro, de terça a sexta, das 9 às 12h e das 13 às
18h; sábados, domingos e feriados, das 9 às 14h.
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