O Museu Paranaense (MP) abriu a exposição
individual da artista Iria Corrêa, precursora das artes visuais no Paraná. Com
curadoria de Amélia Siegel Corrêa e Giselle de Moraes, a mostra “Em Foco: Iria
Corrêa” é composta por obras do acervo e coleções particulares, objetos
pessoais e uma fotografia (daguerreótipo) pouco conhecida da artista. O evento
integra a programação do Mês das Mulheres da Secretaria de Estado da Cultura
(SEEC), que evidencia o protagonismo das mulheres em diferentes áreas
artístico-culturais.
Para a diretora do Museu Paranaense, Gabriela
Bettega, “é uma satisfação trazer à luz as obras da artista Iria Corrêa. A
mostra será formada por obras do acervo do museu, de coleções particulares e
outras instituições. Todo esse esforço tem como objetivo apresentar sob uma
nova abordagem uma artista ainda pouco conhecida e com uma produção fértil”,
comenta.
A ARTISTA - Nascida em uma família tradicional
de Paranaguá em 20 de outubro de 1839, Iria foi a segunda filha entre nove
irmãos. Aos 10 anos foi matriculada no Colégio Particular Feminino James, das
britânicas Jéssica e Willie James, onde se destacou nas aulas de música e
pintura. A artista produziu obras em crayon, pastel, aquarela e óleo. Entre os
temas retratados estavam imagens de santos, paisagens, naturezas-mortas e
retratos. Iria Corrêa foi contemporânea de figuras como Julia da Costa e
Fernando Amaro, e é considerada uma das mulheres mais instruídas de seu tempo.
Seu pioneirismo está, principalmente, na
carreira que desenvolveu como artista em uma época em que as mulheres eram
quase invisíveis enquanto profissionais. Ela recebia encomendas, dava aulas e,
por um determinado momento, sustentou sua família com seu trabalho – é
considerada a primeira mulher a se dedicar profissionalmente à pintura no
Paraná. Iria faleceu aos 48 anos, em 14 de março de 1887.
“A
mostra individual ‘Em foco: Iria Corrêa’ apresenta-se como uma primeira etapa
de pesquisa e posicionamento da obra da artista no contexto da arte paranaense
e brasileira. O significativo conjunto de obras e objetos de Iria Corrêa que
conseguimos reunir, alguns deles nunca expostos em Curitiba, é fundamental para
a análise de sua contribuição às artes visuais”, explicam as curadoras.
RECONHECIMENTO - Ainda que o trabalho de Iria
Corrêa não seja lembrado como o de outros nomes de referência das artes no
Paraná, o reconhecimento ao seu legado tem se intensificado no decorrer dos
anos. Em trecho do artigo “Uma Pintora Personagem”, assinado por Juliana de
Menezes e publicado no 62º Boletim do Instituto Histórico e Geográfico do
Paraná de 2010, a autora comenta: “Iria não faz parte de uma história da arte
paranaense que é, ou deveria ser, contada, salvo exceções. Lembrada, pesquisada
e estudada seriamente por pessoas esclarecidas, dentro ou fora das Artes
Plásticas do Paraná, que a reconhecem e valorizam os seus trabalhos de um modo
geral, sem preconceitos, bem como respeitando-se sua época, considerando tantas
adversidades para expandir todo o seu potencial artístico e sensibilidade para
o belo”.
De 23 de agosto a 17 de novembro de 2019, o
Museu de Arte de São Paulo (MASP) vai expor duas obras da artista paranaense na
exposição “Histórias das Mulheres”, dedicada ao trabalho de mulheres artistas
do século XVI ao XIX.
O Museu Paranaense está situado na Rua Kellers,
289, São Francisco, e a exposição “Em Foco: Iria Corrêa” fiará aberta à
visitação até dia 15 de julho, de terça a sexta-feira, das 9h às 17h30; sábado,
domingo e feriado, das 10h às 16h. Mais informações: 3304-3300 ou www.museuparanaense.pr.gov.br.
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