A
esquina das ruas Presidente Carlos Cavalcanti e Riachuelo, no Centro, já
respira novos ares. Quem caminha pelas calçadas ouve barulhos de furadeiras,
marretas derrubando paredes e corte de aço e ferro. Estes sons, porém, são
passageiros e serão substituídos por trilhas sonoras, aplausos e muita conversa
sobre cinema.
No
local onde funcionava o antigo quartel do Exército, prédio de 1930, a Prefeitura
constrói o Cine Passeio, um complexo cultural que será um polo de
desenvolvimento da arte cinematográfica e da produção audiovisual em Curitiba.
A obra faz parte do antigo projeto da Prefeitura de revitalização da área
central, desde o Paço da Liberdade até as ruas São Francisco e Riachuelo.
O
investimento na obra é de R$ 5,8 milhões, recursos próprios do município vindos
de transferência de potencial construtivo. O Decreto Municipal nº 1275/2012
definiu o prédio do antigo quartel, que hoje pertence ao município, como uma
Unidade de Interesse Especial de Preservação (Uiep). Isto permitiu a
arrecadação dos recursos para a construção do Cine Passeio.
O
complexo será administrado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC). As obras
são coordenadas e fiscalizadas pela secretaria de Obras Públicas e
Infraestrutura e estão com cerca de 30% de execução. O antigo prédio está sendo
todo revitalizado e transformado. Apenas as paredes externas e as estruturais
serão mantidas.
“Demolimos
as paredes secundárias e fizemos uma nova estrutura por dentro, é um prédio
novo dentro do antigo. Toda a parte externa será mantida com as características
arquitetônicas originais”, explicou Clarice Kravetz Sestrem, arquiteta
responsável pela execução da obra.
A
previsão é que as obras do Cine Passeio sejam concluídas no fim deste ano. No
total estão sendo construídos 2.640 metros quadrados. Somente na parte de
estrutura são usados 50 mil quilos de ferro.
Parte
da cobertura será de vidro para iluminar o vão livre no meio do prédio, que
segue desde o terraço, passa pelo primeiro andar, térreo e termina no subsolo.
A edificação também terá rampas de acessibilidade e um elevador com capacidade
para 12 pessoas.
O
prédio inteiro terá tratamento acústico e térmico especial. Todas as 18 janelas
do edifício serão restauradas e terão a mesma característica do prédio
original.
Cinema
de rua - O projeto do Cine Passeio foi desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa
e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) em conjunto com a Fundação Cultural.
A obra marca o retorno dos cinemas de rua na cidade.
Serão
duas salas, cada uma com 111 lugares, que levarão os nomes de Cine Ritz e Cine
Luz, homenagem aos dois tradicionais cinemas de rua do Centro, que funcionavam
na Rua XV de Novembro.
As
salas contarão com equipamentos modernos e o projeto acústico terá desempenho
muito próximo das recomendações da THX, empresa de áudio criada por George
Lucas, produtor e roteirista de sucessos como Star Wars e Indiana Jones.
O
prédio ainda abrigará uma biblioteca especializada em cinema, estúdios de
edição de imagem e som, uma sala de projeção especial, espaços para exibição de
filmes em 8mm e 16mm, área de convivência, local para encontro e exposições.
A
retaguarda administrativa e espaços bilheteria também serão contemplados no
espaço, que contará ainda com o terraço equipado para o lançamento de filmes e
adaptado para projeções externas.
Escola
de cinema - O Cine Passeio também funcionará como uma escola de cinema. No
subsolo do antigo quartel, onde antes eram as casernas, ficarão salas de aulas
para oficinas de cinema, cursos de edição de imagem e som, e produção
audiovisual.
“É
um projeto muito interessante para a cidade, vamos resgatar a história dos
cinemas de rua de Curitiba, o Cine Ritz e o Cine Luz. Além disso, queremos
fazer várias ações voltadas às artes aqui neste espaço”, explicou Doris
Teixeira, arquiteta da FCC e uma das autoras do projeto.
Revitalização
- A definição do antigo quartel para a sede do Cine Passeio foi para criar um
corredor com várias opções de equipamentos públicos na rua. Em uma área de três
quadras vão estar alinhados o Passeio Público, o Cine Passeio e o Centro
Cultural Solar do Barão.
“A
ideia é criar um movimento de rua para fazer com que a população tenha acesso à
cultura, movimentos culturais, cinema, arte, e movimente o Centro”, disse Mauro
Magnabosco, arquiteto do Ippuc e também autor do projeto do Cine Passeio.
“Quando você oferece um serviço que tem procura cria mais movimentação de pessoas e revitaliza o espaço urbano”, disse Magnabosco.
“Quando você oferece um serviço que tem procura cria mais movimentação de pessoas e revitaliza o espaço urbano”, disse Magnabosco.
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