Em comemoração aos 110 anos da imigração
japonesa no Brasil, nesta quarta-feira (18), às 19h, o Memorial da Cidade
recebe a exposição “Tomie Ohtake em Curitiba – Vultos, Fissuras e Clareiras”.
Ao todo, serão 29 obras entre pinturas, gravuras e esculturas. Os trabalhos
abrangem o período dos anos de 1970 a 2014 da artista que é considerada a “dama
das artes plásticas brasileiras”. As obras ficarão expostas no Salão Paranaguá,
no primeiro andar, até o dia 30 de setembro. A mostra tem entrada franca e
classificação livre.
O prefeito Rafael Greca destaca a ligação da
artista com Curitiba e recorda com apreço a relação que teve com a artista. “A
ligação sentimental de Tomie, mestra de arte e de vida, com a nossa cidade,
enraizou profunda amizade em nossos corações, de Margarita e meu. Ao
celebrarmos a Imigração Japonesa no Brasil, temos a alegria de receber este
tributo a Tomie Ohtake, mostra da atualidade de sua arte imortal, neste nosso
Memorial”.
Para a presidente da Fundação Cultural de
Curitiba, Ana Cristina de Castro, a mostra é um presente que a cidade recebe no
ano em que se celebra os 110 anos da imigração japonesa. “É um privilégio
receber a exposição de uma artista renomada como Tomie Ohtake. Sua obra teve
papel fundamental na projeção internacional da arte brasileira. Esta mostra
homenageia e também fortalece ainda mais os laços que a nossa cidade tem com a
cultura nipônica”, afirma a presidente.
O presidente do Instituto Tomie Ohtake e filho
da artista, Ricardo Ohtake, destaca o carinho que a mãe tinha pela cidade e
pelo prefeito. “Tenho certeza de que esta exposição deixaria a Tomie muito
feliz por sua história com a cidade. Agora, o Prefeito Rafael Greca inaugura
esta mostra no Memorial. Desde que era diretor do IPPUC e de sua primeira
gestão na Prefeitura, Greca foi muito querido por ela”.
Com curadoria de Paulo Miyada e Carolina de
Angelis, a exposição atravessa décadas de produção de uma das mais longevas e
complexas artistas abstratas brasileiras. Tomie foi uma criadora que, tendo
imigrado do Japão no princípio de sua vida adulta, perseguiu o ofício artístico
como um campo de descobertas sucessivas, em que a persistência de problemas
visuais nunca foram motivo para impedimentos criativos.
Relação com Curitiba - Na capital paranaense,
em 1999, Tomie Ohtake participou da mostra “Três Artistas Japoneses no Brasil”,
no Museu Metropolitano de Arte (MuMA), ao lado dos também importantes Manabu
Mabe e Wakabayashi. Em 1996, a artista deixou sua marca definitiva em Curitiba,
com uma escultura de 11 metros de altura, em concreto armado pintado, que foi
inaugurada pelo prefeito Rafael Greca, na sua primeira gestão. A obra, com
formato de coração, emoldura o portal do MuMa. Instalada junto ao bosque, a
peça revela um intenso diálogo entre a tradição e a contemporaneidade
nipo-brasileiras e destaca-se como uma das mais importantes obras do acervo da
instituição.
Trajetória de Tomie Ohtake - Nascida no dia 2
de novembro de 1913, em Kyoto, no Japão, Tomie Ohtake chegou ao Brasil em 1936
para visitar seus cinco irmãos. Impedida de voltar, devido ao início da Guerra
do Pacífico, acabou ficando no país. Casou-se, criou seus dois filhos, e com
quase 40 anos começou a pintar incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano.
A carreira da artista ganhou destaque a partir
dos seus 50 anos, quando realizou mostras individuais e conquistou prêmios na
maioria dos salões brasileiros. Tomie participou de 20 Bienais Internacionais
(seis de São Paulo, tendo recebido em uma delas, o Prêmio Itamaraty; Bienais de
Veneza, Tóquio, Havana, Cuenca, entre outras). Seu currículo soma mais de 120
exposições individuais (em São Paulo e mais vinte capitais brasileiras, Nova
York, Washington DC, Miami, Tóquio, Roma, Milão, etc) e quase quatro centenas
de coletivas, entre Brasil e exterior, além de 28 prêmios.
A obra da artista destaca-se tanto na pintura e
na gravura quanto na escultura. Marcam ainda sua produção as mais de 30 obras
públicas desenhadas na paisagem de várias cidades brasileiras como São Paulo,
Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Araxá e Ipatinga, feito raro para um
artista no Brasil. Entre 2009 e 2010, suas esculturas alcançaram também os
jardins do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio e a província de Okinawa, no
Japão. Em 2012, foi convidada a produzir obra pública no Jardim do edifício do
Mori Museum, em Tóquio.
Em 2013 Tomie chegou aos 100 anos, comemorados
com 17 exposições pelo Brasil, com destaque para as do Instituto que leva o seu
nome: “Gesto e Razão Geométrica”, com curadoria de Paulo Herkenhoff no mês em
que completou cem anos (novembro), “Tomie Ohtake Correspondências” e “Influxo
das Formas”, ambas com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, realizadas
respectivamente em fevereiro e agosto.
Dos 100 aos 101 anos concebeu cerca de 30
pinturas. Até a sua morte em fevereiro de 2015, aos 101 anos, seguiu
trabalhando.
A exposição “Tomie Ohtake em Curitiba – Vultos,
Fissuras e Clareiras” pode ser visitada das 9h às 12h e 13h às 18h (3ª a 6ª
feira) e das 9h às 15h (sábado, domingo e feriados). A entrada é franca.
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