O compositor Adoniran Barbosa, falecido há 36
anos, aos 72 de idade, é o homenageado da noite desta sexta-feira (27), no
Teatro do Paiol. O grupo Xaxá & Samba Saudade vai desfilar um repertório de
primeira linha criado pelo pai do samba paulista e eternizado pelos Demônios da
Garoa e por Elis Regina e sua imortal interpretação – com Adoniran – de “Tiro
ao Álvaro”. Os ingressos custam R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia).
“Tributo a Adoniran Barbosa” é uma versão
atualizada e refinada de um show apresentado pelo grupo em 2016, no Teatro Lala
Schneider. De novo à frente do Samba Saudade, o mesmo Xaxá, agora aos 63 anos
de idade, sempre com ânimo de principiante. Para quem não sabe, Xaxá, o cidadão
Nemésio Xavier de França Filho, é o coronel Xavier que comandou a PM do Paraná
de janeiro de 2006 a abril de 2008.
Sua ligação com a música vem desde os tempos do
Colégio Estadual do Paraná, nos anos 70, quando deu os primeiros passos na
Escolinha de Artes e no coral da escola, com os maestros Mário Garau, Luiz
Fernando Melara e Luiz Carlos de Castro. Mais tarde, cantou no coral da
Academia do Guatupê, com o maestro Garau, e participou de discos de amigos. Já
oficial, sempre que convidado – e estando de folga – emprestava sua voz em
aparições na noite curitibana.
O intérprete - Na reserva há dez anos, Xaxá
dedica boa parte do seu tempo à música, em particular o samba e, claro, a
Adoniran Barbosa – nome artístico de João Rubinato, filho de imigrantes
italianos nascido em Valinhos (SP), em 1910. Na São Paulo dos imigrantes e das
contradições da metrópole, o mestre construiu interessante carreira como ator
de rádio, TV e cinema, e impagável comediante, até assumir o nome de um
personagem que criou para eternizar-se como um dos maiores sambistas da MPB.
“Ninguém levaria a sério alguém chamado João Rubinato”, dizia o compositor e
cantor de voz rouca.
“Adoniran é referência como compositor por ter
criado obras-primas mesmo sem ter estudado música, sem mesmo tocar algum
instrumento”, diz Xaxá. “Ele compunha aqueles sambas maravilhosos na caixinha
de fósforos e os Demônios da Garoa e outros músicos tiravam a melodia e faziam
os arranjos”.
Outro aspecto ressaltado por Xaxá é a língua
portuguesa marginal, vanguardista e notavelmente poética inventada pelo
compositor. “Os sambistas em geral, por virem de classes pobres, faziam questão
de empregar um português correto, como se vê na obra de Cartola, mas Adoniran
seguiu o caminho inverso”, nota Xaxá. “Ele se apropriou, modificou e deu cores
ao português dos imigrantes e da gente simples de São Paulo e do Bixiga.
Construiu belas e tristes situações como em Saudosa Maloca, e criou personagens
ainda vivos na cultura popular, como Iracema e o Arnesto, tudo com aquele
português enviesado”.
Com o português de Adoniran na ponta da língua,
Xaxá e seu grupo vão apresentar um repertório de 15 canções, todas com arranjos
criados por eles. As mais conhecidas estão todas lá, do Tiro ao Álvaro ao Trem
das Onze, de Saudosa Maloca à Vila Esperança. “Adoniran é inspirador, genial,
fala à alma de todos nós”, ensina Xaxá. “Se nos emocionamos nos ensaios,
imagino com a plateia cantando junto”.
O Xaxá & Samba Saudade é formado por Xaxá
(voz principal), Rogério Morais (cavaquinho e voz), Nabio Rodrigues (violão
sete cordas e voz), Nego Celso (percussão e voz), Tino Guedes (pandeiro e voz)
e Arthur Cipriani (percussão e voz).
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