A edição de agosto do jornal Cândido, editado
mensalmente pela Biblioteca Pública do Paraná, tem como destaque um especial
sobre a nova geração de escritores argentinos. O país, que perdeu recentemente
um de seus autores mais brilhantes, Ricardo Piglia, morto em 2017, vê a
literatura local andar a passos largos, com muitos de seus ficcionistas sendo
traduzidos em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. É o caso de “Selva
Almada” e “Santanta Schweblin”, cujas obras o escritor Carlos Henrique
Schroeder destaca no ensaio que escreveu para a edição.
Atento à produção literária do país vizinho,
Schroeder passeia por diversos períodos e autores e, claro, joga luz na
trajetória e influência de Jorge Luis Borges, que de tão grande, acabou se
tornando uma barreira para novas gerações durante muitas décadas. Ainda assim,
os jovens autores têm surgido em grande quantidade, muitos deles, afinados com
os novos tempos, encontrando guarida em pequenas editoras. Pedro Mairal, Miguel
Vitagliano, Ricardo Zelarayán e Marcelo Birmajer são alguns dos nomes que
merecem ser conhecidos no Brasil, segundo Schroeder.
Ampliando a discussão sobre a nova literatura
argentina, Ronaldo Bressane entrevista Daniel Link, um dos mais provocativos
autores e acadêmicos argentinos, que fala sobre o cruzamento de gêneros nas
obras de Borges, Copi e Rodolfo Walsh. A tradutora Marina Sanchez, que vive em
Buenos Aires desde 2015, assina tradução de um trecho do romance “Eisejuaz”,
clássico de Sara Gallardo que será publicado em setembro no Brasil pela editora
Relicário.
Outro destaque da edição é a entrevista da
série Os Editores, com Ivan Pinheiro Machado, fundador da editora gaúcha
L&PM. Na conversa com o editor do Cândido, Luiz Rebinski, ele relembra os
primeiros passos da empresa até chegar ao atual catálogo, com mais de 3 mil
títulos. E fala também sobre como popularizou autores underground a partir de
Coleção Pocket, um dos maiores sucessos editoriais do país.
A obra “Sevilha Andando”, uma das mais incomuns
do legado de João Cabral de Melo Neto, é tema da reportagem assinada pelo
jornalista e escritor Marcio Renato do Santos, que entrevista críticos e
leitores para falar sobre as particularidades da obra mais lírica do antilírico
João Cabral.
O poeta Glauco Flores de Sá Brito é personagem
de um perfil assinado pelo jornalista José Carlos Fernandes. Radicado em
Curitiba, nos anos 1930, Glauco marcou a vida cultural da cidade ao transitar
por várias áreas, como teatro, TV e literatura.
Entre os inéditos, o Cândido publica conto de
Otávio Duarte, poemas de Otto Leopoldo Winck, Ewerton Martins Ribeiro, Ana
Elisa Ribeiro e Dylan Thomas, em tradução de Gilmar Leal Santos. A ilustração
da capa é assinada pelo artista Índio San.
O Cândido tem tiragem mensal de 7 mil
exemplares e é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do Paraná e em
diversos pontos de cultura de Curitiba. O jornal também circula em todas as
bibliotecas públicas e escolas de ensino médio do Estado. É enviado, pelo
correio, para assinantes a diversas partes do Brasil.
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